Solomon Asch, na década de 50 do século passado, realizou uma experiência em que pretendia avaliar a conformidade social em função da influência de um grupo ou de uma maioria. Nada a que não estejamos habituados a assistir.
PROTOCOLO (Sintetizado) -
O protocolo experimental tinha como intervenientes cinco indivíduos – a experimentação foi realizada com cinco a oito pessoas –, dos quais quatro colaboravam no experimento.
Asch reuniu-os numa sala, sem que o último indivíduo, verdadeiro objecto do experimento tivesse qualquer conhecimento do que se iria passar e de quem eram na realidade os restantes quatro indivíduos.
O experimentador exibia aos participantes dois cartões impressos.
Um com três linhas de diferentes comprimentos (A,B e C), enquanto no outro estava impressa uma linha com o mesmo comprimento da linha (C) do primeiro cartão.
O experimentador questionava os participantes da experiência, começando pelos quatro colaboradores da mesma e deixando para último o quinto, ou seja o que desconhecia os pormenores daquela, qual a linha que tinha uma correspondência em dimensão – altura.
Vejamos:
O experimentador dá indicações a todos os participantes do tipo de experiência psicológica que está a realizar.
Mostra o cartão com as três linhas e seguidamente o cartão que tem apenas a linha padrão.
A correspondência é evidente.
O experimentador começa por questionar os quatro “colaboradores” quanto à dita correspondência. Estes dão sequencialmente a mesma resposta, mas que não é a correcta.
O quinto indivíduo, verdadeiro objecto da experiência, fica atónito, sem saber se é ele ou os outros em conjunto, que estão com problemas de percepção.
A experiência é repetida com os mesmos indivíduos e com algumas alterações.
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Com uma simples experiência, Asch conseguiu investigar a influência da maioria e a mencionada conformidade.
Asch questionou-se:
- Até onde podem as forças sociais alterar a opinião das pessoas?
- Qual é o aspecto da influência do grupo mais importante, a dimensão da maioria ou a unanimidade de opinião?
Quais as situações sociais que impulsionam um indivíduo a opor-se ou a conformar-se com as decisões do grupo onde está inserido, quando este exprime um juízo completamente contrário às evidências, alterando a sua percepção e julgamento dos factos?
Muitos estudantes quando confrontados com a experiência manifestaram insegurança.
Mesmo que algumas pessoas nunca se tenham conformado, três em cada quatro pessoas fizeram-no pelo menos uma vez.
Asch confirmou que 37% das respostas dadas eram ajustadas ou confiavam nas respostas dos demais.
É certo que em 63% das vezes os sujeitos da experiência não se conformaram.
A experiência veio demonstrar que a maioria dos indivíduos tende para uma apreciação correcta da realidade, mesmo quando o grupo onde está inserido não o faz. Mas a minoria dos que se conformaram preocuparam severamente Asch.
O facto de pessoas jovens, inteligentes, bem-intencionadas e formadas, sem que obtenham qualquer vantagem ou retribuição em troca, estejam resolvidas a dizer que é preto o que é branco é uma situação preocupante.
E se pelo menos 75% dos sujeitos se conformarem e derem uma resposta visivelmente desacertada pelo menos uma vez?
Então o que pode acontecer com pessoas menos jovens, pouco inteligentes e com uma formação deficiente?
Parece que somos “programados” para nos conformarmos com situações, mesmo naquelas em que todos os que nos rodeiam parecem estar ou estão errados, tal como um rebanho.
O experimento de Asch levanta inúmeras questões.
Pensemos na nossa vida social, conformando-nos a um determinado grupo para que não fiquemos “sós”, a ideias que repudiamos, e na forma como elegemos os candidatos em democracia.
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José Maria Alves
https://homeoesp.blogspot.com/
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