Ainda que eu fale
A língua de homens
Anjos e arcanjos
Serafins ou querubins
Se Amor não tiver
Serei como o bronze
Que soa
Ou o címbalo
Que ecoa
Ainda que tenha
O dom de profecia
Domine o saltério
E conheça tudo
O que é mistério
Enigmas
Ciências
Filosofias
Teologias
Se Amor não tiver
Nada serei
Ainda que a minha santa Fé
Mova todas as montanhas da Terra
Se mostre às criaturas penitente
Encante feras
E seja assombro de animais e gente
Se não tiver Amor
Nada sou
Ainda que entregue
Todos os meus bens
Aos pobres e desvalidos
E meu pobre corpo
Confie à fogueira
Em arroubo desmedido
Se não tiver Amor
De nada me valerá
O Amor é paciência
O Amor é prestante
Maravilhoso e excelente
Não é invejoso
Nem arrogante
Nem orgulhoso
Nada faz de abusivo
Gratuito e excelso
Admirável e portentoso
Não busca conveniência
Não se agasta
Não se ofende
Nem se ressente
E desobriga penitência
É inocente
Não nasce nem morre
Eterno e omnipresente
Não sabe quem ama
Porque ama
Nem o que é Amar
Não exulta perante a injustiça
Odeia a iniquidade
Mas
Rejubila com a Verdade
Tudo desculpa
Tudo entende
Tudo aguarda
Tudo suporta
O Amor não passará jamais
As profecias terão o seu fim
A ciência será inútil
As filosofias palha ardente
O Amor não findará jamais
Como o nosso conhecimento
Imperfeito e degradado
Do que é perfeito ausente
Um dia
O que é Perfeito
Virá
Aí
O imperfeito
Desaparecerá
Oh Amor que tardas
E que minha alma
De amor matas
Quando criança
Falava como criança
Pensava como criança
Homem
Abandonei as coisas da criança
A dança das ilusões
Vejo como num espelho
A imagem imperfeita
Aguardando o tempo
Em que face a face verei
O Amor que deleita
Ainda conheço
De forma imperfeita
Em alma impura
Mas em breve
Conhecerei na Altura
Como conhecido
Pelo Amor sou
E se três coisas permanecem
A Fé a Esperança e o Amor
Louvor a Ti Senhor
Que a maior de todas é o Amor
Oh Amor que tardas
E que minha alma
De amor matas
Louvor a Ti Senhor
Versão JMA
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Recordo-me e recordam-me neste Véu do Tempo que apenas em petiz Te adorei com preces azuis ajoelhado aos pés hirtos das colunas de pedra E como Te adorava E como sentia a alma plena a palpitar de Vida a animar o Templo das Delícias e das Esperanças
Hoje soletro os meus vícios caudalosos e os mais obscenos apetites Sou o que sou e pelo que sou Sou sem mais ser Nem um pouco mais nem um mais a menos Vivo a viver Assim devo ter nascido assim espero morrer
Por vezes humano tão humano que me arrepia outras animal sem tino em caldeira fria sem destino sem razão sem outra vontade que não a de incendiar corpos
E se Te voltar a adorar retomará o cálice diamantino a sua inocência primordial?
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Uma canção pela tua trança
No Salão Doirado um alaúde em que as almas nobres se perdem
Uma flauta adormece no leito cristalino
A tua trança ao lado
Nos olhos esculpidos a lágrimas
Do Santo que impávido
Te implora no seu canto
Um efémero momento
Em breve movimento
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Cavalo Branco
O Pântano das Noites Floridas
Agita-se nas patas aladas
Que se debatem desesperadas
Um grito e o seu eco
Na salvação do rosto encoberto
Pureza do ocaso
Rectidão suicida dos animais conhecidos
Neste mundo desabitado de corações
Unhas ferozes do medo
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São horas
O saltério anuncia as armadilhas que se estendem pela estepe
Não esperes por mim
Regressemos ao coração do universo
Para que nos seja formalmente apresentado
O Mistério da Criação
Retorno sem princípio
Chegada sem fim
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Curva-se o Céu no dia ensombrado
Um beijo prolongado na Terra Virgem
Alto e baixo apaziguam-se
Tão serenos
Tranquilos
Ah a margem das águas onde arrancámos
Dentes cerrados os juncos
Aí amámos os desafortunados
Amámo-nos a nós
Na fortificação imaculada
De muros graníticos
Na terra queimada soltam-se lamentos
Nascidos das lágrimas da memória
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A Primavera aproxima-se como espelho a despontar no limite do universo
O dia está prestes a findar
Flores longínquas enviam-me o teu perfume
Longo é o caminho
Curtos os passos
Do que não sabe declarar a sua Paixão
As montanhas brancas do luar estão cada vez mais distantes
A uma hora da Casa do Mar
Penso voltar ao Jardim do Repouso
Novamente esta maldita estação sempre presente nos meus dias
Cansaço de viajante sem hora marcada
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Na noite aguardo a tua voz
Qualquer mensagem do vento tranquilizará o corpo dobrado sobre si mesmo
Gravuras terra de sombra natural nas paredes
Curvadas aos temporais românticos
Uma única palavra eternizará o amor de outrora
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