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ARTE

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

AO JOÃO PESTINHA

Noite especial, não por ser de Natal, mas porque recuperei após cinco anos, ainda que em circunstâncias quase trágicas, a companhia daquele que foi e será sempre um dos meus maiores amigos, um amigo de "quatro patas", com quem percorri durante oito anos os mais belos e recônditos recantos da Serra da Estrela.

AO JOÃO PESTINHA

Um dia de Primavera
No crepúsculo vespertino
De um poente onde nascem as primeiras estrelas
E as giestas ainda florescem de amarelo
Enquanto o luar desponta no horizonte
Quando cansado
Olhos tristes para mais não ver
Sem nada para conhecer
Recostarei a cabeça no teu dorso
Para que a morte me leve na doçura da aragem.

De madrugada sem pensamentos
Partiremos de Assedasse
Eu de cana na mão
Tu com o nariz ao vento
Pelagem fulva a deslumbrar o sol
Galgando as curvas do rio
As águas verdes e azuis
As escarpas graníticas
As margens sedosas.

Fingirei pescar
Tu caçar
Como fizemos sempre.
Afugentarei as trutas
Assustarás coelhos e lebres
Na Serra que fala às estrelas
E que será sempre nossa
Do mesmo modo que nós dela.

No Pai Diz
Deitar-nos-emos no areão branco
Olhando com ternura as estrelas
Em irmandade aconchegados
Tão juntos que ninguém perceberá que dois somos
Aguardando a aurora
Para nos transportar nos seus raios
À Erva da Fome
Livres como só nós sabemos ser
Tu fingindo caçar
Eu pescar
Como sempre
Numa existência eterna circular
Nossa e desse lugar.

DEZEMBRO DE 1998

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