Se as penas com que Amor tão mal me trata
quiser que tanto tempo viva delas,
que veja escuro o lume das estrelas
em cuja vista o meu se acende e mata;
e se o tempo, que tudo desbarata,
secar as frestas rosas sem colhê-las,
mostrando a linda cor das tranças belas
mudada de ouro fino em bela prata;
vereis, Senhora, então também mudado
O pensamento e aspereza vossa,
quando não sirva já sua mudança.
Suspirareis então pelo passado,
Em tempo quando executar-se possa
em vosso arrepender minha vingança.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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