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ARTE

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O "SÁBIO MUDO"



O Mestre não falava; praticamente nada dizia. Era conhecido como o “Sábio Mudo”. Os seus ensinamentos eram transmitidos através da paz, do seu olhar compassivo e do silêncio purificador.
Um discípulo, que racionalizava todas as questões, pleno de conhecimento discursivo, amante da lógica e da dialéctica, interpelou-o:
“Nunca respondes às minhas questões. Não me elucidas quanto aos mistérios existenciais, à essência do Ser e do Não-Ser, da vida e da morte. Qual o motivo que te leva a recusares-me o teu auxílio?”
O Mestre manteve-se silencioso durante alguns minutos, até que por fim, retirando uma agulha de coser do bolso do manto, disse:
“Quero que coloques uma gota de água na ponta desta agulha.”
“Mas isso é impossível, não te entendo.”
O Mestre disse:
“Muito mais impossibilitado estás, de entender com o pensamento limitado pelo espaço e pelo tempo, o que está muito para além dele, o ilimitado, o incomensurável. Leva esta agulha contigo, pendura-a ao pescoço, e sempre que as dúvidas te assolarem lembra-te que é mais difícil atingir os mistérios do teu espírito do que pôr uma gota de água na ponta da agulha.”
O discípulo ficou constrangido.
Volveu o Mestre:
“Não te sintas comprometido com as tuas concepções. Há muitas décadas, também o meu Mestre me entregou esta agulha, que transportei num fio ao pescoço durante muitos anos.”

JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org

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