No dia triste dos caminhos áridos
Anémonas serpenteavam o cume da rosa branca
Melancólica na respiração opressa
Do ar rarefeito da angústia
Senhor
Tu que me habitas
Consola-me
O lótus asperge luz no zimbro rasteiro da ânsia
Tu és o som das nuvens a roçarem o ápice
Do vento revolto nos caules da inquietude
E na raiz enevoada da esperança
Senhor
Tu que me habitas
Vence o meu inimigo
Tu som sacramental do Vazio
Fonte do objecto disperso dos meus sentidos
A quem a razão dissemina no esquecimento da memória desmoronada
E a neve oculta no rigor da adversidade
Senhor
Tu que me habitas
Vence-me a mim mesmo
As faces sedosas de tua bondade
Teus longos dedos da benção invisível
A indiferença que é compaixão no lírio e no melro
Faz de ti meu Mestre de Dor
Senhor
Tu que me habitas
Alivia o meu jugo
Uma vez que seja
Abro as portas da mente
Uma vez que seja perante ti me ajoelho
E rasgo meu rosto na sarça ardente
Senhor
Tu que me habitas
Liberta-me para sempre
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