Vinte e três anos, vãos inutilmente,
Sou vinte e três remorsos e fastios.
Vinte e três portos de lembrar, sombrios,
Cada um dos passados descontente,
Cada um triste de se ver presente
Na mesma vida vã que os outros, rios
De dor atravessaram fugidios
Só mortas algas indo na corrente
De futuros iguais meio em terror
Quase na crença desassossegada
De ser eternamente assim, passada.
A vida trémula, no eterno horror
De passar, desejar e, desejando,
Nada haver, e ir correndo e acabando.
6/1911
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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