A alma sangra
Empobrece
O lago esconde-se na pedra negra que os construtores rejeitaram
O céu derrama nuvens não profanadas
Com dedos de pétalas a apontar graciosamente a lua que hoje é nova
E penas sem remédio
De quem é aquele Castelo nos confins da tua voz?
De quem é o eco sem fim?
Que matronas vagueiam nas ameias que confirmam o trono de medusas?
De quem é o olhar verde que se desvia do abismo da matança dos inocentes?
Aquele que é filho da Terra e dos Mares
É o Vivente
O Estio do chapéu-de-chuva do Outono glacial
De largos gestos estreitados ao peito de mutilada estátua cinzenta
Fruto doirado a assistir insensível
À infinita mascarada das horas profundas
Depositadas em astros incandescentes
Nascidos dos ulmeiros da infância
Cingida por palavras anos-luz
Anunciadas por um sino velho e rouco
Engasgado pelo catarro húmido e irritante do relógio da torre
Enquanto isso
A alma sangra numa folha azul
E exaure-se
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