Shankara pertencia à casta dos brâmanes. Estes, sendo na Índia uma casta superior, recusavam-se e não toleravam qualquer contacto com pessoas de castas inferiores.
Certo dia, Shankara, passeava-se nas ruas da sua cidade, quando um trabalhador pária – a mais baixa das castas, desprezada por todas as outras – tropeçou, empurrando-o involuntariamente.
Shankara, num tom de extrema indignação, disse:
“Tem cuidado homem. Não vês que sou um brâmane? Como ousaste tocar-me?”
O pária, recompondo-se da queda, respondeu:
“Senhor, estás a ser impulsivo. Nem eu vos toquei, nem vós me tocastes. Achais que o vosso verdadeiro ser é esse corpo, um mero pote de argila? Não sabeis vós, que o Eu real não é nem a mente, nem os sentimentos e emoções? Muito menos o sendo o corpo?”
Shankara, o brâmane, baixou os olhos e prosseguiu meditando nas palavras do pária. Da sua boca haviam jorrado palavras de sabedoria que o tocaram profundamente.
Foi provavelmente este o acontecimento, que fez de Shankara o filósofo místico que tanto apreciamos e reverenciamos.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
Sem comentários:
Enviar um comentário