De vós me aparto, ó vida! Em tal mudança,
sinto vivo da morte o sentimento.
Não sei para que é ter contentamento,
se mais há-de perder quem mais alcança.
Mas dou-vos esta firme segurança
que, posto que me mate meu tormento,
pelas águas do eterno esquecimento
segura passará minha lembrança.
Antes sem vós meus olhos se entristeçam,
que com qualquer cousa outra se contentem;
antes os esqueçais, que vos esqueçam.
Antes nesta lembrança se atormentem,
que com esquecimento desmereçam
a glória que em sofrer tal pena sentem.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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