A chuva rolava dos céus
Farta e copiosa
Quando o santo Aga
Corria para se abrigar.
Nasrudin, vendo-o, vociferou:
“Como ousas fugir desse modo
Da graça de Deus,
Do líquido divino dos céus?
Tão devoto e cumpridor da lei
E não entendes que chuva
É benção sagrada
Para a criação?!”
Aga, não querendo perder
A reputação de santidade
Afirmou não ter de tal forma pensado.
Caminhou contrafeito, vagarosamente,
E lentamente se ensopou.
Como consequência do seu passo frouxo
Com gravidade se constipou.
Cinco dias de cama e três de recuperação
Foi o custo de tal façanha
E de à força tentar manter
Imagem imaculada.
Algum tempo decorreu,
Que sentado à sua janela
Viu Nasrudin correndo
Afugentado de chuva torrencial.
Com transtorno e espanto o interpelou:
“De que foges tu? Da benção divina?
Como ousas renegar chuva abençoada?”
“Tento não pisar algo de tão sagrado, Aga.”
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
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