Chove lá fora. O vento com rajadas violentas fustiga as portadas, transportando as gotas de chuva a uma velocidade impressionante. O som do embate é um crepitar metálico.
A intensidade da tempestade varia. As previsões são más, os serviços meteorológicos e a protecção civil advertem para uma madrugada de tormenta.
Não ouço o vento e a chuva, nem vejo a beleza do temporal. O meu pensamento absorve-me. Receio que a água inunde o sótão, que qualquer objecto impulsionado pelos ares parta as vidraças, que as telhas possam ser arrancadas. Temo a calamidade, a destruição parcial da casa.
Cada rajada é uma aflição, cada bátega de água é angustiante.
Este medo que não é verdadeiramente real, que é pensamento, não me permite observar a tempestade tal qual é.
Ao perceber o mecanismo do pensamento, o cérebro silenciou e o vento e a chuva deixaram gradualmente de ser temor e ansiedade para serem chuva e vento em toda a sua plenitude e beleza.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
Sem comentários:
Enviar um comentário