Sou louco, e tenho por memória
Uma longínqua e infiel lembrança
De qualquer dita transitória
Que sonhei ter quando criança.
Depois, maligna trajectória
Do meu destino sem esperança,
Perdi, na névoa ou noite inglória,
O sonho e o arco da aliança.
Só guardo como um anel pobre
Que o tê-lo herdado só faz rico,
Um fim perdido que me cobre
Como um céu dossel de mendigo,
Na curva inútil em que fico
Da estrada certa que não sigo.
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