O PIANO noutro andar
Tem sempre um som magoado...
Sem querer, faz-me lembrar,
Com saudade, o passado.
Não um passado que houvesse,
Pelo piano repetido,
Mas um que só entristece
Sem que tivesse existido.
É um passado absoluto,
Abstracto, de toda a gente.
Penso ou cismo? Sonho ou escuto?
Sinto ou alguém em mim sente?
Por que é que, sem nexo ou jeito,
Fala este som casual
Ao coração imperfeito,
À sensação desigual?
Não sei. Mas surge do fundo
Do meu ser desconhecido
Um tédio de haver o mundo,
Um horror a ter vivido.
6/1933
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
Tem sempre um som magoado...
Sem querer, faz-me lembrar,
Com saudade, o passado.
Não um passado que houvesse,
Pelo piano repetido,
Mas um que só entristece
Sem que tivesse existido.
É um passado absoluto,
Abstracto, de toda a gente.
Penso ou cismo? Sonho ou escuto?
Sinto ou alguém em mim sente?
Por que é que, sem nexo ou jeito,
Fala este som casual
Ao coração imperfeito,
À sensação desigual?
Não sei. Mas surge do fundo
Do meu ser desconhecido
Um tédio de haver o mundo,
Um horror a ter vivido.
6/1933
JOSÉ MARIA ALVES
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