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ARTE

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

TEIXEIRA DE PASCOAES - CANTOS INDECISOS XXXVIII





Se num sonho voltasse
Às terras do Passado;
E o meu vulto infantil
Acaso me empecesse,
Ao ver-me um outro ar,
Ao ver-me tão mudado,
É natural, ó dor, que não me conhecesse...

Se eu conseguisse ver
O que já fui um dia...
Se a cinza do que fui,
Tivesse outra vez vida,
Numa saudosa voz
De dor me faria,
Mas numa língua, para mim, desconhecida.

E toda a ave chora
O ninho que, uma vez, abandonou...
Por quê? se às leis eternas obedece...
Porque é triste uma fonte que secou?
E o sol quando anoitece?

Se têm o mesmo rumo
As almas caminhando,
E seguem, nesta vida, a mesma estrada,
Por que é que para trás
Os olhos vão voltando,
Já próximas da terra desejada?

Tudo o que é natural
Não é um sofrimento.
A noite não é negra
E nem a morte é triste.
A noite é puro engano,
A morte não existe
E a dor é uma ilusão do nosso sentimento.


JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org

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