quinta-feira, 22 de outubro de 2009

FERNANDO PESSOA - CHUVA OBLÍQUA IV



Que pandeiretas o silêncio deste quarto!...
As paredes estão na Andaluzia...
Há danças sensuais no brilho fixo da luz...

De repente todo o espaço pára...,
Pára, escorrega, desembrulha-se...,
E num canto do tecto, muito mais longe do que ele está,
Abrem mãos brancas janelas secretas
E há ramos de violetas caindo
De haver uma noite de primavera lá fora
Sobre o eu estar de olhos fechados...

3/1914


JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org

Sem comentários:

Enviar um comentário