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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

AUSTERIDADE E CRISE - VENENO MORTAL





FMI ADMITE ERRO SOBRE EFEITO DA AUSTERIDADE EM PAÍSES COMO A GRÉCIA E PORTUGAL

Sempre o dissemos: austeridade por austeridade não é remédio, é veneno letal.
Só ignorantes, negligentes e incompetentes não se poderiam ter apercebido de tal facto, ainda que numa abordagem sumária.

Veja-se:


Lagarde ao discursar no Comité Económico e Social Europeu - órgão consultivo da União Europeia – expendeu a tese de que a crise económica ainda não terminou e pressionou os países europeus a adoptarem as reformas necessárias, nomeadamente a união bancária.

Demandada sobre os efeitos das políticas de austeridade aconselhadas pelo FMI na conjuntura económica e social dos países com maiores dificuldades, admitiu que a instituição desacertou na hora de calcular esses efeitos no desemprego e no crescimento do Produto Interno Bruto – como se não estivéssemos habituados a tanta imprudência e faltas de acerto.

Como resultado demo-nos conta que era necessário mais tempo para a aplicação dos programas a países resgatados como é o caso da Grécia e Portugal.
Será que podemos realmente dizer que a crise ficou para trás quando há 12% da população activa sem emprego?”, questionou-se a directora do FMI. Tão assertiva, Senhora Lagarde…

Há sinais evidentes de que nem tudo está bem na EU”, e isto independentemente de todos os esforços feitos para debelar a crise. Sacrifícios tão dolorosamente impostos a populações empobrecidas que afinal não produziram efeitos positivos. 

Na perspectiva da directora do FMI “não há lugar para cantar vitória. É preciso fazer mais”. E que “mais” será este? Não permitam que adivinhe…

Lagarde insiste que a união bancária “continua uma prioridade”, numa altura em que os ministros das Finanças da UE estão a negociar o mecanismo para corrigir o porvir dos bancos em falência na zona euro:

A nossa posição no FMI é bastante simples: a união bancária deve ser um conjunto simples com um mecanismo único de supervisão e um mecanismo único de resolução dos bancos com uma rede de segurança comum.
Sei que ainda há muitas coisas complicadas a ter em conta nesta altura, mas defendemos e exortamos a que seja considerado um sistema simples, eficaz, justo e o mais previsível possível.
Não pode haver abrandamento e não é com 1% de crescimento na zona euro que devemos abrandar o ritmo das reformas.” 

Mais reformas, ajustamentos, compromissos, alianças, provavelmente num carrossel de desgraças.
E veremos que reformas a Senhora Lagarde tem em mente.

Sejamos honestos: continuamos num BECO SEM SAÍDA – quando um chefe de família está em sérias dificuldades, desesperado, tem 3 hipóteses. Pede emprestado, mendiga ou vai furtar.

Quando um Estado está tecnicamente falido, também as tem…

Portugal e Grécia pedem emprestado – e sem que possam cumprir pontualmente as suas obrigações irão “mendigando” perdões e alargamento de prazos para pagamento das dívidas –, mendigam – aproveitando tudo e todos, mesmo aqueles países governados por notórios criminosos -, e furtam os seus pobres cidadãos em nome da tão abençoada austeridade.

Senhora Lagarde permita-me uma sugestão similar às vossas receitas:
Meia taça de arroz por dia para cada aposentado, uma por trabalhador e os restos divididos pelos desempregados.
O fim da crise em alguns meses, consolidado numa novíssima escravatura deste século XXI.
Compreendo Senhora Lagarde o seu sentimento: "Meu Deus que se acaba tudo...", UE, o euro para os PIGS, e consequentemente a subserviência económica destes aos países desenvolvidos do norte, que sem valores sempre se souberam aproveitar da miséria mediterrânica...



Mas um dia alguém nos virá dizer que a crise terminou e a resposta será a da Concha Caballero quando se referiu ao dia em que a crise acabou. Será a nossa, quando preconizámos um longo período de agonia como consequência da acção de "governantes ignorantes, incompetentes, estúpidos e vigaristas". 



"Quando terminar a recessão teremos perdido 30 anos de direitos e salários…

Um dia no ano 2014 vamos acordar e vão anunciar-nos que a crise terminou. Correrão rios de tinta escrita com as nossas dores, celebrarão o fim do pesadelo, vão fazer-nos crer que o perigo passou embora nos advirtam que continua a haver sintomas de debilidade e que é necessário ser muito prudente para evitar recaídas. Conseguirão que respiremos aliviados, que celebremos o acontecimento, que dispamos a atitude crítica contra os poderes e prometerão que, pouco a pouco, a tranquilidade voltará às nossas vidas.

Um dia no ano 2014, a crise terminará oficialmente  e ficaremos com cara de tolos agradecidos, darão por boas as políticas de ajuste e voltarão a dar corda ao carrocel da economia. Obviamente a crise ecológica, a crise da distribuição desigual, a crise da impossibilidade de crescimento infinito permanecerá intacta mas essa ameaça nunca foi publicada nem difundida e os que de verdade  dominam o mundo terão posto um ponto final a esta crise fraudulenta (metade realidade, metade ficção), cuja origem é difícil de decifrar mas cujos objectivos foram claros e contundentes:
Fazer-nos retroceder 30 anos em direitos e em salários.


Um dia no ano 2014, quando os salários tiverem descido a níveis terceiro-mundistas; quando o trabalho for tão barato que deixe de ser o factor determinante do produto; quando tiverem ajoelhado todas as profissões para que os seus saberes caibam numa folha de pagamento miserável; quando tiverem amestrado a juventude na arte de trabalhar quase de graça; quando dispuserem de uma reserva de uns milhões de pessoas desempregadas dispostas a ser polivalentes, descartáveis e maleáveis para fugir ao inferno do desespero, 
ENTÃO A CRISE TERÁ TERMINADO.

Um dia do ano 2014, quando os alunos chegarem às aulas e se tenha conseguido expulsar do sistema educativo 30% dos estudantes sem deixar rastro visível da façanha; quando a saúde se compre e não se ofereça; quando o estado da nossa saúde se pareça com o da nossa conta bancária; quando nos cobrarem por cada serviço, por cada direito, por cada benefício; quando as pensões forem tardias e raquíticas; quando nos convençam que necessitamos de seguros privados para garantir as nossas vidas, 
ENTÃO TERÁ ACABADO A CRISE.

Um dia do ano 2014, quando tiverem conseguido nivelar por baixo todos e toda a estrutura social (excepto a cúpula posta cuidadosamente a salvo em cada sector), pisemos os charcos da escassez ou sintamos o respirar do medo nas nossas costas; quando nos tivermos cansado de nos confrontarmos uns aos outros e tenham destruído todas as pontes da solidariedade, 
ENTÃO ANUNCIARÃO QUE A CRISE TERMINOU.

Nunca em tão pouco tempo se conseguiu tanto. Somente cinco anos bastaram para reduzir a cinzas direitos que demoraram séculos a ser conquistados e a estenderem-se. Uma devastação tão brutal da paisagem social só se tinha conseguido na Europa através da guerra.
Ainda que, pensando bem, também neste caso foi o inimigo que ditou as regras, a duração dos combates, a estratégia a seguir e as condições do armistício.

Por isso, não só me preocupa quando sairemos da crise, mas como sairemos dela. O seu grande triunfo será não só fazer-nos mais pobres e desiguais, mas também mais cobardes e resignados já que sem estes últimos ingredientes o terreno que tão facilmente ganharam entraria novamente em disputa.
Neste momento puseram o relógio da história a andar para trás e ganharam 30 anos para os seus interesses. Agora faltam os últimos retoques ao novo marco social: um pouco mais de privatizações por aqui, um pouco menos de gasto público por ali e “voila”: A sua obra estará concluída.

Quando o calendário marque um qualquer dia do ano 2014, mas as nossas vidas tiverem retrocedido até finais dos anos setenta, decretarão o fim da crise e escutaremos na rádio as condições da nossa rendição.”







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