Não há finalidade que justifique o mal no mundo. Teólogos, filósofos e revolucionários – a revolução é a modificação de um estado de coisas, não a sua destruição – tropeçam nos seus próprios argumentos.
Num realismo pouco confortável, constatamos que temos de conviver com tal maleita, como quem padece de doença crónica.
Mas, não teremos de a combater, tendo por única arma a solidariedade humana (Lacroix)?
No entanto, perguntemo-nos: onde habita essa solidariedade, a solidariedade real, não a inventada pelas nossas mentes na busca de autoconsolo? Nos delitos, nos crimes mais horrendos, na opressão dos desfavorecidos pelos seus governantes, no egoísmo, na procura do lucro fácil, no poder instituído, na inveja, na falsa compaixão? Afinal, naquilo que somos, nessa nossa natureza, que mais não vê do que o próprio umbigo e deseja ou consente a desgraça alheia?
O mal só pode ser dissipado, por cada um de nós, em nós mesmos. Tudo o resto são promessas falazes de abjectos vendilhões da felicidade. E, como é fácil discursar acerca da felicidade!
JOSÉ MARIA ALVES
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