segunda-feira, 23 de novembro de 2009

FREI AGOSTINHO DA CRUZ (1540-1619) - AO TRISTE ESTADO



Passa por este vale a Primavera,
As aves cantam, plantas enverdecem,
As flores pelos campos aparecem,
O mais alto do louro abraça a hera;

Abranda o mar; menor tributo espera
Dos rios, que mais brandamente descem;
Os dias mais fermosos amanhecem;
Não para mim, que sou quem dantes era.

Espanta-me o porvir, temo o passado;
A mágoa choro de um, de outro a lembrança,
Sem ter já que esperar, nem que perder.

Mal se pode mudar tão triste estado;
Pois para bem não pode haver mudança,
E para maior mal não pode ser.

2 comentários:

  1. Gosto do teu sítio.
    A poesia é uma libertação. Uma exigência nesta loucura da vida.
    Rosário B.

    ResponderEliminar
  2. Nove Vezes Fora Nada



    Tudo tem um q de Nove
    O menino que vai ao Parque com a mãe
    E joga à bola com o pai…
    Que interessa o Parque ou a bola?
    Que importa ao menino
    Que a bola salte
    Se a mãe que foi ao Parque
    Não joga à bola, também!
    Será que o menino sabe
    Que aquela bola que rola
    Só é bola porque alguém
    Decidiu chamar-lhe assim?
    Tudo tem um q de Nove,
    Deixa a bola, está furada!
    E vais ver que a vida rola
    Umas vezes muito cheia,
    Outras quase sem nada.
    E sempre há um q de Nove
    Nove meses para nascer
    Nove vezes
    Fora nada.
    6.11.08
    MRB

    ResponderEliminar