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ARTE

domingo, 30 de agosto de 2009

LUÍSA FREIRE - 14 HAIKU

Hera pelo muro
rastejando palmo a palmo –
o verde e o viço.



Na outra colina,
do lado de lá do ver,
é que os sonhos pastam.



Vem a solidão
comigo pelo caminho.
Já seremos dois.



À porta do doce,
a mosca já esfrega os pés
antes de comer.



Só encontra a paz
quem a tem dentro de si.
É vã a procura.



Apressam-se as gentes
perseguindo a sua vida,
que sempre lhes foge.



Escrita poética:
para vestir as palavras
despir a própria roupa!



Nasce, vive e morre
cada flor, só para si;
Que grande lição!



Pensar o real
é não ver a realidade.
O saber não sabe!



Ao fiel relógio
perguntamos o presente:
«Passou quando olhaste!»



Presa em sua cor,
linda ave engaiolada!
Quem voa por ela?



Passa a multidão:
ninguém olhando ninguém –
um mundo de cegos...



Este velho lago –
Haverá uma rã que salte?
Silêncio no parque.



Acidentalmente,
encontramos um poema;
é só apanhá-lo.


(Imagens Acidentais)

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