Eu cantei já, e agora vou chorando
o tempo que cantei tão confiado;
parece que no canto já passado
se estavam minhas lágrimas criando.
Cantei; mas se alguém me pergunta quando,
não sei; que também fui nisso enganado.
É tão triste este meu presente estado,
que o passado, por ledo, estou julgando.
Fizeram-me cantar, manhosamente
contentamentos não, mas confianças;
cantava, mas já era ao som dos ferros.
De quem me queixarei, que tudo mente?
Mas eu que culpa ponho às esperanças,
onde a Fortuna injusta é mais que os erros?
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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