tristeza de pedra
trespassa as faces dos vendedores de sonhos
neste reino
impera a náusea do embuste gelatinoso
a cinza das
palavras reparte-se pelo jardim do império onde estão os sepulcros dos que não
souberam
dizer não
agora mesclados
com a acidez dos cães domésticos
presos na mesma
trela de argumentos tecidos em grosseira filigrana de líquido seminal estéril
só resta a
impunidade das estátuas que se erguem arrogantes
ao lado um chinês
os chineses não morrem
estranho é e
bizarro o
restaurante dos fundos
vazio de mesas
postas com uma santinha oriental na vitrina velha-comedora-de-homens
a sul sentado
numa rosa-dos-ventos encarvoada um demente
as nuvens
afastam-se criteriosas da latrina
as gentes
dispersas cabisbaixas soletram as últimas sílabas da morte ferruginosa a
arrostar a erva amarelada
não há cão que
nos valha
ontem o
comendador tomou uma bala antes do almoço
os portugueses e
a sua mania da poupança
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