CAPÍTULO I
1 – Eis que na eternidade um vulto se levanta
Horrendo! Infecundo, insondado,
Repelente, em si contido: qual Demónio
Concebeu este vazio abominável,
Este vácuo, onde a alma se arrepia? Diziam
«É Urizen.» E todavia, insondado e remoto,
A meditar, secreto, o sombrio poder estava encoberto.
2 – Foi ele que rasgou o tempo em tempos e mediu
O espaço por espaços, em sua treva de nove mantos
Insondável, invisível: irromperam mutações,
Inóspitas montanhas fendidas em fúria
Por negros vendavais de convulsão.
(...)
CAPÍTULO II
8 – «Trago uma lei de amor, de paz e de unidade,
De clemência, piedade e compaixão;
Escolha cada um sua morada,
Sua mansão antiga e infinita,
Uma só ordem, um só prazer, um só anseio,
Um flagelo, um peso, uma medida,
Um Rei, um Deus, uma só Lei.»
(...)
CAPÍTULO VIII
5 – Entendeu que da morte a vida se nutria:
No matadouro vai gemendo o Boi,
No inverno, à porta, geme o Cão.
Ao choro, que verteu, chamou Piedade
E as lágrimas escorreram pelos ventos.
(...)
CAPÍTULO IX
8 – Então Fuzon a todos convocou,
Os restantes filhos de Urizen,
E eles abandonaram a terra vacilante.
Chamaram-lhe Egipto e partiram.
9 – No globo, o oceano de sal rolou então.
(Primeiro Livro de Urizen)
domingo, 30 de agosto de 2009
WILLIAM BLAKE (1757-1827) - PRIMEIRO LIVRO DE URIZEN (excertos)
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POESIA
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