Está o lascivo e doce passarinho
com o biquinho as penas ordenando;
o verso, sem medida, alegre e brando,
espedindo no rústico raminho;
o cruel caçador (que do caminho
se vem calado e manso desviando)
na pronta vista a seta endireitando,
lhe dá no Estígio lago eterno ninho.
Destarte o coração, que livre andava,
(posto que já de longe destinado)
onde menos temia foi ferido.
Porque o Frecheiro cego me esperava,
para que me tomasse descuidado,
em vossos claros olhos escondido.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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