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ARTE

domingo, 30 de agosto de 2009

MATSUO BASHÔ (1644-1694) - HAIKU






No inverno, à chuva,
e nem sequer um chapéu –
pois é! Ora, ora!





Acendes o fogo;
vou mostrar-te esta beleza:
uma bola de neve!




Tudo o que me cerca
e encontra o meu olhar
é fresco e é novo.





Eis o velho tanque;
uma rã salta e mergulha –
o baque na água.

Uma rã mergulha
no velho tanque...
O ruído da água.
(outra tradução do mesmo haiku)



Reclusão de inverno:
uma vez mais encostado
a esta coluna.





No meio da planície
uma cotovia canta,
liberta de tudo.





Sob o mesmo tecto,
dormem com as prostitutas
o trevo e a lua.





A primeira neve:
tal basta para dobrar
as folhas dos lírios.




Outono já frio;
eu penso no meu vizinho –
como viverá?





Não esqueças nunca
o gosto solitário
do orvalho.





De que árvore em flor
não sei –
Mas que perfume.




Depressa se vai a primavera
Choram os pássaros e há lágrimas
nos olhos dos peixes.




As cigarras cantam
sem saberem que é a morte
que as escuta.




Admirável aquele
cuja vida é um contínuo
relâmpago.




Outono –
empoleirado num ramo seco
um corvo.




Primeiro aguaceiro de Inverno
Meu nome será:
vagabundo.

O GOSTO SOLITÁRIO DO ORVALHO


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