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ARTE

sexta-feira, 16 de abril de 2010

ARTHUR RIMBAUD (1854-1891) - ADEUS








Sim, ao menos a hora nona é severíssima.
Posso dizer que tenho a vitória adquirida: o ranger de dentes, os silvos de fogo, os suspiros pestilentos abrandaram. Todas as memórias imundas se apagam. Vispam-se os meus últimos remorsos, - ciúmes dos mendigos, dos salteadores, dos amigos da morte, dos ignaros de toda a sorte. – Malditos, se eu me vingasse!
Temos de ser modernos absolutos.
Cânticos nunca: manter o passo adquirido. Dura noite! O sangue seco fumeia no meu rosto, e nada atrás de mim, só a arvorezinha horrível!... O combate do espírito é tão brutal como batalha de homens; mas a visão da justiça é prazer só de Deus.
Vigília, no entanto. Recebamos todos os influxos de vigor e de ternura autêntica. E pela aurora, armados com ardente paciência, entraremos na cidade esplêndida.
Falava eu de mão amiga! Um bom proveito, é poder rir-me das velhas afeições enganosas, e ferrar de vergonha esses casais de engano, - eu vi aquele inferno das mulheres; - e ser-me-á dado “possuir a verdade dentro de uma alma e num corpo”.


Tradução de Filipe Jarro

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