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ARTE

terça-feira, 4 de novembro de 2008

HAIKU - BREVE INTRODUÇÃO

Incluiremos neste blog uma pequena antologia de poesia haiku, ou haicai, expressão utilizada pelos poetas de expressão portuguesa.

O haiku tem a sua derivação numa forma poética que se desenvolveu no Japão a partir do século IX, designada tanka, com cinco versos de cinco e sete sílabas.

Após várias mutações – renga, hokku, haikai-renga –, uma estrofe de três versos – com cinco, sete e cinco sílabas – foi tornada independente como forma poética, tendo-lhe sido atribuído por Masaoka Shiki o nome de haiku.

No entanto, foi Bashô Matsuo, que viveu no século XVII, considerado o maior poeta desta arte. A simplicidade foi o apanágio da sua vida e obra, não obstante nascesse samurai. Os seus poemas debruçam-se sobre os mais variados estados de espírito, por si e na sua ligação com a natureza. Em Bashô, vive o instante poético, o imediato, que se concretiza em dois princípios estéticos: por um lado a imersão do poeta no universo, e por outro, um efeito que podemos denominar leveza, e que se prende com o modo de contemplação da realidade, susceptível inclusivamente de a transcender.

Para além de Bashô, destacam-se entre outros, Chigetzu, discípula deste, Seifu – séc. XVIII –, Buson – séc. XVIII –, Masaoka Shiki – séc. XIX –, Nagata – séc. XX –.

Shiki criticou Bashô na perspectiva da poesia daquele ser demasiadamente explicativa, expurgando-a da pureza que advém da captação do instante.

Na actualidade, Yoshiko, na sua subjectividade, dá-nos a conhecer quer a sua localização no espaço, quer as suas emoções e sentimentos, enquanto Teiko afirma que “cantar as flores e as aves e dizer as coisas com objectividade é o modo do haiku de feição tradicional”.

O haiku, para além de poesia, é uma mundividência, que capta em estilo conciso, numa pura observação, de modo instantâneo as sucessivas experiências, o instante, o agora, na sua relação indivisível interior/exterior. Poesia breve e simples, que exige uma atenção constante a tudo o que nos envolve e ao nosso interior – daí a sua componente mística –, muito em especial, um espanto constante no que toca à diversidade fenomenal da Natureza.
É a arte de dizer o máximo com o mínimo – por isso, nos é tão grata.

Bashô estampou no haiku o espírito do budismo zen, o que justifica amplamente a inclusão neste blog de alguns dos poemas e poetas mais representativos.

Julga-se que no Japão actual, são mais de dez milhões de almas as que se dedicam a escrever haiku. Este não é privilégio de nenhuma casta, nem de profissionais ou inspirados ocasionais. Na sua forma livre, se se quiser, adulterada, poderá constituir-se como uma forma de meditação quotidiana, de exercício espiritual, para quantos na vida por esta são consumidos, quando deveriam ser eles a consumi-la.

E se for vossa intenção escrever ao estilo haiku, sendo certo que qualquer coisa da vida seja ela qual for, pode ser dita neste estilo poético, ficam aqui as palavras de Kuroda Momoko: “Escreve muitos haiku e deita muitos fora. Neste processo, descobrirás o teu verdadeiro estado de espírito. Se quiseres começar a escrever haiku, terás de compor muitos.”

JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org/

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