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ARTE

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

JOÃO ESCOTO ERÍGENA





João Escoto surge-nos a meio do século IX, em época excepcionalmente obscura. Deve ter nascido por volta do ano 800 na Irlanda, donde provém o cognome de Erígena. Faleceu em 877. Neoplatónico, helenista, pelagiano e panteísta.

Razão e revelação são ambas fontes de verdade, mas deve preferir-se a primeira à segunda.

A sua investigação filosófica, estruturada numa vasta erudição, atenta a pobreza especulativa da época, tem como pressuposto o acordo entre a razão e a fé. Na sua perspectiva, o filósofo deve conformar-se com a razão que busca a verdade, sem que esteja oprimida por qualquer tradição vinculativa. Esta liberdade, que por associação de ideias nos faz remontar à filosofia grega, não implica necessariamente a negação ou afastamento da religião, já que esta, mais do que tradição e autoridade, é também investigação – daí a conexão entre filosofia e religião.

Tal como em Santo Agostinho, a fé o local de aterragem, o ponto de chegada, não o de partida.

Divide a natureza em quatro partes:
- a primeira cria e não é criada, cria e é incriada, é a primeira causa. É Deus, o alfa e o ómega, o princípio, o meio e o fim;
- a segunda é criada, mas também cria. Cria e é criado. São as ideias subsistentes em Deus. O próprio Verbo divino, o Logos através do qual tudo foi criado;
- a terceira é criada e não cria. É o mundo. O conjunto de todas as coisas distribuídas pela acção do Espírito Santo;
- a quarta não cria, nem é criada, ou seja, Deus, aqui entendido como fim último da criação. Deus é singularmente visto, não como criador, mas fim e destino de tudo, de todas as coisas. Tudo o que emana de Deus procura retornar-lhe, o fim igualando assim o começo.
É em Deus que as coisas sensíveis têm o seu princípio, mas também é nele que têm o seu fim.

Deus é incognoscível, supera todo o entendimento. A nossa verdadeira sabedoria advém da ignorância que dele temos. Nenhum nome lhe é adequado, porque todos têm contrários, e em Deus não há contrários.
Manifesta-se na criação – teofania. O mundo é Deus, mas Deus é muito mais do que o mundo, porquanto o criador está sempre para além do “objecto criado”. Está acima das coisas e em todas as coisas – panteísmo. É tudo em tudo, está no Cosmos por inteiro, nas suas várias partes, porque é o todo e a parte e não é nem o todo nem a parte.

Segundo as Sagradas Escrituras o mundo foi criado, e segundo a razão é eterno, por ter a sua subsistência no Verbo divino.

João, não é pessimista. O homem apesar de conter em si todas as criaturas, tem a compreensão do anjo e se não pecasse, seria perfeito tal como Deus o é.
Tal como Orígenes, considera que o castigo não é eterno e o próprio demónio pode ser salvo.

O homem é um conceito intelectual que foi eternamente criado na mente de Deus, tal como todos os outros entes e coisas restantes. Tem a liberdade de se ater aos preceitos divinos, pecando ou não, o que lhe trará o merecido prémio ou o eterno castigo.

A morte é a dissolução dos quatro elementos, seguindo-se a ressurreição, que é uma nova reunião destes elementos, onde cada um de nós voltará a ser corpo, e a posterior transformação deste em espírito. Por fim, a “natureza” humana acabará por se movimentar em Deus, do mesmo modo que o ar se move na luz.



Estudo temático. Para um maior desenvolvimento e conhecimento de outros filósofos sobre os temas versados, ver no site,
www.homeoesp.org » Livros online » Deus, Alma e Morte na História do Pensamento Ocidental.


JOSÉ MARIA ALVES

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