Michel de Montaigne (1533-1592), nos seus Ensaios, narra uma história curiosa, “instrutiva” e actual, ocorrida no reinado de Carlos IX.
Três canibais foram levados a Ruão onde o rei falou longamente com eles. Foi-lhes explicada a vida na Europa, a pompa da corte, os recursos faustosos das cidades, os conhecimentos adquiridos ao longo de séculos.
Depois, alguém quis saber o que mais os tinha impressionado ou fizera admirar na cultura europeia, ao que responderam três coisas, relembrando-se o nosso filósofo de apenas duas.
Disseram em primeiro lugar que estranhavam o facto de homens tão grandes, fortes e fortemente armados, que guardavam o rei, se sujeitassem a obedecer cegamente a uma criança sem que escolhessem um deles para os comandar.
Por outro lado, tinham observado que existiam homens muito ricos, cercados de todas as mordomias e comodidades, enquanto a maior parte, mendigava às suas portas, andrajosos, mirrados de fome e na maior das misérias. Muito estranhavam que estes pobres desvalidos pudessem sofrer de tal injustiça, sem que os matassem e incendiassem as suas casas.
Justiça de “canibal” ou justiça “natural”?
Cobardia ou mansidão das “civilizações”?
Parece-nos que a REVOLUÇÃO DOS CANIBAIS começou a dar os seus primeiros passos. O tempo dir-nos-á, se vai ou não aprender a andar.
JOSÉ MARIA ALVES
www.homeoesp.org
Três canibais foram levados a Ruão onde o rei falou longamente com eles. Foi-lhes explicada a vida na Europa, a pompa da corte, os recursos faustosos das cidades, os conhecimentos adquiridos ao longo de séculos.
Depois, alguém quis saber o que mais os tinha impressionado ou fizera admirar na cultura europeia, ao que responderam três coisas, relembrando-se o nosso filósofo de apenas duas.
Disseram em primeiro lugar que estranhavam o facto de homens tão grandes, fortes e fortemente armados, que guardavam o rei, se sujeitassem a obedecer cegamente a uma criança sem que escolhessem um deles para os comandar.
Por outro lado, tinham observado que existiam homens muito ricos, cercados de todas as mordomias e comodidades, enquanto a maior parte, mendigava às suas portas, andrajosos, mirrados de fome e na maior das misérias. Muito estranhavam que estes pobres desvalidos pudessem sofrer de tal injustiça, sem que os matassem e incendiassem as suas casas.
Justiça de “canibal” ou justiça “natural”?
Cobardia ou mansidão das “civilizações”?
Parece-nos que a REVOLUÇÃO DOS CANIBAIS começou a dar os seus primeiros passos. O tempo dir-nos-á, se vai ou não aprender a andar.
JOSÉ MARIA ALVES
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