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ARTE

domingo, 18 de outubro de 2020

TAO TE CHING - LAO TSE - EXCERTOS

 


DOWNLOAD DE –

AS SENTENÇAS DA LEI – BUDA - (DHAMMAPADA) - TAO TE CHING – LAO TSE - BHAGAVAD GUITÁ



TAO TE CHING


LAO TSE





INTRODUÇÃO


O Tao Te Ching, múltiplas vezes traduzido como “O Livro do Caminho e da Virtude” é uma das obras mais conhecidas da China e surge-nos como uma antologia de aforismos, sem uma verdadeira ordenação sistemática. É o livro principal do Taoísmo.

Segundo a tradição, terá sido escrito no século III ou IV a.C.


Tem-se atribuído a sua autoria a Lao Tse, que significa “Velho Mestre”. No entanto, há uma grande controvérsia sobre este facto.

 

A obra versa sobre o Tao, a realidade última do Universo, originando a religião denominada Taoísmo, e tendo também influenciando o Budismo Zen.


O Tao (o Caminho) é um princípio que não pode ser definido nem compreendido. É a fonte e a origem de toda a existência. É invisível e omnipotente, contudo, humilde; é a raiz de todas as coisas.


Para compreender o Taoísmo devemos compreender os seus três fundamentos: O Tao, a Virtude e o não agir. 

O Tao faz com que tudo seja como é. Está na sua própria origem e é a sua causa. 

Apesar de invisível, manifesta-se pela sua influência que é a Virtude. A Virtude flui naturalmente.

O taoista tem uma conduta tranquila, que não interfere no curso dos acontecimentos e é indiferente a normas morais ou sociais.

O sábio consegue em vida retornar à tranquilidade do agir sem agir do Tao primitivo.

Em bom rigor o Tao não age. Não age, mas também não deixa de agir; flui com naturalidade.

O Tao ensina que inexiste qualquer entidade divina a gerir o mundo. Tudo emerge espontaneamente do Nada e tudo acontece por si.


Advoga para o homem, uma vida simples, sem angústia existencial com todas as suas dúvidas insanáveis, insistindo numa conduta que se deixa absorver pelo curso natural da vida. Pelo não-agir, o homem isento de preocupações, não controlando o seu destino, aceitando o inevitável, age sem agir, age espontaneamente e santifica-se.




TAO TE CHING – EXCERTOS




***


O caminho

em que se pode caminhar

não é o Caminho eterno.


***


O Tao é algo indistinto, mas completo,

anterior à existência do Céu e da Terra.

Tranquilo e silente, mantém-se por si só

e sendo estável,

move-se em círculo sem nunca se fatigar.


***


O homem brota da terra,

a terra brota do céu,

o céu brota do Tao,

e o Tao

flui espontaneamente por si.


***


No mundo,

as dez mil coisas 

nascem do que existe.

O que existe

nasce do que não existe.


***


As dez mil criaturas

dependem do Tao.

As dez mil criaturas

retornam ao Tao.

O Tao

parece humilde,

mas é grande.


***


Ao Tao 

chamamos-lhe a forma do que não tem forma,

a aparência do que não tem aparência.

Chamamos-lhe a obscuridade esquiva.

Quando o descobrimos

não lhe vemos o início.

Quando o acompanhamos

não lhe vemos o fim.


***


Aprender o Tao antigo lidando com o que existe no presente,

sendo capaz de identificar a antiga origem,

a isso chama-se desembaraçar o fio do Tao.


***


A revelação da grande Virtude 

é apenas algo que segue o Tao.


***


O Tao é o antecessor de tudo

o que foi e subsiste.


***


Dar vida sem se apoderar,

actuar sem aguardar retorno,

perseverar sem subjugar,

a isso chama-se a virtude oculta.


***


O que existe é o que dá valia às coisas.

O que não existe é o que as torna vantajosas.

- como o cântaro que se enche de vinho


***


O Tao é vazio,

mas nunca fica cheio.

Não sei se é filho de alguém.

É a imagem do que é anterior a Deus.


***


O Tao gera o Um,

o Um gera o Dois,

o Dois gera o Três,

o Três gera as dez mil criaturas.

As dez mil criaturas carregam o Yin,

que desce e forma a terra,

e enlaçam o Yang,

que sobe e forma o céu,

combinando o sopro do Vazio

para que sejam harmoniosas.


***


O Tao é humilde,

mas nada o pode submeter.


***


O Tao é para o que existe no mundo

o que um ribeiro num vale

é para um rio ou para o mar.


***


Agindo como o ribeiro do mundo,

a virtude eterna nunca nos abandona

e voltamos a ser como neonatos.


***


O ser e o não ser nascem um do outro.


***


Quem é sábio adere ao fazer sem agir

e pratica o ensino sem falar.

O ensino sem palavras

e as vantagens do não-agir,

raramente se alcançam no mundo.


***


O que tem valor usa o humilde como base.

Aí alcança a honra sem honra.

Não deseja ter muitas jóias que parecem jade,

mas muitas jóias de jade que parecem pedras.


***


Estimar o mundo como se fosse o nosso corpo

é como ser capaz de se acolher no mundo.

Amar o mundo como se fosse o nosso corpo

é como ser capaz de se entregar ao cuidado do mundo.


***


Quem se põe em bicos de pés não tem firmeza.

Quem se ostenta não brilha.

Quem se elogia não subsiste.


***


Quem é sábio abraça o Um e age segundo o exemplo do mundo.


***


Quem ostenta riquezas ou honrarias,

à sua vanglória oferece a sua punição.


***


A limpidez da serenidade é a perfeição do mundo.


***


O Tao está oculto e não tem nome.


***


O mundo teve uma origem

que pode ser considerada a mãe do mundo.

Imersos nela não correremos qualquer perigo.


***


Alcançado que seja o vazio derradeiro,

mantemo-nos verdadeiramente tranquilos.

As dez mil coisas surgem unidas,

e ao contemplá-las, regressamos.


***


Regressar ao destino diz-se eternidade.


***


Falar pouco é que é o natural.


***


Se entesourarmos a virtude,

nada nos limitará.


***


Quem sabe não fala.

Quem fala não sabe.


***


A virtude superior é ficar sem agir,

sem ter motivo para agir.

A virtude inferior é agir,

mas tendo um motivo para agir.


***


Observemos a natureza original,

abracemos o que é simples.

Diminua-se o interesse próprio

e que sejam moderados os desejos.


***


Dar vida e criar;

dar vida sem se apropriar;

agir sem esperar retorno;

persistir sem dominar.

A isto chamamos a virtude oculta.


***


O grande Tao é plano,

mas as pessoas preferem os atalhos.


***


Deixando-me ser assim insignificante,

saberei seguir pelo grande Tao

e só terei temor de me distanciar dele.


***


Vestir roupagens finas e coloridas;

usar cintos com espadas afiladas;

nunca se fartar de bebidas e de comida;

ter dinheiro e mercadorias em demasia;

é o que se chama ser um ladrão elegante.

Não é seguir pelo Tao.


***


A fome do povo deve-se aos seus governantes.


***


O povo desconsidera a morte porque implora

pelo que há de mais material na vida.


***


Só quem age sem ter em conta a vida

é capaz de lhe dar o seu recto valor.


***


A mente perfeita é profunda;

a relação perfeita é desinteressada;

o discurso perfeito é verdadeiro;

a acção perfeita é oportuna.


***


Só não competindo

nada haverá a desaprovar.


***


Quem é sábio é humilde,

fica por cima, mas o povo não sente nenhum fardo,

fica à frente, mas o povo não se sente lesado.

Por isso, todos o impelem alegremente para a frente

e nunca se fatigam dele.

É por não competir,

que ninguém consegue competir com ele.


***


Quem é sábio,

põe-se atrás do seu corpo, e ele segue à frente;

sai fora do seu corpo e ele continua a viver.


***


Fazendo-se o proveitoso, governa-se um povo.

No mundo há excessivas proibições e tabus

e o povo fica com mais precisões.

Decretam-se leis e quanto mais são proclamadas

mais criminosos, ladrões e assaltantes há. 

Por isso quem é sábio anuncia:

ficarei sem agir e o povo por si progredirá;

ficarei sereno e o povo por si se preceituará;

não farei nada e o povo por si enriquecerá;

não desejarei nada e o povo ficará simples por si.


***


Age sem agir,

fazer o que é natural basta.

Desse modo,

nada fica por governar.


***


As coisas difíceis de alcançar

minam o nosso modo de agir.


***


Não fazendo mal uns aos outros

as suas virtudes encontram-se e regressam.


***


O Tao nunca age,

mas nada fica por fazer.


Ele não age nem deixa de agir,

deixa-se ir, fluindo naturalmente.


***


Sem desejos, pela tranquilidade

o mundo por si próprio se corrige.


***


Sem se transpor a soleira da porta,

conhece-se o mundo.

Sem se espreitar pela janela,

vê-se o Tao celestial.

Por isso quem é sábio

não viaja mas conhece,

não vê mas esclarece,

não age mas completa.


***


Se o povo não teme a autoridade,

foi alcançada a mais perfeita autoridade,

que não desrespeita os locais onde ele reside

nem rejeita o seu modo de vida.

Só não rejeitando não se é rejeitado.


***


Quem é sábio

conhece-se a si mesmo,

mas não se mostra a si mesmo.

Gosta de si mesmo,

mas não se valoriza a si mesmo.


***


Quem conhece os outros é inteligente.

Quem se conhece a si mesmo é esclarecido.


***


Quem vence os outros é forte.

Quem se vence a si próprio é poderoso.


***


Quem se contenta com o que tem é rico.


***


O que é que nos é mais querido, a reputação ou a vida?

O que é que é mais importante, a vida ou o dinheiro?

O que é mais doloroso, ganhar ou perder?

Sabendo quanto nos basta, evitam-se desgraças.


***


Não há maior erro do que desejar ter mais.

Se soubermos que o suficiente é suficiente,

teremos sempre o suficiente.


***


No mundo todos dizem que o meu Tao é grande.

Tenho três tesouros que mantenho e protejo:

O primeiro chama-se compaixão,

o segundo chama-se moderação,

e o terceiro chama-se não me atrever a ser no mundo o primeiro.


***


A bravura com ousadia leva à morte.

A bravura sem ousadia leva à sobrevivência.


***


Nos sítios onde acampam os batalhões,

crescem canaviais e arbustos com espinhos.

A seguir a um exército,

vem sempre um ano de fome.


***


Os peixes não devem abandonar as águas profundas.

As armas mais favoráveis de uma nação não devem ser expostas aos outros.


***


Quem é bom oficial não assume uma pose marcial.

Quem é bom lutador não se enfurece.

Quem é bom a vencer um inimigo não o confronta.

Quem é bom a chefiar outros mantém-se abaixo deles.


***


O Tao celestial não tem parentes,

mas ajuda sempre as pessoas boas.


***


O bom caminhar não deixa pegadas.

O bom falar não deixa erros a reprovar.


***


Quem é sábio,

sempre bom no auxílio que presta aos outros,

nunca os abandona.


***


As palavras em que podemos confiar não são as belas.

Quem é habilitado não entra em debates.

Quem sabe não é douto.


***


O Tao do Céu recolhe

sem nunca originar mal.

O Tao de quem é sábio

age sem competir.


***


O Tao do Céu reduz o que está em excesso

e acrescenta ao que não tem o suficiente.

O Tao dos homens não é assim:

Reduz ao que não tem o suficiente

para o dar ao que tem excesso.


***


Quem é sábio tem um coração inconstante

porque o coração de toda a gente é o seu.

Todos fixam nele os olhos e os ouvidos

e ele a todos sorri como uma criança.


***


O Tao é o esconderijo

das dez mil criaturas,

o tesouro dos bons, 

o lugar de abrigo

dos que não são bons.

O que é que os antigos consideravam tão valioso nos seguidores deste Tao? O que era?

Não diziam eles:

Pede e receberás

e tendo culpa,

serás perdoado?

Por isso, o Tao é o tesouro do mundo.


***


Agir sem agir,

fazer sem fazer,

saborear o sem sabor,

engrandecer o que é pequeno,

aumentar o que é pouco,

retribuir a inimizade com a virtude,

planear o que é difícil no que ele tem de fácil,

fazer o grande no que ele tem de pequeno.

É assim que o sábio atinge a grandeza.


***


Quem age danifica.

Quem agarra desperdiça.

Por isso, quem é sábio,

como não age, não danifica,

como não agarra, não desperdiça.


***


Saber não sabendo é o melhor.

- um saber que é basicamente inconsciente, que é o fundamento do agir sem agir.


***


As minhas palavras são muito fáceis de compreender,

muito fáceis de seguir.

Mas no mundo não há ninguém capaz de as entender

não há ninguém capaz de as seguir.


***


Os que me entendem são raros.

É por isso que me consideram valioso.

Pois quem é sábio,

veste roupa grosseira,

mas dentro do peito traz jade.



***







***



José Maria Alves

https://homeoesp.org/

https://josemariaalves.blogspot.com/




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