Com mirtos e rosas, graciosos, galantes,
Odor de ciprestes e outros reluzentes,
Quero como um caixão este livro ornar
E as minhas canções nele enterrar.
Pudesse eu também enterrar o amor!
Na campa do amor cresce a flor da paz,
Aí ela se abre, colhemo-la lá;
Pra mim, só na campa ela florirá.
São estes os cantos que outrora, em torrente,
Qual lava do Etna vinham de rompante
Brotando a galope do fundo da alma,
Chispando faíscas, e nada os acalma.
Agora estão mudos, dos mortos irmãos,
Agora olham frios, das névoas irmãos.
Mas já os anima o antigo ardor,
Se sobre eles pira a força do amor.
E presságios enchem o meu coração,
Cai amor-orvalho na minha canção;
Este livro há-de à tua mão chegar,
Na terra distante onde estás, amor.
E desfaz-se então do canto o feitiço,
E olham-te as letras num brilho mortiço;
Fitam, implorando, o teu belo olhar,
E sussurram tristes, suspirando amor.
Tradução de João Barrento
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