quarta-feira, 2 de junho de 2010

GUILHERME DE FARIA (1907-1929) - NOITE ALTA



No silêncio fundo
Desta hora triste
Em que nada existe
Para mim, no mundo,

Vai, doce lembrança
Dum saudoso amor
E morre de dor
E desesperança.

Nenhum bem te quero
Sombra de amargura,
E é a minha ventura
Este desespero.

Quero só viver
Longe da ansiedade
Desta saudade
E tudo esquecer.

E se nada espero,
Não oiças meus ais;
Nenhum bem te quero,
Ah, não voltes mais!

Vai, sombra perdida,
Pois que a minha sorte
Foi sonhar a vida
E acordar na morte.



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