Muito se tem dito quanto às contra-indicações dos medicamentos homeopáticos.
É usual a afirmação de que a homeopatia não produz quaisquer efeitos colaterais e de que não tem contra-indicações.
Mas, a realidade é outra. Infra, especificamos algumas (as mais importantes) das contra-indicações dos remédios, alertando fundamentalmente os terapeutas mais incautos para um exercício seguro e deontologicamente correcto da Homeopatia, ou seja, sem grave prejuízo para a saúde de seus doentes.
ACONITUM –
Na febre, deve evitar-se que o paciente beba todo o tipo de bebidas, à excepção da água.
ARGENTUM NITRICUM –
O uso continuado e habitual deste medicamento pode fazer surgir os sintomas inerentes à sua patogenesia.
Natrum Muriaticum faz cessar o emagrecimento do paciente Argentum provocado por doses excessivas, altas diluições ou derivado de efeitos patogenésicos.
ARNICA –
A existência de ferida contra-indica o uso externo de Arnica, que pode ser substituída por Calendula ou por Echinacea.
BARYTA CARBONICA –
Não deve ser ministrada depois de Calcarea Carbonica.
CALCAREA CARBONICA –
Baryta carbonica e Sulfur não devem seguir Calcarea.
Kalium bromatum e Nitricum acidum não a devem preceder.
CAMPHORA –
Antidota praticamente todos os remédios homeopáticos.
Não se deve ministrar Camphora depois de Kalium nitricum.
CARBO VEGETABILIS –
Kreosotum não deve seguir Carbo vegetabilis.
CARCINOSINUM –
Alguns autores referem que deve ser evitado no cancro.
De qualquer modo, deve ser ministrado com precaução.
CHELIDONIUM MAJUS –
Durante o tratamento com este medicamento, deve ser evitado o vinho, que o antidota.
DENYS –
Não deve ser ministrado a pacientes cujo organismo não esteja drenado.
DROSERA –
Não deve nunca ser ministrada na otite.
HEPAR SULPHUR –
O uso de Hepar, conduz a precauções várias:
- 4 CH, faz supurar por mais tempo;
- 5 CH e 7 CH, têm acções opostas, segundo o estado evolutivo;
- 9 CH e mais, impedem a evolução do processo supurativo e podem fazê-lo regredir, caso ainda esteja em tempo – se não estiver, verificaremos um agravamento.
Hepar, em diluições baixas ou médias (segundo os critérios da Escola Francesa), não deve ser ministrado nos abcessos das cavidades fechadas.
HYOSCIAMUS –
As baixas diluições agravam o estado mental.
IGNATIA –
Não deve ser administrada em baixas ou médias diluições, em indivíduos que tomaram estricnina.
ISO SANGUÍNEO –
Não deve ser ministrado em pacientes com cancro ou desde que se suspeite de lesão cancerosa.
KALIUM CARBONICUM –
É um medicamento que não pode ser repetido com muita frequência.
KALIUM BICHROMICUM –
Não deve seguir Calcarea.
KALIUM NITRICUM –
Não se deve ministrar Camphora depois de Kalium nitricum.
KREOSOTUM –
Não se deve ministrar Carbo vegetabilis após Kreosotum.
LACHESIS –
Em baixas ou médias diluições, nos estados maníacos.
LYCOPODIUM –
Não deve ser ministrado depois de Sulphur, a menos que o seja na formulação clássica:
Sulphur » Calcarea » Lycopodium » Sulphur » Coffea.
As altas diluições prescritas de forma improvisada agravam.
Não é aconselhável iniciar o tratamento de um estado crónico por Lycopodium, já que a sua acção pode produzir perturbações graves e duradouras caso as funções hepáticas e renais não estejam devidamente estimuladas.
No caso de agravação devida à grande liberação de toxinas, China é em geral o medicamento indicado para a suster.
MARMOREK –
Este medicamento não deve ser ministrado num organismo insuficientemente drenado.
No entanto, é a única tuberculina a prescrever aos pacientes febris e fatigados, em período de emagrecimento suspeito.
MEDORRHINUM –
Como todos os bioterápicos deve ser prescrito em função da sua patogenesia e dos sintomas apresentados pelo paciente, podendo e devendo tomar-se em consideração os eventuais antecedentes blenorrágicos.
MERCURIUS –
Aceticum acidum e Silicea não devem ser ministrados depois de Mercurius (dinamizado), mas antidotam a substância pura.
NATRUM MURIATICUM –
É contra-indicado em altas diluições em indivíduos palúdicos, ou que tenham tomado quinino.
PHOSPHORUS –
Nos casos de tuberculose, Phosphorus não deve ser ministrado em diluição inferior à 30 CH e não deve ser repetido antes que tenham decorrido pelo menos trinta dias após a ingestão da dose.
PULSATILLA –
Não deve ser ministrada em enfermos tuberculosos com historial de hemoptises recentes.
Não deve também ser ministrada em baixas ou médias diluições, nas otites.
SILICEA –
Em Silicea, todos os corpos estranhos incluídos no corpo acabam por ser expulsos com uma supuração, que se torna necessário controlar.
Um foco tuberculoso, mesmo antigo e calcificado, pode como em Phosphorus, ser reactivado.
SULPHUR –
A prescrição de Sulphur deve ser prudente face às previsíveis crises de eliminação: eczemas, agravações curtas, mas importantes.
Há que atender às diluições e frequência de repetição de doses inadequadas.
Casos existem, em que sendo Sulphur o medicamento indicado, se justifica devido ao temor de eliminações violentas, o uso de Sulphur iodatum.
Estas eliminações podem provocar, em especial, no doente tuberculínico um rápido e acentuado emagrecimento.
Sulphur não deve ser ministrado em doses baixas ou médias, em indivíduos que apresentem uma inflamação do ouvido médio, mesmo que seja ligeira.
Sulphur é um medicamento que segue bem Lycopodium, mas Lycopodium não deve seguir Sulphur.
TUBERCULINUM –
Tuberculinum não é propriamente um remédio da tuberculose.
O seu mau uso comporta riscos de reactivação como Phosphorus e Silicea.
VERATRUM VIRIDE –
Deve ser evitado em pacientes com coração fraco e pulso lento, fraco, já que irá agravar os seus sintomas.
Segundo Voisin, quando um medicamento possa corresponder a “perturbações opostas”, e estejamos perante um paciente que apresente uma dessas perturbações, esse medicamento é indicado na diluição que a ela corresponde e contra-indicado na outra.
Exemplificando:
“Aurum é indicado de 6 a 9 CH nos congestivos hipertensos, activos e coléricos e, em 12 a 30 CH, nos melancólicos introspectivos com aversão pela vida. Dar o remédio a estes, em 6 a 9 CH é contra-indicado visto que tais diluições provocam um efeito depressivo.”