Em prisões baixas fui um tempo atado,
vergonhoso castigo de meus erros;
ainda agora arrojando levo os ferros,
que a Morte, a meu pesar, tem já quebrado.
Sacrifiquei a vida a meu cuidado,
que Amor não quer cordeiros nem bezerros,
vi mágoas, vi misérias, vi desterros.
Parece-me que estava assim ordenado.
Contentei-me com pouco, conhecendo
que era o meu contentamento vergonhoso,
só por ver que cousa era viver ledo.
Mas minha estrela, que eu já agora entendo,
a Morte cega, e o Caso duvidoso,
me fizeram de gostos haver medo.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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