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OS TRATAMENTOS SUGERIDOS NÃO DISPENSAM A INTERVENÇÃO DE TERAPEUTA OU MÉDICO ASSISTENTE.

ARTE

sexta-feira, 8 de maio de 2020

A EFICÁCIA DO PLACEBO EM MEDICINA






A EFICÁCIA DO PLACEBO EM MEDICINA


INTRODUÇÃO

O PLACEBO consiste numa forma de tratamento que não se fundamenta em nenhum suporte, nomeadamente químico, biológico ou cirúrgico específico, para provocar melhorias ou curas em pacientes com determinadas patologias físicas ou psíquicas. 
É em síntese, um qualquer procedimento inerte que origina efeitos terapêuticos em pessoas com esperança psicológica na sua acção.
Nesta perspectiva, tudo pode ser considerado placebo desde que o paciente acredite nas suas propriedades terapêuticas. A crença tem subjacente um terreno composto por dois factores: um inconsciente e outro consciente. O inconsciente é dominado por todos os condicionamentos que fomos adquirindo ao logo da nossa vida e o consciente na esperança do efeito da substância inerte ministrada.

Quando médicos e investigadores se referem ao placebo identificam-no com uma substância inócua para uma determinada enfermidade e que é utilizada em ensaios clínicos.

Não são excepções os casos em que o placebo tem um efeito comparável ou até superior aos medicamentos cientificamente comprovados para o tratamento de determinada doença – os investigadores chamam-lhe mega-placebo. Como veremos infra, tudo irá depender de múltiplos factores, sejam ambientais sejam humanos.

O placebo também pode causar efeitos indesejáveis ou reacções adversas nos pacientes submetidos a estudo e a quem os experimentadores elencam um grupo mais ou menos numeroso de contra-indicações medicamentosas, denominando-se NOCEBO.
Notemos nesta sede, todos os enfermos que antes de tomar os remédios prescritos pelo médico assistente, lêem as respectivas bulas e começam de imediato a observar ou sentir como consequência da SUGESTÃO os ditos sinais e sintomas.

Depreendemos que o efeito placebo – ou nocebo – é directamente proporcional ao grau de SUGESTÃO que os investigadores conseguem inculcar nas mentes propícias dos pacientes ou que estes incutem a si mesmos.

Será que o placebo é muito mais do que um falso medicamento? Poderá ser uma das formas possíveis de curar um determinado paciente portador de uma patologia específica?
Se assim for, estaremos a pôr em causa a visão cientificista e organicista da medicina convencional.



TIPOS DE PLACEBO 

O PLACEBO pode ser:
- Um comprimido ou uma cápsula de farinha;
- Pomada sem qualquer componente que produza efeitos medicamentosos;
- Injecção de água destilada;
- Falsa acupunctura, normalmente executada com agulhas retrácteis que não penetram a pele;
- Aparelhos médicos sem efeitos eléctricos, electromagnéticos, de laser – mas que os simulem;
- Falsa cirurgia;
- E muitas vezes, mais do que seria desejável – veremos porquê – o próprio médico ou terapeuta.
E ainda:
- Luzes coloridas;
- Cristais;
- Pedras curativas;
- Imposição de mãos;
- A oração.
(Não vamos debater, por ora, as terapêuticas não convencionais, nem debateremos a magia tão difundida no nosso país).

O efeito PLACEBO existe ainda com os medicamentos reais o que tem de ser relacionado com a atitude do médico ou terapeuta.


EFICÁCIA - TIPO E APARÊNCIA DO PLACEBO

Comprimidos e cápsulas têm maior eficácia:
- Com caracteres impressos; 
- Se estiverem embalados numa caixa com um design vistoso;
- Quando tomados dois de uma só vez;
- Quando o experimentador convence o paciente de que o medicamento é muito dispendioso;
- Outrossim quando o convence de que se trata de um tratamento novo e revolucionário.

Há ainda que tomar em consideração estudos que se fizeram relativamente à cor dos comprimidos e cápsulas de placebo ministradas:
- Azuis – Têm uma maior eficácia como calmantes;
- Amarelos – Como antidepressivos; e
- Vermelhos – Para a dor.

Tanto à pomada quanto à injecção podemos adaptar as conclusões obtidas para os comprimidos.

Os aparelhos médicos devem ser sofisticados e imponentes, com muitos botões, acendendo e apagando luzes de controlo para produzirem um considerável efeito placebo.

A falsa cirurgia deve ser realizada em sala adequada, em ambiente hospitalar ou idêntico, e todos os rituais devem ser cumpridos.

Quanto mais complexo for o procedimento de “aplicação” do placebo melhor será o seu efeito.


O MÉDICO COMO PLACEBO

Vivemos tempos difíceis onde parece vingar a ganância. O dinheiro nunca é suficiente. A classe médica, em geral, trabalha de hospital em hospital, de clínica em clínica, nos seus consultórios privados, amealhando como se Deus lhes concedesse a eternidade neste mundo.
É evidente que nesta corrida ao ouro o tempo para consultar o paciente é escasso. 
A qualidade da relação médico-doente tem-se vindo a deteriorar nos últimos anos, quer por culpa dos médicos quer do sistema nacional de saúde.

O médico alopata, muitas vezes, nem se digna olhar para o doente e não se dispõe a ouvir as suas queixas. Não tem tempo. Interrompe-o e prescreve em função do que lhe parece – muitas vezes bem. Mas o enfermo sente-se abandonado, que não foi ouvido nem visto e desconfia da ligeireza do médico.

Eu próprio assisti à porta de uma urgência de uma pequena cidade da província um casal rasgar uma receita médica e dirigir-se para a urgência da cidade vizinha; por aquelas bandas poucos se acreditavam naquele médico de serviço.
Como também vi gente implorar – como hoje ainda imploram - para que não os levassem para o hospital do distrito, conhecido como “a morgue”, por não confiarem nos seus médicos – de que dizem: “entra-se vivo e sai-se em quatro tábuas”.

Esta falta de dedicação e atenção, devida aos pacientes, leva a que o médico não tenha sucesso nas suas prescrições, sendo uma personagem geradora de ineficácia e de um tipo distinto de nocebo de medicações, que até podem ser as cientificamente correctas, mas que não diminuem as queixas dos enfermos.

Este é um dos motivos pelos quais as terapêuticas não convencionais têm aumentado os seus seguidores nos últimos anos. Segundo alguns estudos fiáveis, para patologias essencialmente psicossomáticas, de difícil cura pela medicina alopática, pacientes obtiveram em mais de 60% dos casos notáveis melhorias quando optaram por terapias alternativas.
Resta-nos saber, como afirmam alguns críticos, se boa parte das denominadas medicinas alternativas se sustenta puramente no efeito placebo.


ACÇÃO DO PLACEBO – PATOLOGIAS

O PLACEBO tem uma acção privilegiada na psicopatologia e em todas as patologias de natureza psicossomática.
Podemos constatar que a Psicopatologia determina, entre outras, como doenças em que pode predominar uma patogenia psicossomática, a artrite, doenças da coluna, o espasmo do esófago, dispepsia, úlcera gastroduodenal, síndroma do cólon irritável, doença de Crohn, obstipação, diarreia, colites, psoríase, eczema, urticária, eritema, asma, rinite, coriza alérgica, psicalgias diversas, enxaqueca, hipertensão, cardialgias, anorexia, fadiga crónica, síndroma das pernas inquietas, perturbações sexuais.
A ansiedade, depressão, fobias, ataques de pânico, memória, e a DOR – onde é extraordinariamente eficaz - são também um dos espaços preferenciais do efeito PLACEBO. 
Na DOR, a libertação de endorfinas é o mecanismo que subjaz ao seu alívio.

Em doenças graves e muito graves o placebo tem uma resposta reduzida.
Quando muito pode aliviar alguns sintomas, como a dor, maus efeitos da quimioterapia, falta de apetite, mal-estar, não interferindo com a evolução da doença. O terapeuta tem de saber distinguir estas situações sob pena de prejudicar gravemente o doente.

***

Nalguns estudos ressalta o facto de o placebo estimular a produção dos níveis de serotonina, noradrenalina e da dopamina, aumentando o bem-estar dos pacientes.
Outros existem – poucos – em que ficou demonstrado que o placebo é tão eficaz quanto o medicamento real e o que mais nos pode espantar, causando dependência – com sinais de abstinência específicos.

Não nos podemos olvidar, que sendo o placebo uma ilusão causada pela sugestão não exerce nas doenças graves uma função verdadeiramente reparadora dos órgãos doentes, pelo que pode ser prejudicial, mascarando sinais e sintomas. 
Mas se reduzir a ansiedade, a depressão ou a dor do paciente, pode ser um precioso auxílio para uma melhoria do seu estado de espírito.


ÉTICA 

Não é propriamente ético, para a medicina convencional, que o médico alopata prescreva placebos.
É algo que se entende. Contraria tudo o que a comunidade científica vem afirmando quanto às terapias não convencionais legalmente aceites, nomeadamente a medicina tradicional chinesa, a quiropraxia, a osteopatia, a naturopatia e a fitoterapia – isto para não falar nas restantes, tais como o reiki, florais de Bach, cromoterapia, cura espiritual (dimensão espiritual do efeito placebo), etc. 

No entanto, retenhamos que não existem verdades absolutas – muito menos quando procuram essencialmente defender interesses corporativos.
Daqui a um ou dois séculos, a ideia que as futuras gerações irá exprimir quanto à medicina convencional poderá ser idêntica à que hoje temos do exercício da clínica no século XIX – com as suas sangrias, purgas, vomitivos, clisteres e substâncias tóxicas, que em vez de curar muitas vezes matavam os pacientes (daí o ditado popular: “Não morreu da doença mas da cura).
Sejamos honestos: O mesmo se diga no que toca às outras terapias. Podem ou não vir a ser validadas cientificamente, sejam elas quais forem, mesmo a homeopatia que tanto prezamos.

O que hoje é PLACEBO pode amanhã vir a ser considerado como tratamento activo e alguns dos MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS julgados culpados pelos seus efeitos de toxicidade letal.
O futuro o dirá sendo certo que a história desconhece o perdão.

O barbeiro era o médico do passado e o médico do presente pode vir a ser o cangalheiro no amanhã.



PLACEBO E TERAPIAS NÃO CONVENCIONAIS

Na Europa são milhões de pessoas que recorrem às terapias não convencionais – talvez mais de um terço do total da população.

Analisemos a prática médica convencional versus homeopatia – podemos generalizar a maioria do que infra escrevemos a outras terapias.
Contrariamente aos médicos alopatas, os homeopatas unicistas – que seguem a doutrina hahnemanniana do remédio único –, numa primeira consulta, investigam toda a sintomatologia do paciente – sintomas mentais, gerais, particulares –, e não só os patognomónicos como aqueles. Deste modo a consulta nunca tem uma duração inferior a uma hora, contra os cerca de 10 minutos da consulta alopática.
Os bons homeopatas gastam algum do seu tempo a gerar a esperança de cura no paciente, buscando melhorar a sua crença na terapia e mantêm um contacto físico com o mesmo.
Reavaliam o doente com regularidade e com a paciência que deve pautar a prática clínica.
O paciente acaba por ter uma relação de proximidade e confiança que lhe é de todo impossível obter numa mera consulta de dez minutos.
O verdadeiro Homeopata é um PLACEBO fortíssimo quando para tal se encontra mental e espiritualmente vocacionado, o que não ocorre com o médico alopata – a menos que a sua “fama” fale por si.

Mesmo para os que consideram que a homeopatia é “água com açúcar”, o placebo é muito mais do que um pseudo-medicamento, como já tivemos oportunidade de questionar em momento anterior, e pode constituir-se nalguns casos como meio de cura e noutros como complementar da medicina cientificista.
Os argumentos da maior parte da comunidade científica têm a sua validade aferida por um grande número de estudos que concluem a eficácia placebo dos medicamentos homeopáticos, bem como pela constatação da existência de mecanismos endógenos de autocura dos seres vivos – por reparação ou regeneração natural dos órgãos.

A mente possui mecanismos para curar o corpo e os cientistas convencionais, condicionados ao saber estabelecido, não têm a necessária liberdade de pensamento e de investigação para mergulharem noutros fenómenos de cura ainda inexplicáveis, onde a esperança é terra-mãe e o espírito a árvore que frutifica.

Não irei descrever as experiências que tive com inúmeros pacientes, já que não são determinantes cientificamente, nem iriam convencer os incrédulos – intenção que não tenho –, mas posso dizer-vos que o EFEITO PLACEBO não deve ser menosprezado na prática clínica, sem prejuízo de uma avaliação rigorosa do terapeuta que permita por via do diagnóstico diferencial encaminhar o enfermo para o especialista quando necessário.


André Weil, médico que defende a medicina integrativa, ensina-nos que a Arte da Medicina consiste na selecção de tratamentos e da sua apresentação aos enfermos de molde a que se veja aumentada a sua efectividade através da activação das respostas placebo. 



José Maria Alves






1 comentário:

JOSÉ MARIA ALVES disse...

A HOMEOPATIA É PLACEBO?

Respondendo aqui à questão que me foi colocada, estando convicto de que não é tema fácil, que imporia uma maior reflexão e análise dos estudos até hoje realizados, procurarei delinear um quadro sintético que vos fará reflectir, tal como acontece comigo. Uma única certeza vos afirmo: não deixarei em momento algum de expor a minha opinião com a máxima sinceridade.

É evidente que se nalguns casos a Homeopatia foi absolutamente eficaz, tal não implica o seu reconhecimento científico.
Mas também é evidente que a homeopatia foi eficaz e continua a sê-lo em milhões de casos – o que também não faz dela uma ciência.

Vejamos os argumentos utilizados pelos críticos:

1 – A homeopatia pode ser eficaz por mera coincidência com o processo natural de cura que todos os organismos vivos apresentam, principalmente quando o efeito placebo entra em acção;

2 – Como já referimos no artigo, a consulta de um homeopata tem enormes vantagens sobre a realizada pelos alopatas. Pode ser por si mesma, um poderoso placebo a que vai acrescer a prescrição do ou dos remédios.

3 - O próprio efeito placebo – que já descrevemos no artigo – e que nalguns estudos apresenta valores elevados de eficácia.


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Alguns homeopatas respondem com a eficácia comprovada em animais e plantas.
No entanto, muitos cientistas afirmam que existe uma interacção entre o cuidador humano e os outros seres vivos, que lhes permite beneficiar do dito efeito placebo.
- Eu próprio o verifiquei em diversos animais (sabiam que estavam a ser cuidados).

Inexistem certezas.
Aguardemos que a ciência, tanta vez “emprenhada” pela arrogância, demonstre que a homeopatia é puro placebo ou que é um verdadeiro medicamento.

O que hoje é verdade amanhã poderá ser um mito e o mito tornar-se realidade.

JMA