Nas montanhas da China vivia um eremita que se dizia possuir uma imensa sabedoria, fama que se estendia por uma vasta região.
O Imperador, tendo conhecimento de tal facto, enviou emissários para que lhe oferecessem o cargo de primeiro-ministro no palácio imperial.
Chegados ao lugar onde se encontrava, após múltiplas peripécias e informações contraditórias dos habitantes do lugar, encontraram-no a meditar, sentado numa pedra nas margens de um rio, e espantaram-se por ser aquele o homem de aspecto simples e miserável a quem o Imperador intentava nomear para tão alto cargo.
Ofereceram-lhe o lugar que o Imperador lhe destinava, dissertando longamente sobre a importância e honorabilidade do mesmo. O eremita ouviu pacientemente tudo o que lhe diziam.
Fez-se silêncio durante alguns minutos, após o que o eremita disse:
“Estais a ver aquela tartaruga que se desloca vagarosamente na lama da outra margem?”
“Vemos, bom Senhor.” – responderam os emissários.
Volveu o eremita: “Conta-se que no palácio Imperial existe num pequeno templo, uma tartaruga embalsamada, com a carapaça coberta de valorosíssimas jóias. É verdade?”
“É verdade Senhor:” – responderam os emissários.
“Digam-me. Achais que aquela tartaruga trocaria de lugar com a divinizada tartaruga da corte?”
“Julgamos impossível.”
“Digam então ao nosso Imperador, que me manterei fiel ao meu destino, e ao tipo de vida que escolhi. Antes vivo nestas maravilhosas montanhas, sulcadas por rios de águas límpidas e percorridas por seres livres e viventes, do que morto e embalsamado no luxo do vosso palácio” – respondeu convicto o eremita.
JOSÉ MARIA ALVES
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