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ARTE

terça-feira, 11 de novembro de 2008

PLATÃO




Platão, jovem aristocrata de Atenas – foi familiar de Alcibíades e de Crítias – tinha como nome verdadeiro Arístocles. O cognome deverá ter-se ficado a dever à envergadura dos seus ombros ou então à sua largueza de vistas, à sua abertura de espírito – S. Tomás de Aquino, na sua época de estudante, também foi alcunhado de “boi mudo”, por via da sua estatura e do silêncio com que assistia às aulas.
Nasceu no ano 428 a.C. e faleceu em 347. Com apenas vinte anos fez-se discípulo de Sócrates, até ao ano da sua condenação à morte (399). Teve sempre pelo mestre um enorme respeito e considerável admiração.

Consta-se que antes de ter sido discípulo de Sócrates, seguiu as lições de Crátilo.

A injusta condenação do mestre, e a sua marcante personalidade, modelaram as especulações platónicas – no sentido da pesquisa de uma comunidade organizada onde vigorasse a justiça.
Logo após a morte de Sócrates, viajou pela bacia oriental do Mediterrâneo. De retorno a Atenas, depois de uma estadia em Siracusa, fundou no ano de 387, a Academia.

Obras:
Hípias Menor – Neste diálogo, Platão procura demonstrar que o mal apenas pode ser cometido por ignorância.
Alcibíades – Deste diálogo nasceram todos os grandes temas relacionados com a reflexão filosófica de Platão.
Íon – O tema do diálogo é a poesia e a sua criação, que é um privilégio concedido pelos deuses ao homem.
Eutifrôn – Trata de descobrir o que é a piedade. Piedoso é o que agrada aos deuses, ou é piedoso o que é do agrado dos deuses?
Lisis – Diálogo sobre a amizade.
Apología de Sócrates – Obra de referencia, respeita ao processo e à condenação de Sócrates.
Críton – Trata da justiça. Sócrates recusa-se a evadir-se. É neste diálogo que surge a célebre “Prosopopeia das Leis”.
Cármides – Diálogo sobre a verdadeira natureza da sabedoria.
Laques – Da coragem.
Protágoras – Um dos diálogos mais importantes do filósofo. Aborda as questões essenciais do seu pensamento.
Górgias – É fundamentalmente uma crítica da retórica.
Ménon – Diálogo sobre a virtude.
Menexeno – Este diálogo denuncia a arte dos oradores e dos sofistas.
O Banquete – Diálogo eloquente, que tem por motivo principal o amor.
Crátilo – Ou da justiça dos nomes.
Eutidemo – Caricatura os sofistas, tratando temas como a virtude, os meios de a ensinar e a natureza do saber.
Fédon – Narra os últimos instantes da vida de Sócrates e é um diálogo sobre a alma. Constitui com o Críton e com a Apologia, uma trilogia essencial ao conhecimento da personalidade do Sócrates histórico.
A República – Ou sobre a justiça. Uma utopia, que terá nascido da indignação consequente à condenação injusta do velho Mestre. Talvez a obra mais reconhecida do filósofo.
Fedro – Trata do amor e da retórica.
Teeteto – Tem como objecto o conhecimento.
Parménides – O mais difícil dos diálogos platónicos. A Teoria das Ideias e a relação do Uno e do Múltiplo, ocupam-no em parte.
O Sofista – Aqui, Platão elabora uma crítica exaustiva aos materialistas.
O Político
As Leis – Sobre a legislação.
Carta VII – Expõe as viagens que realizou à Sicília entre 390 e 388 a.C. Expõe algumas das suas teses.
Filebo – O Bem Soberano. Prazer ou Sabedoria?
Crítias – Nesta obra é exposto o mito da Atlântida.
Hípias Maior – Do belo ou da beleza. O que é a beleza?
Timeu – Aqui, Platão explora a sua física, a sua cosmologia – lembremo-nos do demiurgo.

A República é a mais antiga de todas as utopias. A sua trave mestra é a de que os governantes devem ser filósofos, e o seu objectivo o de nos fornecer um conceito de justiça.

A causa do mundo é o demiurgo, o deus artífice criador do universo, que tem como função a difusão do bem. É incorpóreo, tem inteligência pura, alma e vida.
Deus criou o mundo, que por tal motivo não pode ser eterno. Sendo bom, desejou que toda a criação fosse boa, tanto quanto possível.

O mundo, entidade viva dotada de alma e de inteligência, não foi criado do nada, mas a partir da matéria preexistente, ou seja, de todos os elementos. Só há um mundo e não muitos, como pensavam alguns dos filósofos pré-socráticos.

Platão sustentava a existência da Ideia suprema do Bem. Na filosofia platónica não será a Ideia de Bem a do próprio Deus? Na sua perspectiva, o Bem é o autor cósmico de todas as coisas belas e correctas, pai da luz e da verdade. Temos dúvidas, mas o filósofo parece elaborar uma aproximação entre a Ideia de Bem e a de Deus.

Platão não é monoteísta, é politeísta e tradicionalista. O demiurgo ocupa o lugar mais elevado dos deuses, cada um com seus atributos e funções. Para além do Deus criador existem muitos outros deuses.

O mundo só pode existir por força da acção da divindade. Se algo se move por efeito de uma outra coisa, não pode este ser o primeiro movimento. O primeiro movimento é o que se move a si mesmo. E o que se move a si mesmo é a alma, que também move tudo o que o mundo contém.
Deus, à alma deu inteligência, e ao corpo deu uma alma. Esta, foi criada antes do corpo.

A divindade preocupa-se com os homens – se não se preocupasse seria indolente e preguiçosa –, mas devemos afastar a superstição de que a podemos influenciar com ofertas: “esses põem a divindade a par dos cães que, amansados com presentes, deixam depredar os rebanhos, e abaixo dos homens comuns, que não atraiçoam a justiça aceitando presentes oferecidos com intenção delituosa”.

A morte é a separação da alma e do corpo – dualismo platónico. O corpo é visível, enquanto que a alma é invisível, assim, a alma é eterna.
A alma é imortal, tendo nascido inúmeras vezes. É invisível e não é destrutível, sendo a reminiscência uma prova da sua imortalidade.

Renascerão os vivos dos mortos, utilizando a expressão platónica?
“As almas dos mortos existem forçosamente algures, de onde regressam à vida.” – Platão, Fédon.

Se a alma se encontrar impura, contaminada pelos apetites do corpo, então, ficará prisioneira da natureza que corresponde à conduta que teve durante a vida, nomeadamente: os que se entregaram à gula e à violência, irão encarnar em corpos de asnos e de outras bestas similares, enquanto que os que optaram pela injustiça e pela rapina, encarnarão em corpos de lobos e milhafres. Apenas a alma pura do que se entregou à filosofia verdadeira, será recebido no seio da raça dos deuses.

“Sendo certo que aprender é recordar, a alma tem necessariamente de existir em qualquer outra parte antes de ser aprisionada no corpo.”- Platão, Fédon.

A psicologia em Platão é fundamentalmente espiritualista. A alma é eterna, tendo antes de estar unida ao corpo, contemplado em plenitude as Ideias. Como consequência da reminiscência reconhece essas Ideias quando encarna.
“Desde o momento em que a visão de uma coisa te levou a pensar noutra, seja ela semelhante, seja dissemelhante, é absolutamente necessário tratar-se de uma reminiscência.” – Platão, Fédon.

No Fédon, Sócrates examina se a alma depois de haver usado um grande número de corpos em múltiplas encarnações, não perecerá também ela ao deixar o último corpo, e se não é precisamente na destruição da alma que consiste a morte, já que o corpo está em constante decesso. Mas após longa pesquisa justifica a metempsicose.

Não obstante um verdadeiro filósofo não tenha medo da morte, e contrariamente ao comum dos homens até a possa desejar como libertação, não a dará a si mesmo, por ser contra a lei – aqui entendida como lei natural. Assim, o homem é prisioneiro sem direito de fuga.

No Eutifrôn, Platão pergunta-se quem é o santo: O que agrada aos deuses? Ou agrada aos deuses porque é santo? A santidade identifica-se com a virtude, que é a justiça no seu sentido mais amplo.




Estudo temático. Para um maior desenvolvimento e conhecimento de outros filósofos sobre os temas versados, ver no site,
www.homeoesp.org » Livros online » Deus, Alma e Morte na História do Pensamento Ocidental.


JOSÉ MARIA ALVES

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