mares que gritam na tapeçaria que não desvia o sorriso das velhas histórias de ninar no poço da minha alma a cerejeira está em flor insuportável dor do grão maduro em embaciado olhar
se outra vida não há porque é tão ingénua a alma assim vestida e tão cruel o suplício que o corpo arrosta no coração quebrado?
os pés sobre a terra na água a graça do cisne no ar as cinzas das trevas nunca pares avezinha voa na minha consciência suspensa nas altas varandas de capitéis doirados esvoaça sozinha
errando de olhos fechados pelos túmulos secretos cavados no seio da procela fogem-me os sonhos pela porta aferrolhada da janela crepuscular voam andorinhas negras pobres que entram no meu inferno e apodrecem como fruta no mármore que se cala
o mundo em chamas
arde o ódio
e a coragem
incendeia-se
a angústia
e o sofrimento
ateia-se
o pranto
e o lamento
tudo se confirma em flamas o firmamento
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