Não sou esperto nem sou bruto
Nem bem nem mal educado
Sou simplesmente o produto
Do meio onde fui criado.
António Aleixo
Somos o que pensamos. Somos as nossas experiências e memórias. É a partir delas que nos movimentamos e tomamos decisões neste mundo. Quer queiramos quer não, são elas que nos identificam e determinam.
Não será demasiado arrojado afirmar que: “Na vida tudo é memória.”
A maioria dos investigadores psíquicos considera que é o “eu” que nos condiciona e faz com que as nossas acções sejam escolhidas nas suas múltiplas possibilidades.
Os juristas, em direito criminal, teorizaram a denominada culpa na formação da personalidade, fazendo letra quase-morta das normas que implicam o estudo dos criminosos na sua globalidade – infância, adolescência, educação, trabalho, genes, classe social, motivações inconscientes, traumas, entre outros.
No entanto, se analisarmos as nossas vidas, verificamos que o nosso carácter e personalidade, o que pensamos, sentimos, desejamos e o modo como agimos são determinados em grande parte por factores que nos ultrapassam, como a educação, experiências e os nossos próprios genes.
Mas, se bem atentarmos, as nossas reacções não estão muitas vezes sob o controlo da nossa vontade. Não há escolhas; a decisão a tomar só tem uma direcção.
Qualquer homem, por mais respeitável que pareça, pode transformar-se num temível criminoso. Tudo dependerá das circunstâncias.
Como dizia Anthony de Mello: “A diferença entre nós e os criminosos está mais no que fazemos do que no que somos. Sob algumas circunstâncias, todos os comportamentos são possíveis.”
E Freud: “Somos todos potenciais perversos polimorfos.”
Estamos convictos de que as nossas acções e as inerentes escolhas estão sob o nosso domínio, controladas pela nossa vontade.
Uma mentira muitas vezes repetida transforma-se numa verdade. Fomos educados desde crianças, crescemos e envelhecemos mergulhados no conceito de livre arbítrio. O livre arbítrio protege os relacionamentos e conflitos que surgem na sociedade, como muitas outras ilusões o fazem. Mas não é pela utilidade social que se transforma numa verdade.
Pensem, pensem por vós mesmos, sem as crenças e condicionamentos que vos foram impostos.
O livre arbítrio não existe.
Em regra, as nossas decisões são tomadas em função da nossa educação, do lugar onde vivemos e com quem convivemos, das nossas experiências e dos nossos genes.
José Maria Alves
https://josemariaalves.blogspot.com/
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