Não é a mim
que condenais.
Nada podeis
roubar-me.
A verdade sofreu
e eu sofri
no grão dos ossos.
A vida não me veio
para mim.
E servirei de vau
a seu moinho.
Não cedo
o que aprendi
com os elementos.
Prefiro o fogo
à vossa complacência.
E o fogo não remói
o que está vendo.
Abre flancos
no avental
das cinzas esbraseadas.
O fogo
de flamejante língua
e sem coleira:
morde.
E testemunha
sem favor dos anjos.
Não é a mim
que condenais.
A Inquisição
vos fragmentou
e ao vosso juízo.
A ciência toda
é aparência de outra
que nada em nós
como se fora água
do coração.
Eu me fiei
ao universo
e sou janela de harmonia
indelével.
Não vos julgo.
O que se move
é a história
no caule da fogueira.
Sou de uma raça
que procede do fogo.
Não podereis calar-me.
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