Ali o balão
Insuflado de tristeza,
Subindo no ar.
Takajo
Primeira neve.
Este velho penico
É o meu maior tesouro.
Issa
Começo de Inverno –
Árvores, vivas e mortas,
Já não se distinguem.
Takajo
Cigarras da tarde –
Rostos que passam e cruzam
Sem dizer palavra.
Hideno
Levando o cãozinho
O menino da vila
Pelo campo seco.
Shiki
Reclusão de Inverno –
As montanhas de Yoshino
No fundo do coração.
Buson
Eu e meu aquecedor –
Lá fora o Senhor do Feudo
Passando ensopado.
Issa
Aperto de mão
E nada de arroz – eu choro
Com cara de macaco.
Hideno
As folhas caindo
Na roça em frente ao portão
Divertem o gato.
Issa
Tão miseráveis,
As glicínias sem folhas
Do velho templo.
Buson
Noite de Natal –
Desde quando, esta tristeza
Por estar casada?
Nobuko
As cebolinhas
Lavadas e tão brancas –
Que frio!
Bashô
Dia de Primavera –
Um vento que vem do mar
Sem que o mar se veja.
Nobuko
Ao mirar o espelho,
Na primeira manhã de Outono,
O rosto do pai.
Kijô
Lua cheia.
Me dá, me dá!
Chora a criança.
Issa
Em solidão,
Como minha comida –
Vento de Outono.
Issa
Algo faz barulho –
Cai sozinho, sem ajuda,
O espantalho.
Bonchô
Minha casa de sapê –
Será tempo de colheita
No mundo lá fora?
Bashô
Com a mãe doente
As crianças já não lutam –
Seu jantar é frio.
Yoshiko
Ah, esta casa –
Pica-paus vêm bicar
Sua madeira.
Bashô
Sobre o curso d´água,
Perseguindo a sua sombra,
Desliza a libélula.
Chiyo-jo
Como quem remenda
Peúgas, remendo a mente
E prossigo a vida.
Yoshiko
Libélulas!
Dá saudades da terra natal
A cor deste muro.
Buson
Como quem flutua
Num ventre, banho-me em paz –
Manhã de ano novo.
Yoshiko
As campânulas
Espalham-se pelo terreno –
Casa abandonada.
Shiki
Apenas homens,
E uma mulher entre eles.
Que calor!
Shiki
Chuva nas ruínas –
Apóstolo decapitado,
As mãos ainda em prece.
Kiyoko
Apenas
Os bastões dos peregrinos –
Campo de Verão.
Ishû
Que coisa linda,
Agitando o leque branco,
É o meu amor.
Buson
Veja-se neste blog » HAIKU - INTRODUÇÃO
JOSÉ MARIA ALVES
Sem comentários:
Enviar um comentário