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ARTE

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

FORAM-SE OS PASTORES



há dias que o céu não tem luzes        a aldeia dorme tranquila        os olhos fechados como casebres doridos pela serrania isolados
os pastores foram-se      esses loucos tão simples      homens de deus e criados de senhores      coitados
conheci tantos com as suas flautas celestes e terços baratos encomendados aos peregrinos        as cabras tão doidinhas e as ovelhas deitadas à sombra das oliveiras
sonos de palha em casebres esburacados        por soldo um prato de caldo e outro tanto de soro
os cães esfaimados
no inverno sempre molhados
ao domingo confessavam em silêncio os seus pecados      a alguns vi-lhes a escorrer pelo rosto grossas lágrimas enquanto comungavam o corpo do senhor        de tão solitários sabiam que deus via tudo o que faziam e sabia todos os seus pensamentos 
e que a solidão gratifica os pobres
quando os sinos em uníssono dobram a finados




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