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ARTE

domingo, 13 de maio de 2012

A VERDADE DE NÃO HAVER VERDADE NENHUMA



Sentara-se lúcido na esplanada
Com vistas para o muro de calcário
Com um copo de vidro velho
A balançar nas mãos trémulas

Um copo de rum vale mais do que todo o desassossego do mundo

Por ali passavam passos
Uns à frente outros atrás
Das difusas tristezas
A consumir consciências

Chamava-se Pedro
Pedro Só
Sem mulher filhos parentes
Confessava-se amiúde a seus companheiros
Os copos
Ora vazios ora cheios de melancolia ou alegria

De nada lhe valera o Templo
As longas horas de meditação e imploração
Na ausência do corpo

Não sabia se Deus existe ou não
E hoje nesta tarde efémera mas presente como um raio de sol
Pouco lhe importava saber se iria ou não saber o que nunca saberia

Era ele e o rum e o muro intransponível
E a verdade de não haver verdade nenhuma


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