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ARTE

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

S. TOMÁS DE AQUINO





Nasceu em Roccasecca em 1225. Ingressou na ordem dos dominicanos, tal como Alberto Magno, de quem foi aluno. Faleceu em 1274. É indubitavelmente o maior dos filósofos escolásticos.

S. Tomás foi desde sempre um filósofo que recebeu os maiores méritos e reconhecimentos da Igreja. Foi canonizado pelo papa João XXII no ano de 1323. Durante as sessões do Concílio de Trento, a sua fama de teólogo universal fez com que a Suma Teológica fosse colocada no altar, lado a lado com a Bíblia. S. Pio V proclamou-o em 1567 Doutor da Igreja, e as suas obras eram as aprovadas por praticamente todas as universidades teológicas – católicas. Em 1879, o papa Leão XIII, na encíclica Aeterni Patris, exaltou os méritos do teólogo, propondo-o como inspirador da teologia a ensinar em todas e quaisquer instituições do mundo católico, considerando-se o seu sistema como o único verdadeiro. Esta proposta foi recolhida pelo Código de Direito Canónico de 1918, e no Concílio Vaticano II, bem como no Código de 1983. Estranha atitude de consagração de uma obra, que o próprio autor desprezou – vide infra.



De S. Tomás mencionamos as seguintes obras:
O Ser e a Essência – Tem como objectivo definir o que é o “Ser” e o que é a “Essência”.
O “ser” cobre coisas ou mesmo palavras, que podem ou não ter realidade, enquanto que a “essência” aponta elementos reais, elementos que têm existência.
Em Deus, que é forma pura, identificam-se essência e existência.
Comentário Sobre As Sentenças De Pedro Lombardo – As Sentenças são uma obra de referência nas Universidades do século XIII. Os comentários de S. Tomás, são um dos muitos que foram produzidos, analisando os temas religiosos mais importantes, como a Criação, a Providência e a Trindade.
Suma Contra Os Gentios – O seu tema principal é a essência de Deus e o conhecimento que o homem dela tem.
S. Tomás, questiona-se quanto ao facto de um ser limitado, mortal, poder ter uma rigorosa concepção de um Ser imortal e perfeito.
A existência de Deus é demonstrada pela razão, enquanto que os dogmas – v.g. Trindade – não podendo sê-lo, são aceites por um acto de fé.
Comentários Sobre Aristóteles – Obra que procura explicitar com precisão a doutrina aristotélica.
Há quem afirme que a sua abordagem à doutrina de Aristóteles é a mais perfeita possível.
Suma Teológica – É talvez a obra mais importante do filósofo.
A primeira parte trata de Deus, da sua essência, das provas possíveis da sua existência. Trata ainda dos mistérios da Trindade e da Criação.
Na segunda, ocupa-se do movimento ascendente dos homens na busca de Deus.
A terceira parte, dedicada a Cristo, ficou inacabada. Cristo é o Salvador, aquele que nos transporta até Deus Pai.
A Unidade Do Intelecto – Refuta algumas interpretações do Tratado da Alma, de Aristóteles, afirmando a identidade do intelecto e da alma, que sobrevivem ao corpo.

Se Santo Agostinho cristianizou as ideias de Platão, S. Tomás fê-lo com as de Aristóteles.
São Tomás deu continuidade ao trabalho de Alberto Magno, e tal como este, considera que Aristóteles estendeu a sua especulação até aos limites da razão. Para além destes, principia o domínio da fé. A razão tem limitações que só a fé pode suprir, mas mesmo assim, esta é assistida por aquela, nomeadamente para demonstrar a existência de Deus.

A razão natural pode demonstrar a existência de Deus e a imortalidade da alma. Mas, está limitada quanto à demonstração da Trindade, da encarnação e do Juízo Final.
O acto de fé é um pensar com anuência sobre coisas que se não vêem, ou seja, que não são objecto dos sentidos ou da experiência.

Deus é a sua mesma essência, já que se assim não fosse, não seria um ente simples, mas composto – de essência e de existência. Assim, essência e existência são similares no Ser supremo.
A natureza de Deus dá-se-nos a conhecer através do que não é. Tudo compreende de modo instantâneo e nele há prazer, alegria e amor. Deus conhece-se a si próprio e a todas as coisas através da sua essência.


As provas da existência de Deus em S. Tomás:
- 1ª - Prova cosmológica – O movimento é uma realidade. Para que este movimento exista é necessário que algo tenha produzido a sua existência, e assim sucessivamente, até que se atinja um primeiro movimento. Se tudo o que se move é movido por outrem, não pudemos continuar até ao infinito na busca do primeiro movimento, não havendo assim um primeiro motor, que não é movido seja por quem for. O primeiro motor terá de ser Deus;
- 2ª - Prova causal – Cada coisa tem uma causa. Remontando de causa em causa, acabaremos por encontrar uma causa que seja a original. Em sede de causas eficientes não podemos continuar até ao infinito, já que desse modo inexistiria uma primeira causa. Não existindo uma primeira causa, não existirão causas intermédias e finais. A razão induz-nos a crer que existe uma causa primeira e que essa causa é Deus;
- 3ª - Prova das coisas possíveis e das necessárias – Neste mundo constatamos que as coisas são mudáveis e dependem de outras na sua existência. As coisas possíveis existem como consequência das coisas necessárias. As necessárias têm a causa dessa necessidade em si mesmas ou em qualquer outra. Estas últimas, remetendo para outra, e assim sucessivamente, poderiam levar-nos até ao infinito, o que também repugna à razão. Necessitamos de encontrar algo nessa cadeia, que seja necessário por si. Esse Ser necessário por si, é Deus;
- 4ª - Prova dos graus – Há um grau evidente de perfeição nas coisas. Ora, a absolutamente perfeita só poderá ser Deus, donde todas as outras derivam;
- 5ª - Prova do ordenamento das coisas – Constatamos a existência de uma ordem no Universo. Essa ordem deve depender de uma Inteligência Suprema. As coisas privadas de inteligência têm uma finalidade, uma ordem, pressupondo um Ser inteligente que as governa. Esse ser é Deus.

Para S. Tomás, os dogmas mais importantes do cristianismo – v.g. a criação, a Trindade, a encarnação, a ressurreição – são artigos de fé, indemonstráveis pela via filosófica.
Só Deus tem a capacidade de realizar milagres.

O homem é composto de substância corporal e de substância espiritual, sendo esta por via da sua subsistência, incorruptível.

A alma, forma pura, é imortal; unida ao corpo, tem a sua forma e está presente em todas as suas partes. Nela persiste a individualidade.
Não se transmite através da procriação, mas é criada para cada homem que nasce. Em S. Tomás surge-nos a mesma questão que perturbou Santo Agostinho – que S. Tomás deixou por resolver. Se quem peca é a alma e não sendo ela transmitida, mas criada, como poderei eu ter herdado o pecado original?

Quando da ressurreição, as almas retomarão a matéria do corpo.

O pecado é a deficiência da acção, a escolha deliberada do mal, a violação da lei divina. A infracção desta, acompanhada da ausência de fé, da esperança e da caridade – virtudes teologais – impedem a alma de atingir a beatitude eterna.
Ninguém ascenderá ao Paraíso se não for baptizado. Atente-se que os sacramentos são válidos, mesmo que ministrados por quem incorra ou tenha incorrido no maior dos pecados.

Tal como Bertrand Russel, não consigo acompanhar o argumento que afirma ser a oração útil, embora a Providência seja imutável.

No dia 6 de Dezembro de 1273 – festa de São Nicolau de Bari –, três meses antes da sua morte, enquanto celebrava missa no convento de Nápoles, S. Tomás experimentou uma espécie de êxtase, após o qual abandonou a escrita da sua obra mais conhecida, a Suma Teológica, obra que estava a terminar. A partir daí, não escreveu mais uma única linha. Questionado pelos monges de tão estranha atitude, respondeu: “Já não posso mais, porque tudo o que escrevi me parece palha”.

Segundo Russel, S. Tomás antes de começar a filosofar já sabe a verdade, porquanto declarada nos dogmas de fé. Não concorda que possa ou deva ser considerado um dos mais excelentes filósofos como tem sido defendido por um grande número de investigadores.



Estudo temático. Para um maior desenvolvimento e conhecimento de outros filósofos sobre os temas versados, ver no site,
www.homeoesp.org » Livros online » Deus, Alma e Morte na História do Pensamento Ocidental.


JOSÉ MARIA ALVES

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