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ARTE

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

HAIKU - ANTOLOGIA IV


Vento nas montanhas –
Vê como as flores ao cair
Se juntam na água.

Sutejo


Nem se lembra
Do arroz grudado ao bigode –
Gato enamorado.

Taigi


Para esta viagem
A melhor companhia
É uma borboleta!

Shiki


Neve de Primavera,
Que revigora a verdura
E logo parte.

Chigetzu


A cada manhã,
No céu sobre o meu telhado,
A mesma cotovia?

Jôsô


A Lua crescente
Está arqueada –
Que frio cortante!

Issa


A chorar como se fosse
O dono da solidão –
Um pombo no Outono.

Chigetzu


Entra pela cortina
E à linda mulher se afeiçoa –
Uma andorinha.

Ransetsu


Hora do almoço.
Pela porta, com os raios de sol,
As sombras do Outono.

Chora


Quando envelheceres
Até os ratos te evitam –
Mas que frio que está!

Sonome


Crisântemo branco –
Como é estranho contemplá-lo
A florir ao sol!

Chiyojo


Borboleta!
O que sonhas, assim,
Mexendo tuas asas?

Chiyo-jo


Já é Primavera –
Uma colina sem nome
Sob a névoa da manhã.

Bashô


Bonecas sempre iguais –
Eu não tive outro remédio
Senão envelhecer.

Seifu


Ao perder as flores
Com o templo se confunde
A cerejeira.

Buson


Vento de Primavera –
Do outro lado do aterro,
O mugido da vaca.

Raizan


A pereira em flor –
No antigo campo de guerra,
A casa em ruínas.

Shiki


A Lua fria –
Sobre o templo sem portão,
O céu tão alto.

Buson


Em dias de solidão
Nem sequer um cuco chama
Por esta viajante.

Kikusha


No meio da noite,
A voz das pessoas que passam –
Que frio!

Yaha


Ao longo da noite,
Uma mulher a dormir
Qual bicho-da-seda.

Shizunojo


Búzios sobre a mesa
Guardando em si melodias
Do profundo do mar.

Shizunojo


Desolação de Inverno –
Ao passar pela pequena aldeia,
Um cão late.

Shiki


De gengivas irritadas,
Meu bebé morde o mamilo –
Neblina no céu.

Hisajo


Poeta de haiku,
Um Verão a cuidar da mãe –
Sou uma ruína.

Hisajo


Tormenta hibernal –
O rosto do passante,
Inchado e dolorido.

Bashô


O tufão passou –
Um homem perto da morte
A dormir tranquilo.

Takako


Sem guarda-chuva
E sob a chuva de inverno –
Bem, bem!

Bashô


Num dia de neve,
Meu corpo no banho – amo tudo,
Da cabeça aos pés.

Takako
Veja-se neste blog » HAIKU - INTRODUÇÃO
JOSÉ MARIA ALVES

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