Este diário complementa o nosso site pessoal

( VER ETIQUETAS NO FIM DA PÁGINA )

USE O PESQUISADOR DO BLOGUE -

-

OS TRATAMENTOS SUGERIDOS NÃO DISPENSAM A INTERVENÇÃO DE TERAPEUTA OU MÉDICO ASSISTENTE.

ARTE

terça-feira, 4 de novembro de 2008

BUDISMO ZEN - INTRODUÇÃO ÀS HISTÓRIAS ZEN

O Budismo Zen – Zen é o nome que o Budismo adoptou no Japão quando para aí foi levado no século XII – não é uma religião nem uma filosofia. É uma mundividência alheia ao pensamento ocidental, um “caminho” de libertação, se é que a esta se pode aceder por um qualquer trajecto, uma apreensão da realidade tal qual ela é, no seu momento de eternidade: o agora.

Nas palavras de Ch´ing-yuan:
« Antes de ter estudado o Zen durante trinta anos, via as montanhas como montanhas, e as águas como as águas. Quando cheguei a um conhecimento mais íntimo, alcancei o ponto em que vi que as montanhas não são montanhas, e as águas não são águas. Mas agora que alcancei a sua essência real, estou tranquilo. Porque é justo que eu veja as montanhas como montanhas, mais uma vez as águas como águas.»

Lien Tzu, foi discípulo do Mestre Lao Chang, relatando sucintamente a sua aprendizagem:
« Depois de o ter servido pelo espaço de três anos, a minha mente não se atrevia a reflectir sobre o certo e o errado, os meus lábios não se atreviam a falar de lucros e de perdas. Então, pela primeira vez, o meu Mestre concedeu-me um olhar – e isso foi tudo.
Ao fim de cinco anos houvera uma mudança; a minha mente reflectia sobre o certo e o errado, e os meus lábios falavam de lucros e perdas. Então pela primeira vez, afrouxou a severidade do seu semblante e sorriu.
Ao fim de sete anos, houve outra mudança. Deixei que a minha mente pensasse o que lhe aprouvesse, e ela deixou de se preocupar com o certo e o errado. Deixei que os meus lábios pronunciassem o que lhes apetecesse, mas eles deixaram de falar em lucros e perdas. Então, finalmente, o meu Mestre conduziu-me a um lugar sobre a esteira, a seu lado.
Ao fim de nove anos, a minha mente soltou as rédeas às suas reflexões, a minha boca deu livre passagem ao seu discurso. De certo e errado, de lucros e perdas, não tinha eu conhecimento, tanto no que a mim se referia como no que dizia respeito aos outros... O interno e o externo tinham-se fundido na unidade. Daí em diante, não havia já distinção entre olho e ouvido, ouvido e nariz, nariz e boca: todos eram o mesmo. A minha mente estava gelada, o meu corpo dissolvido, carne e ossos fundidos numa só substância. Não tinha a menor consciência daquilo sobre que o meu corpo repousava, ou do que havia sobre os meus pés. Era transportado para um lado e outro, na asa do vento, como palha seca ou folhas caindo de uma árvore. Em verdade, não sabia se o vento me cavalgava ou se era eu que cavalgava o vento.»

Transmitir o conhecimento Zen por intermédio das suas histórias, será porventura actividade mais profícua do que dissertar teoricamente acerca dele, ainda que de modo judicioso.

Aprender Zen pela prática do Zen, reflectida nas histórias dos Mestres, nas vivências reais dos seus praticantes é sabedoria, contrária à estéril erudição.

JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org/

Sem comentários: