Então vem, vamos juntos os dois,
A noite cai e já se estende pelo céu,
Parece um doente adormecido a éter sobre a mesa;
Vem comigo por certas ruas semidesertas
Que são refúgio de vozes murmuradas
De noites sem repouso em hotéis baratos de uma noite
E restaurantes com serradura e conchas de ostra:
Ruas que se prolongam como argumento enfadonho
De insidiosa intenção
Que te arrasta àquela questão inevitável...
Oh, não perguntes «Qual será?»
Vem lá comigo fazer a tal visita.
(...)
Estou a ficar velho... Estou a ficar velho...
Hei-de andar com a dobra da calça revirada.
E se eu puxar atrás o risco do cabelo? Arrisco-me a trincar um pêssego?
Hei-de vestir calça de flanela branca e passear na praia.
Já ouvi as sereias cantando, umas às outras.
Creio que para mim não vão cantar.
Tenho-as visto na direcção do mar a cavalgar as ondas
Ponteando crinas brancas de ondas encrespadas
Quando o vento revolve as água escuras e brancas.
Ficámos nas mansões do mar nós dois em abandono
Entre as ondinas e grinaldas de algas castanhas purpurinas
Até que vozes humanas nos despertam e morremos naufragados.
domingo, 30 de agosto de 2009
T. S. ELIOT - A CANÇÃO DE AMOR DE J. ALFRED PRUFROCH (excertos)
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POESIA
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