Ser feliz é ter o Bem dentro de si.
terça-feira, 31 de maio de 2011
A HUMANIDADE PREFERE A PALHA AO OURO
A humanidade, tal como o burro prefere a palha ao "ouro".
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JOSÉ MARIA ALVES
ESTAMOS SÓS...
A teologia e a filosofia transformaram os homens em meros teóricos da vida – não se entenda aqui homem prático como aquele que afastou todo o “alimento” do espírito.
As questões metafísicas fundamentais não são atingíveis pela razão. Por muito que nos repugne, a melhor das metafísicas é não ter metafísica nenhuma, reduzindo o pensamento à sua verdadeira insignificância e abandonando de modo definitivo todas as infantilidades que têm assoberbado a “criança” humana desde os primórdios daquilo que apelidamos de civilização.
No dia 6 de Dezembro de 1273 – dia da festa de S. Nicolau de Bari – S. Tomás de Aquino encontrava-se no convento de Nápoles, onde celebrava missa. Aí, terá tido uma experiência mística, após a qual abandonou de imediato a finalização da Suma Teológica, nada mais escrevendo até à sua morte.
Instado sobre o facto de não a terminar e de mais nada escrever, limitou-se a responder: “Já não posso mais, porque tudo o que escrevi me parece palha.”
É este o maior ensinamento que julgo ter recebido do Santo.
Também eu sinto e afirmo com a certeza possível, que tudo o que aqui está escrito, mais não é do que palha.
Não nos iludamos. Estamos sós. Temos de o compreender, não apenas superficialmente, mas na profundeza do nosso ser. Estamos sós nessa caminhada para algures ou para lado nenhum.
As questões metafísicas fundamentais não são atingíveis pela razão. Por muito que nos repugne, a melhor das metafísicas é não ter metafísica nenhuma, reduzindo o pensamento à sua verdadeira insignificância e abandonando de modo definitivo todas as infantilidades que têm assoberbado a “criança” humana desde os primórdios daquilo que apelidamos de civilização.
No dia 6 de Dezembro de 1273 – dia da festa de S. Nicolau de Bari – S. Tomás de Aquino encontrava-se no convento de Nápoles, onde celebrava missa. Aí, terá tido uma experiência mística, após a qual abandonou de imediato a finalização da Suma Teológica, nada mais escrevendo até à sua morte.
Instado sobre o facto de não a terminar e de mais nada escrever, limitou-se a responder: “Já não posso mais, porque tudo o que escrevi me parece palha.”
É este o maior ensinamento que julgo ter recebido do Santo.
Também eu sinto e afirmo com a certeza possível, que tudo o que aqui está escrito, mais não é do que palha.
Não nos iludamos. Estamos sós. Temos de o compreender, não apenas superficialmente, mas na profundeza do nosso ser. Estamos sós nessa caminhada para algures ou para lado nenhum.
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QUALQUER INJUSTIÇA É UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE
Porque julgamos os outros em função das nossas conveniências, nunca saberemos o que é a cegueira da justiça.
A injustiça contra um é um crime cometido contra toda a humanidade.
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O CRIME DEVERIA NIVELAR O HOMEM TAL COMO A MORTE
Como a balança que pesa indiferentemente ouro e ferro, assim deveria ser a justiça.
A lei deverá espelhar a morte: não beneficiar ou excluir seja quem for.
Um homem poderoso entrou algemado no tribunal da cidade de Nova Iorque. Os seus amigos, em França, revoltaram-se porque o seu tratamento não difere de um vulgar criminoso. Esquecem-se de que o delito nivela os homens onde a justiça funciona.
A lei deverá espelhar a morte: não beneficiar ou excluir seja quem for.
Um homem poderoso entrou algemado no tribunal da cidade de Nova Iorque. Os seus amigos, em França, revoltaram-se porque o seu tratamento não difere de um vulgar criminoso. Esquecem-se de que o delito nivela os homens onde a justiça funciona.
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MUNDOS INFINITOS E ETERNOS
Muito se fala em eternidade e infinito daquilo que denominamos universo. São conceitos que intuímos e que nos habituámos a ver definidos nos suportes físicos do conhecimento, mas de cuja realidade estamos inelutavelmente alheados.
O pensamento gerado no cérebro não os consegue atingir, como consequências das suas naturais limitações espácio-temporais.
No que identificamos como “todo”, o número de mundos será desde sempre potencialmente infinito.
O pensamento gerado no cérebro não os consegue atingir, como consequências das suas naturais limitações espácio-temporais.
No que identificamos como “todo”, o número de mundos será desde sempre potencialmente infinito.
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UM POVO ABÚLICO
Neste país ferruginoso, bocejam os pobres e arrotam os políticos na companhia de seus vastos séquitos. A tirania democrática cavalga a ignorância e a paciência deste povo abúlico.
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ESCRAVATURA CONTEMPORÂNEA
As nações que maior crescimento económico apresentam, alimentam com um punhado de arroz os seus trabalhadores.
Quando adquirimos os seus produtos, nunca nos lembramos de que neles está violentamente espelhado o sofrimento atroz da escravatura contemporânea.
Quando adquirimos os seus produtos, nunca nos lembramos de que neles está violentamente espelhado o sofrimento atroz da escravatura contemporânea.
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PANTEÍSMO
O panteísmo é a doutrina segundo a qual tudo o que existe é Deus.
A história humana não é um processo degenerativo ou progressivo. É uma história estável de crueldades de mil e uma faces.
Como poderemos explicar a luta incessante dos seres e as terríveis catástrofes que no seu seio vingam?
A história humana não é um processo degenerativo ou progressivo. É uma história estável de crueldades de mil e uma faces.
Como poderemos explicar a luta incessante dos seres e as terríveis catástrofes que no seu seio vingam?
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AS LEIS ESTÃO AO SERVIÇO DOS ÍMPIOS
Liberdade sem justiça é o mesmo que pescador sem artes de pesca. Por isso, as nossas peixarias estão vazias, com as leis ao serviço dos ímpios.
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CULPA POLÍTICA
Na arena política a culpa de um não deve ser a pena de todos. Mas, também a culpa de todos não deve ser a pena de um só.
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O MAIOR INIMIGO DO MENTIROSO
A falta de memória é o maior inimigo do mentiroso.
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O SUICÍDIO PSICOLÓGICO
Se a maior das dores é a existencial, façamos findar as nossas vidas. Suicidemo-nos. Suicidemo-nos para o passado, psicológica e não fisicamente. Não há angústia existencial que não ceda à morte psicológica.
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OS MÉDICOS DE HOJE
Os médicos de hoje, rapazinhos imberbes e meninas de colo, julgam-se alguém, apenas porque são “médicos”, pavoneando-se pelos corredores dos hospitais, prescrevendo tal piloto sentado no simulador de voo, esquecido de que o avião verdadeiro tem motores de verdade e gente de verdade no seu interior, e como tudo é tão verdadeiro, por ignorância e inexperiência lhes parece falso, e porque há tanta gente que sofre e o sofrimento não é seu, julgam que não sofrem, porquanto as letras dos livros que tão bem memorizaram não se queixam nem padecem.
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PORTUGAL E A INCÚRIA
Portugal é um país de despesa improdutiva. Daí a sua pobreza.
Mas, a sua maior miséria é a incúria e incompetência dos seus governantes, e a inoperância do sistema judicial.
Mas, a sua maior miséria é a incúria e incompetência dos seus governantes, e a inoperância do sistema judicial.
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CULPA OBJECTIVA E CULPA SUBJECTIVA
Será que existe uma culpa objectiva, ou apenas poderemos razoavelmente falar na culpa subjectiva?
Se assim é, qual a sua medida?
O grau de arrependimento?
Se assim é, qual a sua medida?
O grau de arrependimento?
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TOLOS E HOMENS DE BEM - VÍTIMAS...
Os tolos assemelham-se bastas vezes aos homens de bem, e assemelham-se na sua ingénua credulidade. Aí, ambos, constituem-se como apetecido património de vigaristas, ladrões, velhacos e burlões, que à sua custa se divertem e enriquecem.
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O UNIVERSO É PRODUTO DE MERA CASUALIDADE
O Universo é produto de mera casualidade, nada indiciando que tenha sido criado.
Pensemos num ser superior, omnipotente, omnipresente e omnisciente. Algo auto-suficiente, que se compraz com a sua própria e perfeita existência.
Que necessidade imperiosa o poderia compelir a criar o mundo?
Pensemos num ser superior, omnipotente, omnipresente e omnisciente. Algo auto-suficiente, que se compraz com a sua própria e perfeita existência.
Que necessidade imperiosa o poderia compelir a criar o mundo?
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PREFERIR UM INIMIGO A MIL AMIGOS
Prefiro um inimigo corajoso, austero, frontal, a mil amigos cobardes, elegantes e dóceis.
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ONDE UM CONDENADO FURTA TODOS FURTAM IMPUNEMENTE
Havendo na aldeia salteadores com condenação judicial, todos os outros podem furtar impunemente.
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A CONSCIÊNCIA DO POVO
A consciência da populaça é um espelho embaciado onde a imagem reflectida é interpretada em consonância com o umbigo de cada um.
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A INCOMUNICABILIDADE DOS MUNDOS
O mundo acessível aos nossos telescópios é uma ínfima fracção do infinito e a incomunicabilidade entre os diversos mundos habitados é meramente casual, muito especialmente por via das enormes distâncias que os separam. Afastamos assim a tese de que a quase impossibilidade de comunicação é fruto dos desígnios de um Criador.
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COMO TOMAR UMA DECISÃO
A decisão para ser potencialmente útil e justa, deve percorrer quatro fases:
- a enunciação dos factos;
- a sua compreensão;
- a análise e julgamento dos interesses em jogo; e
- a decisão propriamente dita.
- a enunciação dos factos;
- a sua compreensão;
- a análise e julgamento dos interesses em jogo; e
- a decisão propriamente dita.
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A TROVOADA AFASTA A MALEDICÊNCIA
A copa da tília grande do largo da minha aldeia é abrigo de maledicência e ócio. Apenas quando troveja, fica solitária e em paz.
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A QUEM É QUE A CASTIDADE APROVEITA?
A quem é que a castidade aproveita?
A mulher solteira, quando casta, casa sem conhecer as vantagens ou desvantagens dos apelos de amor carnal.
A mulher casada, se casta e mal servida, sofre as mais horrendas torturas psicológicas.
A que renuncia ao sexo, por dele não sentir necessidade, nunca conhecerá o paraíso em vida.
A viúva, cuja castidade é de todas a mais meritória, morre afogada em desejos.
A mulher solteira, quando casta, casa sem conhecer as vantagens ou desvantagens dos apelos de amor carnal.
A mulher casada, se casta e mal servida, sofre as mais horrendas torturas psicológicas.
A que renuncia ao sexo, por dele não sentir necessidade, nunca conhecerá o paraíso em vida.
A viúva, cuja castidade é de todas a mais meritória, morre afogada em desejos.
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A CARIDADE É MUDA
A caridade não conhece fronteiras, não tem idioma, crenças, aparência específica. Começa em nós e estende-se ao mundo. Não é cega, mas para ser caridade, é muda.
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GANHAR OU PERDER?
Muitas vezes julguei ganhar, e perdi. Outras julguei perder, e ganhei.
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A CALÚNIA
A calúnia é uma arma de arremesso empunhada por invejosos, hipócritas e mitómanos, que por onde passa tudo arrasa sem se afadigar, poupando o maldoso e torturando o virtuoso. E se não se cansa nem se farta, deixa o seu rasto por todo o lado, sujando inocentes, manchando homens de bem, enquanto o caluniador se limita a desaparecer de cena nesse sórdido acto teatral.
Abençoados os actores que são indiferentes à calúnia e ao louvor.
Abençoados os actores que são indiferentes à calúnia e ao louvor.
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O FRIO DOS POBRES
O frio dos pobres é gélido, mais frio do que o frio dos ricos, tal como frialdade que aumenta em dia de forte ventania. Quanto menos roupa, mais frio deus lhes dá.
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LUCRO NA DOENÇA E NA MORTE
Não há ninguém que mais aprecie a doença do que o médico e o farmacêutico. Já a morte é o celeiro do cangalheiro e do padre.
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NÃO ENSINES AO LADRÃO ONDE ESTÃO OS TEUS TESOUROS...
Não ensines o caminho dos teus tesouros a ladrões, nem por uma única vez, a menos que deles os faças seus guardiões.
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FAMILIARIDADE EXCESSIVA
Convivência e familiaridade excessiva de homens de fraco carácter com homens nobres, faz com que aqueles adquiram as manhas e defeitos destes, ao invés das muitas virtudes que apresentam.
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NAS COSTAS DOS OUTROS VEMOS AS NOSSAS
Os que ontem eram estimados, reconhecidos e vangloriados, amanhã serão vilipendiados, olvidados e maltratados. Como é que os “grandes homens” disso se não apercebem? Como é que na sua grandeza, ignoram uma verdade tão óbvia, com constância confirmada pela história?
Nas costas dos outros vemos as nossas!
Eles não. De “grandes” nada têm e a sua cegueira é voluntária, insípida e patética.
Nas costas dos outros vemos as nossas!
Eles não. De “grandes” nada têm e a sua cegueira é voluntária, insípida e patética.
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O INDECISO
O indeciso só deixa de o ser, pela intervenção do coração. Ou seja, pela cabeça não se decide, mas a um ímpeto do coração, arroja-se temerariamente na direcção que este lhe indicar.
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UM MUNDO DE IDIOTAS
Neste mundo de idiotas, apenas os loucos – nomeados ou diplomados – e os humoristas estão habilitados a expressar a verdade. Uns porque ou estão desprovidos de juízo ou o fazem crer, e os outros porque são “palhaços”.
Os que afirmam a verdade incómoda, se o não são, passam a ser reputados como tal, assim justificando a sociedade, o naturalmente injustificável.
Os que afirmam a verdade incómoda, se o não são, passam a ser reputados como tal, assim justificando a sociedade, o naturalmente injustificável.
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QUANDO O ABSOLUTO SURGE
Quando o Absoluto surge, nasce o anonimato.
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OS HOMENS SÃO COMO OS COELHOS
Muitos homens são como os coelhos: quando não dormem, comem. Esqueçamos o restante, dada a época de anorexia sexual que atravessamos...
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OS ERROS DO HOMEM
O homem esquece-se muito rapidamente dos seus erros, mas Deus criou a mulher para constantemente lhos relembrar.
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POETA, PINTOR E LOUCO
Poeta, pintor e louco têm um denominador comum: na sua arte tudo lhes é permitido.
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O POVO DA MINHA ALDEIA
O povo da minha aldeia é um mealheiro partido. Por cada velho sábio que nos abandona, uma moeda é retirada e com ela se perde um grão de sageza.
Poucos grãos restam.
Pouco resta para que a minha “Universidade” se transforme num covil de ignorantes ajuramentados.
Poucos grãos restam.
Pouco resta para que a minha “Universidade” se transforme num covil de ignorantes ajuramentados.
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A BOCA DOS POLÍTICOS FEDE A TÚMULO
A boca de alguns políticos, quando se abre, fede a túmulo.
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A FAMA
A fama é uma ave migratória condenada à extinção.
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POUCOS VALEM O QUE TÊM
A personalidade do homem ao longo dos tempos tem sido moldada pelo trabalho, pelos bens materiais de que consegue dispor e pelo poder que alcança.
Daí a crise terrível que nos ameaça, onde cada um nem sequer vale o que tem.
Daí a crise terrível que nos ameaça, onde cada um nem sequer vale o que tem.
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DESCER COM HUMILDADE AOS "PEQUENINOS"
Saber com humildade descer aos “pequeninos”, faz-nos superar os “grandes”.
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AMIZADE E AMOR
A amizade é uma espécie de ave terrestre inábil para voar.
Só o Amor resplandece na liberdade dos céus.
Só o Amor resplandece na liberdade dos céus.
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A BELEZA NÃO SE PÕE NA MESA...
Diz o povo que “a beleza não se põe na mesa”. Mas, infelizmente, deitada no leito, cega com o seu poder ricos e pobres, homens lúcidos e tolos, catedráticos e idiotas. E, mesmo que apenas tenha a profundidade da pele, será sempre rainha, ainda que por um dia.
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AS ARMAS DAS MULHERES
Algumas mulheres têm por armas privilegiadas a beleza e as lágrimas. A primeira, tal como a mais bela das flores, cedo finda, enquanto que a segunda floresce sem murchar, aprimorando-se no tempo.
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ONDE VIVE O AMOR?
O amor gratuito e forte, com a força da própria morte, não vive onde nasce mas no que ama.
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O SEGREDO - ALMA DO NEGÓCIO
O segredo só é a alma do negócio, porquanto o ser humano é oportunista, invejoso e vicioso.
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A MAIOR DAS DORES
A maior de todas as dores é a existência com a sua angústia, dúvidas e efemeridade.
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segunda-feira, 30 de maio de 2011
DA NATUREZA DA MORTE
Numa primeira análise, a morte é um facto biológico, fisiológico, que atinge todos os seres vivos que detenham um corpo. A corrupção orgânica, equivale à destruição da existência, daquela existência particular, enquanto tal. Aqui, interessa-nos enquanto questão metafísica.
A morte, surge-nos por vezes como uma consolação: todos morremos, ricos e pobres, poderosos e desvalidos, sacerdotes e ateus, médicos e enfermos. A morte igualiza-nos. Se todos nós não fomos ouvidos para nascer, também não o seremos para morrer.
Platão, que na tradição socrática define a morte como a separação da alma espiritual do corpo, identifica no diálogo Fédon, a investigação filosófica com a purificação da alma e com a preparação para a morte – entendida esta, como a libertação final. Daí, nasceu na filosofia, e em filósofos de nomeada, o facto da morte se constituir como, senão, o problema mais importante da filosofia, pelo menos um dos mais importantes – Platão, Agostinho, Cícero, Schopenhauer, Kierkegaard, Heidegger, para só citar alguns. Schopenhauer, faz inclusivamente depender a filosofia da determinante experiência da morte, quando afirma que sem esta, inexistiria aquela. Schelling pergunta-se se a morte será apenas um nada, ou um nada que destrói o pensamento?
Movimentamo-nos na área do conhecido e a morte termina com este e com o nosso corpo.
A morte é inelutável. Podemos perseverar no seu olvido, submetê-la aos mais redundantes e ardilosos raciocínios, ou ainda acreditar piamente como crianças crescidas na reencarnação ou na ressurreição. Se por um lado nos reduz à incontestável condição de finitude corpórea, por outro, tem-nos dado a esperança de uma continuidade feliz, que é a imortalidade. Seja como for, a nossa acção, quer busquemos refúgio na igreja, quer num qualquer livro – “sagrado” ou não –, ela acompanhar-nos-á por toda a nossa vida. E se nem sequer compreendemos a vida como poderemos compreender a morte?
Não podemos discutir ou fazer acordos com a morte. Poderemos nós adiá-la, induzi-la à concessão de um prazo favorável que nos permita concluir os nossos mesquinhos projectos? Obviamente que não. A inevitabilidade não admite concessões.
Vida e morte caminham de mãos dadas na floresta da existência. Só se vive quando se morre e morre-se para viver. É pela morte que nasce o inteiramente novo e são exterminadas as velharias imprestáveis armazenadas no cérebro.
A vida eterna, será mais do que uma mera existência em cada momento do tempo futuro? Não será antes – como afirmam alguns teólogos – um estado que independe do tempo, onde não há antes, não há depois, e por tal motivo, inexiste qualquer possibilidade de mudança?
Para o iluminado, vida e morte são a mesma face da mesma moeda.
O que os filósofos julgam que espera os homens após a morte, não é o que julgam. A vida nasce da morte e a morte da vida.
A idade deveria conceder-nos o dom da aceitação da morte, o que seria sinónimo de sabedoria. No entanto, concede-nos apenas um medo indestrutível, consequência da nossa ignorância e desprezo pela vida.
Quando se morre, desconhece-se de quem é o ganho: se de quem parte, se de quem fica.
O que está para além da morte é uma incógnita, um mistério metafísico. Sócrates tinha a esperança da existência de algo para além dela, que segundo a tradição e as crenças estabelecidas, seria muito melhor para os bons do que para os maus. Se realmente a morte nos libertasse de tudo, que boa sorte seria para os maus, ao morrerem, verem-se desembaraçados quer do corpo quer do mal e da sua maldade, ao mesmo tempo que da alma – veja-se de Platão, o Fédon.
A morte, esse fenómeno extraordinário, para ser compreendida, tem de o ser com o amor, apenas o amor a pode penetrar. Quando morremos psicologicamente estamos a conviver com a morte e saberemos o que é morrer, quando isso acontecer no plano físico.
Quando morremos para o conteúdo da memória, para o passado, para os nossos pensamentos, em suma, para o “eu”, somos introduzidos na criação e renovação, no mistério da morte, que afinal não é mistério nenhum. A erradicação do pensamento, neste sentido, não é uma fuga à incapacidade de erradicarmos a ideia de morte.
Se de instante a instante morremos para os acontecimentos quotidianos, para o ódio, ciúme e outros estados negativos, para o prazer, desejos apegos, para o sofrimento, para os problemas que nos afligem, para o que contemplamos, estaremos em contacto directo com a morte, essa realidade tão temida.
Com a cessação do pensamento há purificação, alegria, inocência. A morte do velho traz o júbilo do inesperado. Para além da morte está o sempre novo. E para além da morte existe algo. Mas, sois vós que tendes de o descobrir; não eu por vós, nem concílios, igrejas, gurus ou quaisquer santos e videntes.
JOSÉ MARIA ALVES
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A morte, surge-nos por vezes como uma consolação: todos morremos, ricos e pobres, poderosos e desvalidos, sacerdotes e ateus, médicos e enfermos. A morte igualiza-nos. Se todos nós não fomos ouvidos para nascer, também não o seremos para morrer.
Platão, que na tradição socrática define a morte como a separação da alma espiritual do corpo, identifica no diálogo Fédon, a investigação filosófica com a purificação da alma e com a preparação para a morte – entendida esta, como a libertação final. Daí, nasceu na filosofia, e em filósofos de nomeada, o facto da morte se constituir como, senão, o problema mais importante da filosofia, pelo menos um dos mais importantes – Platão, Agostinho, Cícero, Schopenhauer, Kierkegaard, Heidegger, para só citar alguns. Schopenhauer, faz inclusivamente depender a filosofia da determinante experiência da morte, quando afirma que sem esta, inexistiria aquela. Schelling pergunta-se se a morte será apenas um nada, ou um nada que destrói o pensamento?
Movimentamo-nos na área do conhecido e a morte termina com este e com o nosso corpo.
A morte é inelutável. Podemos perseverar no seu olvido, submetê-la aos mais redundantes e ardilosos raciocínios, ou ainda acreditar piamente como crianças crescidas na reencarnação ou na ressurreição. Se por um lado nos reduz à incontestável condição de finitude corpórea, por outro, tem-nos dado a esperança de uma continuidade feliz, que é a imortalidade. Seja como for, a nossa acção, quer busquemos refúgio na igreja, quer num qualquer livro – “sagrado” ou não –, ela acompanhar-nos-á por toda a nossa vida. E se nem sequer compreendemos a vida como poderemos compreender a morte?
Não podemos discutir ou fazer acordos com a morte. Poderemos nós adiá-la, induzi-la à concessão de um prazo favorável que nos permita concluir os nossos mesquinhos projectos? Obviamente que não. A inevitabilidade não admite concessões.
Vida e morte caminham de mãos dadas na floresta da existência. Só se vive quando se morre e morre-se para viver. É pela morte que nasce o inteiramente novo e são exterminadas as velharias imprestáveis armazenadas no cérebro.
A vida eterna, será mais do que uma mera existência em cada momento do tempo futuro? Não será antes – como afirmam alguns teólogos – um estado que independe do tempo, onde não há antes, não há depois, e por tal motivo, inexiste qualquer possibilidade de mudança?
Para o iluminado, vida e morte são a mesma face da mesma moeda.
O que os filósofos julgam que espera os homens após a morte, não é o que julgam. A vida nasce da morte e a morte da vida.
A idade deveria conceder-nos o dom da aceitação da morte, o que seria sinónimo de sabedoria. No entanto, concede-nos apenas um medo indestrutível, consequência da nossa ignorância e desprezo pela vida.
Quando se morre, desconhece-se de quem é o ganho: se de quem parte, se de quem fica.
O que está para além da morte é uma incógnita, um mistério metafísico. Sócrates tinha a esperança da existência de algo para além dela, que segundo a tradição e as crenças estabelecidas, seria muito melhor para os bons do que para os maus. Se realmente a morte nos libertasse de tudo, que boa sorte seria para os maus, ao morrerem, verem-se desembaraçados quer do corpo quer do mal e da sua maldade, ao mesmo tempo que da alma – veja-se de Platão, o Fédon.
A morte, esse fenómeno extraordinário, para ser compreendida, tem de o ser com o amor, apenas o amor a pode penetrar. Quando morremos psicologicamente estamos a conviver com a morte e saberemos o que é morrer, quando isso acontecer no plano físico.
Quando morremos para o conteúdo da memória, para o passado, para os nossos pensamentos, em suma, para o “eu”, somos introduzidos na criação e renovação, no mistério da morte, que afinal não é mistério nenhum. A erradicação do pensamento, neste sentido, não é uma fuga à incapacidade de erradicarmos a ideia de morte.
Se de instante a instante morremos para os acontecimentos quotidianos, para o ódio, ciúme e outros estados negativos, para o prazer, desejos apegos, para o sofrimento, para os problemas que nos afligem, para o que contemplamos, estaremos em contacto directo com a morte, essa realidade tão temida.
Com a cessação do pensamento há purificação, alegria, inocência. A morte do velho traz o júbilo do inesperado. Para além da morte está o sempre novo. E para além da morte existe algo. Mas, sois vós que tendes de o descobrir; não eu por vós, nem concílios, igrejas, gurus ou quaisquer santos e videntes.
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JOSÉ MARIA ALVES
DA EXISTÊNCIA DE DEUS E DA ALMA
Em filosofia, ou melhor, na vida, todo o problema independentemente da sua maior ou menor complexidade, deve ser abordado sem quaisquer condicionamentos, crenças ou ideologias. Quando nos libertamos das influências religiosas, filosóficas, das inúmeras impressões residuais da nossa mente, para além de nos vermos tal qual somos, temos a objectividade necessária para a sua resolução, avaliando os factos de modo imparcial, sem a contaminação de uma visão nocivamente interpretativa. A maioria dos filósofos, que negaram por via da razão a existência de um Deus particular, não conseguiram alhear-se dos seus condicionamentos da infância – v.g. Descartes e o próprio Kant.
Os filósofos, por intermédio da especulação, podem “criar” ou “matar” deuses. São crianças cultas inventando conceitos de segurança para os seus medos e para os medos, inquietações e sensação de impermanência das sociedades a que pertencem.
O intelecto é insignificante por ter a sua actividade limitada pelo espaço-tempo. Assim, todas as filosofias estão limitadas pelos ferozes condicionamentos daquele e as investigações surgem como consequência do seu engenho desenvolvido ao longo dos séculos.
Quando não “possuímos” – e em contrapartida não somos possuídos – sistemas filosóficos, religiões com os seus deuses e dogmas, superstições, pessoas e coisas, estamos preparados para ingressar sem esforço na Terra da Verdade. Esta Verdade não é estática e como tal não pode ser definida, enclausurada numa qualquer fórmula limitativa. Não permite o acumular de conhecimentos, tendo de ser percepcionada em cada instante, da mesma forma que o deve ser a beleza de um rosto, de um vale serpenteado por rio de águas cristalinas, das nuvens, de uma magnífica aurora.
Conhecemos o que nos é exterior pela experiência. Mal ou bem, conhecemos o mundo e uma parte da nossa mente.
Pergunto: pode o conhecido atingir o desconhecido? há alguma experiência que nos possa conduzir à “terra de ninguém”, à Verdade, ao incognoscível?
Se a mente percebe a sua incapacidade para atingir Deus, cessa a busca, e com este abandono, pacifica-se, silencia, e talvez por intermédio do silêncio pacificador, possa intuitivamente aceder ao conhecimento instantâneo.
Precisamos de aniquilar os mecanismos de defesa psicológica. A liberdade só poderá existir em toda a sua plenitude, quando o nosso cérebro estiver integralmente despojado de dependências obnubiladoras, tais como as religiões organizadas e os seus deuses, puras invenções de mentes atormentadas. Estas maleitas, fortemente arreigadas nos alicerces profundos do cérebro, não podem ser esconjuradas por filósofos, teólogos, gurus, e outros repugnantes vendilhões da felicidade. Apenas nós as podemos destruir por intermédio da observação compreensiva. Por outro lado, se a vontade e os múltiplos anseios, desejos e apegos desaparecem naturalmente, nasce no homem uma energia indescritível e incomensurável.
A vida deve ser considerada como um todo, e não observada parcelarmente, já que é um fenómeno eivado de anarquia. Pela parte pretendemos atingir o Todo, partindo do conhecido almejamos o desconhecido. Quão tolos somos!
Habituámo-nos a ver apenas o que nos rodeia, objectos e pessoas que nos circundam. No entanto, precisamos de penetrar no infinito – no que não tem começo nem fim –, estender a nossa visão para além de todos os limites que conhecemos, independentemente da sua inacessibilidade ao pensamento.
Uma vida sem autoconhecimento e sem a pura observação de tudo o que nos rodeia, é um desperdício, e como tal não merece ser vivida.
Porque é que transformamos as experiências dos outros em nossas? O que é que nos leva a sublimar ou ignorar as nossas próprias vivências?
O espírito acomodatício não quer encarar os factos, em especial os que nos são desagradáveis ou que não respondem às nossas inquietações. Mas, a experiência de outrem, é uma experiência que não é própria, fazendo com que o ser humano que a perfilha, não seja mais do que um cidadão de 2ª, homem vestido de penas, tal papagaio.
Olhamos o Universo na sua imensidão, a vastidão do espaço com uma aparente infinitude de astros e sentimos intensamente a nossa efemeridade. É indubitavelmente esse sentimento de impermanência, tão inquietante quanto angustiante, que nos levou a buscar algo, que esteja para além do nascimento e da morte e que possa connosco “negociar” a imortalidade.
Dizer que o Universo não é o produto de um acidente, mas antes de uma Realidade absolutamente consciente, sábia e boa, é negar todo um conjunto de factos, e os factos são indesmentíveis – que se apresentam ao nossos sentidos. Já o estabelecimento de uma relação com essa Realidade transcendente, capaz de nos transfigurar, é pressuposto que apenas no mais íntimo da individualidade poderá obter resposta. Não há fórmulas mágicas, credos, procedimentos mortificantes, que a proporcionem e expliquem.
O homem deseja o prazer; é algo de primário. Os desejos são múltiplos, pertencendo uns à cidade terrena outros à cidade de deus. Não obstante sejam muitas as distracções do homem, com os seus consequentes desejos, o maior e o mais inatingível é o de Deus, estando associado à aspiração da imortalidade. Se a essência do Todo for a infinitude e a eternidade, podemos estar certos que o pensamento nunca a atingirá, por via das suas naturais limitações.
Tem de ser cada um de nós, por si, sem recurso a dogmas, crenças, sistemas filosóficos ou auxiliados pela teologia – seja a dogmática, seja a natural –, que deve descobrir se Deus tem uma verdadeira existência ou se é um fantasma elaborado por um pensamento tortuoso, a quem todas as ilusões são concedidas de molde a minimizar o sofrimento psicológico pela fuga da realidade, do que realmente é.
Tem de ser cada um de nós, que deve descobrir se existe uma alma e o que é a morte, essa realidade fantástica que tanto nos atormenta e aniquila a beleza da vida.
As Igrejas com a sua horda de sacerdotes ineptos não têm qualquer valor, para além de permitirem ao miserável homem comum uma frágil e ilusória segurança.
Não sabemos se Deus e a alma existem. Desconhecemos o que é a morte. Independentemente das inúmeras respostas de filósofos e teólogos alicerçadas na razão, na fé ou em ambas, nada conseguimos atingir ou o que atingimos está à partida condicionado pelas impressões residuais acumuladas na mente humana durante milénios e na nossa em especial, durante toda a nossa vida. São em regra, respostas programadas, quer ao nível consciente quer inconsciente. Não poderia ser de outra forma. O pensamento é um exímio prestidigitador, um ilusionista que se engana a si mesmo quando pretende transcender o espaço-tempo na inglória tentativa de compreender o que é permanente, e como tal, não pertence à natureza do impermanente. O pensamento só compreende – quando compreende – realidades limitadas, não as que excedem limites inultrapassáveis. Em boa verdade, toda a actividade do cérebro, padece das mesmas limitações deste: as do espaço e do tempo. Ora, o que é limitado, não tem acesso ao ilimitado, à eternidade e à infinitude.
Podemos então, confiar no pensamento? Julgo que não! Por muito elaborado, lógico, coerente e profundo que seja o pensamento, isso não fará com que a superficialidade e a inconsistência reinem no seu seio. A Verdade é uma terra sem dono, terra de ninguém, trilho não delineado, inatingível por qualquer doutrina, sistema filosófico, especulação ou religião. A Verdade não jorra nos corações dos que a perseguem com incessante ansiedade, porque é contrária à ambição, a todas as ambições, mesmo à ambição que apenas se tem a si como objecto.
A sabedoria é a constatação da nossa ignorância, da incognoscibilidade das questões metafísicas e da sua inevitável aceitação.
Muitas das vezes, os que aparentam sabedoria são tão insensatos como crianças, jogando às escondidas ou “reinando”,
Em bom rigor, a sabedoria entendida como conhecimento, tem muito pouco valor. Apenas quando reconhecemos a nossa ignorância, como o fez Sócrates, terá alguma valia.
A minha metafísica, resume-se grosso modo, a um simples “não sei”. Não conheço expressão mais fácil e real. Se não sei e não procuro, talvez venha a conhecer, talvez encontre, melhor, talvez venha eu mesmo a ser encontrado. É esta a humildade que permite transcender o espaço-tempo.
Deus não pode ser definido. Manter-se-á para todo o sempre como o que é incognoscível. E se por um mero acaso, eu tiver alguma experiência de aproximação à sua existência e essência, essa experiência será unicamente minha e praticamente incomunicável, e terá nascido da morte do pensamento.
Ao problema da existência de Deus, conceito que remonta aos primórdios da humanidade, referem-se os filósofos a uma entidade suprema, que se identifica com uma existência absoluta, que se satisfaz a si mesma subsistindo por si, que cria e é livre no acto da criação. Poderá este deus dos filósofos, ser também o deus de uma determinada religião? Em consonância com os nossos condicionamentos, que como tal pouco mais são do que pura ficção, poderemos responder afirmativa ou negativamente, mas sempre de modo dúbio e incerto.
Filósofos, aspirantes a santos, místicos de práticas torturantes, afadigam-se na procura de um Deus que lhes escapa e que se lhes nega, não obstante se iludam com certezas e visões que têm a medida das suas expectativas. Não estão libertos do medo. Se o homem não estiver acorrentado pelo medo procurará Deus?
O deus das religiões, dos teólogos, dos filósofos, dos livros “sagrados”, não é Deus, antes uma mera ilusão, ainda que agasalhadora e assombrosa. Se o conceito e a crença não existissem, estaríamos limitados à alegria e à tristeza, mas logo o inventaríamos para protecção dos nossos medos angustiantes.
Na fé, pode existir uma verdadeira “cegueira filosófica”, uma fé sem qualquer alicerce, construída nas nuvens que são arrastadas por ventos que mudam constantemente de direcção. Esta, não é de todo razoável, mas antes acto irracional e cómodo. Apesar de tudo, no Concílio Vaticano I, foi frontalmente atacado o fideísmo, afirmando-se a plena capacidade da razão para demonstrar a existência de Deus, mais do que atestar por uma mera razoabilidade o acto de fé subjectivo.
A criação dos nossos deuses em nada diminuiu o sofrimento do ser humano, excepcionados alguns espíritos raros – normalmente apelidados de místicos – que, como consequência de patologia mental ou de uma realidade que nos transcende – e para sempre transcenderá – se acercaram do Absoluto, comungando da sua essência ou deram assentimento à sua existência.
Confiai em Deus, dizem-vos. Mas que confiança e amor podeis ter num Ser que permite atrocidades constantes, a miséria, a fome, a morte por carência dos mínimos cuidados de saúde, os cataclismos que engolem tantos inocentes de modo indiscriminado, a guerra, afinal todo um conjunto de males e injustiças? Não teremos de concordar com Epicuro, quando afirma que “a divindade ou quer suprimir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode é impotente; e a divindade não o pode ser. Se pode e não quer, é invejosa, e a divindade não o pode ser. Se não quer e não pode, é invejosa e impotente, portanto não é divindade. Se quer e pode (que é a única coisa que lhe é conforme) donde vem a existência dos males e porque não os elimina?”
Como diz na sua simplicidade uma velhinha da minha aldeia, que Deus é esse, omnipotente e omnisciente, que permite que uma criança seja torturada, violentada e morta por um qualquer criminoso, assistindo impávido e sereno a um acontecimento a que qualquer um de nós obstaria se possível, mesmo com o risco da própria vida. Lembro-vos o “tratamento” a que os pedófilos são sujeitos pelos outros reclusos... e são apenas outros criminosos.
Invocamos Deus e o seu santo nome para nossa protecção – como um antibiótico para uma infecção –, para que vejamos os nossos desejos realizados e os males afastados. E para além deste, há os santos, santos para todos os fins, e uma Virgem Maria que parece ser mais poderosa do que o próprio Ser supremo, tantas vezes relegado para um plano inferior.
Diz-se que o mundo que perdeu o Deus cristão só pode assemelhar-se ao mundo que ainda não o encontrou. Mas, se o Deus único nunca foi encontrado pelo mundo, que poderá este perder?
Mesmo que se considere que o Absoluto é atingível pela experiência mística, dir-se-á que esta é pessoal e intransmissível, inexistindo palavras que a possam cabalmente explicar ou divulgar.
Alguns filósofos tendem a crer na existência de Deus em virtude de não conceberem um Universo apoiado numa realidade pessoal. Poderá o cosmos ser fruto de lei, acaso ou vontade inconsciente? A tal questão respondem pela negativa. O Universo foi criado intencionalmente, com sabedoria e bondade, elevadas ao seu mais alto grau. Mas, tal afirmação não tem correspondência factual.
O deus dos filósofos é o deus da razão, da geometria, dos que reduzem a vida ao raciocínio, sendo como afirma Kolakowski um deus dos fracassos. Um deus dos fracassos e dos fracassados não pode obviamente ser religioso.
Não é o pensamento que ascende ao Absoluto, mas é o Absoluto que atinge a mente vazia.
Só um cérebro, que sem motivo foi esvaziado do seu conteúdo – daquilo que o condiciona –, e que nada busca, poderá ter acesso ao que é Eterno e Infinito. Este Ser, poderosa fonte de energia sem forma nem qualidade é inatingível na sua essência. O Absoluto – ou seja lá o que for – só surgirá por sua livre vontade, espontaneamente, nunca por via das nossas mesquinhas exigências, preces, invocações, ou na pior das hipóteses por práticas “religiosas” mortificantes.
A alma, princípio de vida e princípio de inspiração moral, não pode ser investigada como problema religioso, independentemente dos problemas da imortalidade e de Deus.
Filósofos e teólogos procuraram desde sempre isolar duas substâncias diversas, mas bem definidas, no homem. Por um lado, a alma, que a partir do momento da sua criação subsistiria por todo o tempo futuro, ou seja, eternamente, e o corpo, sujeito à corrupção – mas que no caso do cristianismo ressuscitaria como corpo glorioso.
Se existir uma alma que sobreviva ao corpo, somos forçados a admitir, que essa alma impregnada das vivências, emoções, conhecimentos e memórias do seu portador, manifestar-se-á com todo o seu conteúdo numa nova “vida”. É a continuidade do “eu”, essa entidade tão sofrida e insignificante. Improvável, quase absurdo. As nossas memórias estão intimamente dependentes do cérebro, que está destinado com o corpo à extinção.
Quando o nosso discurso tem como objecto a alma, em regra, estamos no domínio do pensamento. Pensamento que é a fonte do medo, de todos os medos, e em especial do mais poderoso, o medo da morte. É o pensamento que elabora doutrinas ou que se limita a afirmar com cega fé, em atitude de “santa burrice”, a existência da alma, uma alma que é permanente, que não está destinada à corrupção e que viverá com deleite os eternos prazeres dos céus.
Temos uma premente necessidade de acreditar na “vida” depois da morte, porque temos medo e nos sentimos inseguros. Estamos demasiadamente preocupados com a continuidade. Não queremos deixar de ser quem somos, nem deixar de possuir o que possuímos.
Poderá a imortalidade ser a continuação do “eu”? Estranha vontade esta que nega a destruição do que é misérrimo, mesquinho e escabroso. O imortal não tem qualquer afinidade com o mortal.
Que eu morra e renasça a cada instante. Só essa atitude é absolutamente religiosa e a santidade é a observação continuada de nós mesmos e do que nos rodeia, o que faz cessar o tempo com a consequente imersão na eternidade.
JOSÉ MARIA ALVES
www.homeoesp.org
Os filósofos, por intermédio da especulação, podem “criar” ou “matar” deuses. São crianças cultas inventando conceitos de segurança para os seus medos e para os medos, inquietações e sensação de impermanência das sociedades a que pertencem.
O intelecto é insignificante por ter a sua actividade limitada pelo espaço-tempo. Assim, todas as filosofias estão limitadas pelos ferozes condicionamentos daquele e as investigações surgem como consequência do seu engenho desenvolvido ao longo dos séculos.
Quando não “possuímos” – e em contrapartida não somos possuídos – sistemas filosóficos, religiões com os seus deuses e dogmas, superstições, pessoas e coisas, estamos preparados para ingressar sem esforço na Terra da Verdade. Esta Verdade não é estática e como tal não pode ser definida, enclausurada numa qualquer fórmula limitativa. Não permite o acumular de conhecimentos, tendo de ser percepcionada em cada instante, da mesma forma que o deve ser a beleza de um rosto, de um vale serpenteado por rio de águas cristalinas, das nuvens, de uma magnífica aurora.
Conhecemos o que nos é exterior pela experiência. Mal ou bem, conhecemos o mundo e uma parte da nossa mente.
Pergunto: pode o conhecido atingir o desconhecido? há alguma experiência que nos possa conduzir à “terra de ninguém”, à Verdade, ao incognoscível?
Se a mente percebe a sua incapacidade para atingir Deus, cessa a busca, e com este abandono, pacifica-se, silencia, e talvez por intermédio do silêncio pacificador, possa intuitivamente aceder ao conhecimento instantâneo.
Precisamos de aniquilar os mecanismos de defesa psicológica. A liberdade só poderá existir em toda a sua plenitude, quando o nosso cérebro estiver integralmente despojado de dependências obnubiladoras, tais como as religiões organizadas e os seus deuses, puras invenções de mentes atormentadas. Estas maleitas, fortemente arreigadas nos alicerces profundos do cérebro, não podem ser esconjuradas por filósofos, teólogos, gurus, e outros repugnantes vendilhões da felicidade. Apenas nós as podemos destruir por intermédio da observação compreensiva. Por outro lado, se a vontade e os múltiplos anseios, desejos e apegos desaparecem naturalmente, nasce no homem uma energia indescritível e incomensurável.
A vida deve ser considerada como um todo, e não observada parcelarmente, já que é um fenómeno eivado de anarquia. Pela parte pretendemos atingir o Todo, partindo do conhecido almejamos o desconhecido. Quão tolos somos!
Habituámo-nos a ver apenas o que nos rodeia, objectos e pessoas que nos circundam. No entanto, precisamos de penetrar no infinito – no que não tem começo nem fim –, estender a nossa visão para além de todos os limites que conhecemos, independentemente da sua inacessibilidade ao pensamento.
Uma vida sem autoconhecimento e sem a pura observação de tudo o que nos rodeia, é um desperdício, e como tal não merece ser vivida.
Porque é que transformamos as experiências dos outros em nossas? O que é que nos leva a sublimar ou ignorar as nossas próprias vivências?
O espírito acomodatício não quer encarar os factos, em especial os que nos são desagradáveis ou que não respondem às nossas inquietações. Mas, a experiência de outrem, é uma experiência que não é própria, fazendo com que o ser humano que a perfilha, não seja mais do que um cidadão de 2ª, homem vestido de penas, tal papagaio.
Olhamos o Universo na sua imensidão, a vastidão do espaço com uma aparente infinitude de astros e sentimos intensamente a nossa efemeridade. É indubitavelmente esse sentimento de impermanência, tão inquietante quanto angustiante, que nos levou a buscar algo, que esteja para além do nascimento e da morte e que possa connosco “negociar” a imortalidade.
Dizer que o Universo não é o produto de um acidente, mas antes de uma Realidade absolutamente consciente, sábia e boa, é negar todo um conjunto de factos, e os factos são indesmentíveis – que se apresentam ao nossos sentidos. Já o estabelecimento de uma relação com essa Realidade transcendente, capaz de nos transfigurar, é pressuposto que apenas no mais íntimo da individualidade poderá obter resposta. Não há fórmulas mágicas, credos, procedimentos mortificantes, que a proporcionem e expliquem.
O homem deseja o prazer; é algo de primário. Os desejos são múltiplos, pertencendo uns à cidade terrena outros à cidade de deus. Não obstante sejam muitas as distracções do homem, com os seus consequentes desejos, o maior e o mais inatingível é o de Deus, estando associado à aspiração da imortalidade. Se a essência do Todo for a infinitude e a eternidade, podemos estar certos que o pensamento nunca a atingirá, por via das suas naturais limitações.
Tem de ser cada um de nós, por si, sem recurso a dogmas, crenças, sistemas filosóficos ou auxiliados pela teologia – seja a dogmática, seja a natural –, que deve descobrir se Deus tem uma verdadeira existência ou se é um fantasma elaborado por um pensamento tortuoso, a quem todas as ilusões são concedidas de molde a minimizar o sofrimento psicológico pela fuga da realidade, do que realmente é.
Tem de ser cada um de nós, que deve descobrir se existe uma alma e o que é a morte, essa realidade fantástica que tanto nos atormenta e aniquila a beleza da vida.
As Igrejas com a sua horda de sacerdotes ineptos não têm qualquer valor, para além de permitirem ao miserável homem comum uma frágil e ilusória segurança.
Não sabemos se Deus e a alma existem. Desconhecemos o que é a morte. Independentemente das inúmeras respostas de filósofos e teólogos alicerçadas na razão, na fé ou em ambas, nada conseguimos atingir ou o que atingimos está à partida condicionado pelas impressões residuais acumuladas na mente humana durante milénios e na nossa em especial, durante toda a nossa vida. São em regra, respostas programadas, quer ao nível consciente quer inconsciente. Não poderia ser de outra forma. O pensamento é um exímio prestidigitador, um ilusionista que se engana a si mesmo quando pretende transcender o espaço-tempo na inglória tentativa de compreender o que é permanente, e como tal, não pertence à natureza do impermanente. O pensamento só compreende – quando compreende – realidades limitadas, não as que excedem limites inultrapassáveis. Em boa verdade, toda a actividade do cérebro, padece das mesmas limitações deste: as do espaço e do tempo. Ora, o que é limitado, não tem acesso ao ilimitado, à eternidade e à infinitude.
Podemos então, confiar no pensamento? Julgo que não! Por muito elaborado, lógico, coerente e profundo que seja o pensamento, isso não fará com que a superficialidade e a inconsistência reinem no seu seio. A Verdade é uma terra sem dono, terra de ninguém, trilho não delineado, inatingível por qualquer doutrina, sistema filosófico, especulação ou religião. A Verdade não jorra nos corações dos que a perseguem com incessante ansiedade, porque é contrária à ambição, a todas as ambições, mesmo à ambição que apenas se tem a si como objecto.
A sabedoria é a constatação da nossa ignorância, da incognoscibilidade das questões metafísicas e da sua inevitável aceitação.
Muitas das vezes, os que aparentam sabedoria são tão insensatos como crianças, jogando às escondidas ou “reinando”,
Em bom rigor, a sabedoria entendida como conhecimento, tem muito pouco valor. Apenas quando reconhecemos a nossa ignorância, como o fez Sócrates, terá alguma valia.
A minha metafísica, resume-se grosso modo, a um simples “não sei”. Não conheço expressão mais fácil e real. Se não sei e não procuro, talvez venha a conhecer, talvez encontre, melhor, talvez venha eu mesmo a ser encontrado. É esta a humildade que permite transcender o espaço-tempo.
Deus não pode ser definido. Manter-se-á para todo o sempre como o que é incognoscível. E se por um mero acaso, eu tiver alguma experiência de aproximação à sua existência e essência, essa experiência será unicamente minha e praticamente incomunicável, e terá nascido da morte do pensamento.
Ao problema da existência de Deus, conceito que remonta aos primórdios da humanidade, referem-se os filósofos a uma entidade suprema, que se identifica com uma existência absoluta, que se satisfaz a si mesma subsistindo por si, que cria e é livre no acto da criação. Poderá este deus dos filósofos, ser também o deus de uma determinada religião? Em consonância com os nossos condicionamentos, que como tal pouco mais são do que pura ficção, poderemos responder afirmativa ou negativamente, mas sempre de modo dúbio e incerto.
Filósofos, aspirantes a santos, místicos de práticas torturantes, afadigam-se na procura de um Deus que lhes escapa e que se lhes nega, não obstante se iludam com certezas e visões que têm a medida das suas expectativas. Não estão libertos do medo. Se o homem não estiver acorrentado pelo medo procurará Deus?
O deus das religiões, dos teólogos, dos filósofos, dos livros “sagrados”, não é Deus, antes uma mera ilusão, ainda que agasalhadora e assombrosa. Se o conceito e a crença não existissem, estaríamos limitados à alegria e à tristeza, mas logo o inventaríamos para protecção dos nossos medos angustiantes.
Na fé, pode existir uma verdadeira “cegueira filosófica”, uma fé sem qualquer alicerce, construída nas nuvens que são arrastadas por ventos que mudam constantemente de direcção. Esta, não é de todo razoável, mas antes acto irracional e cómodo. Apesar de tudo, no Concílio Vaticano I, foi frontalmente atacado o fideísmo, afirmando-se a plena capacidade da razão para demonstrar a existência de Deus, mais do que atestar por uma mera razoabilidade o acto de fé subjectivo.
A criação dos nossos deuses em nada diminuiu o sofrimento do ser humano, excepcionados alguns espíritos raros – normalmente apelidados de místicos – que, como consequência de patologia mental ou de uma realidade que nos transcende – e para sempre transcenderá – se acercaram do Absoluto, comungando da sua essência ou deram assentimento à sua existência.
Confiai em Deus, dizem-vos. Mas que confiança e amor podeis ter num Ser que permite atrocidades constantes, a miséria, a fome, a morte por carência dos mínimos cuidados de saúde, os cataclismos que engolem tantos inocentes de modo indiscriminado, a guerra, afinal todo um conjunto de males e injustiças? Não teremos de concordar com Epicuro, quando afirma que “a divindade ou quer suprimir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode é impotente; e a divindade não o pode ser. Se pode e não quer, é invejosa, e a divindade não o pode ser. Se não quer e não pode, é invejosa e impotente, portanto não é divindade. Se quer e pode (que é a única coisa que lhe é conforme) donde vem a existência dos males e porque não os elimina?”
Como diz na sua simplicidade uma velhinha da minha aldeia, que Deus é esse, omnipotente e omnisciente, que permite que uma criança seja torturada, violentada e morta por um qualquer criminoso, assistindo impávido e sereno a um acontecimento a que qualquer um de nós obstaria se possível, mesmo com o risco da própria vida. Lembro-vos o “tratamento” a que os pedófilos são sujeitos pelos outros reclusos... e são apenas outros criminosos.
Invocamos Deus e o seu santo nome para nossa protecção – como um antibiótico para uma infecção –, para que vejamos os nossos desejos realizados e os males afastados. E para além deste, há os santos, santos para todos os fins, e uma Virgem Maria que parece ser mais poderosa do que o próprio Ser supremo, tantas vezes relegado para um plano inferior.
Diz-se que o mundo que perdeu o Deus cristão só pode assemelhar-se ao mundo que ainda não o encontrou. Mas, se o Deus único nunca foi encontrado pelo mundo, que poderá este perder?
Mesmo que se considere que o Absoluto é atingível pela experiência mística, dir-se-á que esta é pessoal e intransmissível, inexistindo palavras que a possam cabalmente explicar ou divulgar.
Alguns filósofos tendem a crer na existência de Deus em virtude de não conceberem um Universo apoiado numa realidade pessoal. Poderá o cosmos ser fruto de lei, acaso ou vontade inconsciente? A tal questão respondem pela negativa. O Universo foi criado intencionalmente, com sabedoria e bondade, elevadas ao seu mais alto grau. Mas, tal afirmação não tem correspondência factual.
O deus dos filósofos é o deus da razão, da geometria, dos que reduzem a vida ao raciocínio, sendo como afirma Kolakowski um deus dos fracassos. Um deus dos fracassos e dos fracassados não pode obviamente ser religioso.
Não é o pensamento que ascende ao Absoluto, mas é o Absoluto que atinge a mente vazia.
Só um cérebro, que sem motivo foi esvaziado do seu conteúdo – daquilo que o condiciona –, e que nada busca, poderá ter acesso ao que é Eterno e Infinito. Este Ser, poderosa fonte de energia sem forma nem qualidade é inatingível na sua essência. O Absoluto – ou seja lá o que for – só surgirá por sua livre vontade, espontaneamente, nunca por via das nossas mesquinhas exigências, preces, invocações, ou na pior das hipóteses por práticas “religiosas” mortificantes.
A alma, princípio de vida e princípio de inspiração moral, não pode ser investigada como problema religioso, independentemente dos problemas da imortalidade e de Deus.
Filósofos e teólogos procuraram desde sempre isolar duas substâncias diversas, mas bem definidas, no homem. Por um lado, a alma, que a partir do momento da sua criação subsistiria por todo o tempo futuro, ou seja, eternamente, e o corpo, sujeito à corrupção – mas que no caso do cristianismo ressuscitaria como corpo glorioso.
Se existir uma alma que sobreviva ao corpo, somos forçados a admitir, que essa alma impregnada das vivências, emoções, conhecimentos e memórias do seu portador, manifestar-se-á com todo o seu conteúdo numa nova “vida”. É a continuidade do “eu”, essa entidade tão sofrida e insignificante. Improvável, quase absurdo. As nossas memórias estão intimamente dependentes do cérebro, que está destinado com o corpo à extinção.
Quando o nosso discurso tem como objecto a alma, em regra, estamos no domínio do pensamento. Pensamento que é a fonte do medo, de todos os medos, e em especial do mais poderoso, o medo da morte. É o pensamento que elabora doutrinas ou que se limita a afirmar com cega fé, em atitude de “santa burrice”, a existência da alma, uma alma que é permanente, que não está destinada à corrupção e que viverá com deleite os eternos prazeres dos céus.
Temos uma premente necessidade de acreditar na “vida” depois da morte, porque temos medo e nos sentimos inseguros. Estamos demasiadamente preocupados com a continuidade. Não queremos deixar de ser quem somos, nem deixar de possuir o que possuímos.
Poderá a imortalidade ser a continuação do “eu”? Estranha vontade esta que nega a destruição do que é misérrimo, mesquinho e escabroso. O imortal não tem qualquer afinidade com o mortal.
Que eu morra e renasça a cada instante. Só essa atitude é absolutamente religiosa e a santidade é a observação continuada de nós mesmos e do que nos rodeia, o que faz cessar o tempo com a consequente imersão na eternidade.
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ROUSSEAU
Jean-Jacques Rousseau, nascido em 1712 e falecido em 1778, é um iluminista que atribui à natureza humana, ao invés da razão, factores como o instinto e o sentimento.
Algumas obras:
Discurso sobre as Ciências e as Artes; Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens; Carta a D´Alembert sobre os Espectáculos;
Do Contrato Social – A obra mais conhecida do filósofo e que incide sobre a teoria das instituições;
Emílio – Aqui é exposta a teoria do filósofo acerca da educação, completando a Nova Heloísa (teoria da família) e o Contrato Social;
Cartas Escritas da Montanha – Nesta obra defende a religião natural;
Ensaio sobre a Origem das Línguas; Escritos sobre o Abbé de Saint-Pierre
Rousseau Juiz de Jean-Jacques, Diálogos – O filósofo pretende responder à questão : “Quem sou eu?”
Por vezes, lembra Pascal na análise pessimista que faz do homem. Diz que o homem apesar de ter nascido livre, ainda assim, se encontra acorrentado por toda a parte.
Entende o progresso como um retorno às origens, ou seja, à natureza, já que o conhecimento, o luxo, a arte, em nada contribuíram para a felicidade e virtude da comunidade humana, o mesmo ocorrendo com o aparecimento da propriedade – que gerou o binómio ricos/pobres –, a instituição da magistratura – que determinou a existência de poderosos e de fracos – e do poder arbitrário – com a instituição de patrões e escravos.
Para Rousseau, a existência de Deus é o primeiro dos dogmas da religião natural. Nasce da necessidade de admitir uma causa animadora da matéria, assim como, de decifrar a ordem existente no Universo.
O segundo dogma é a espiritualidade, enquanto liberdade da alma, incorpórea e imortal. Para prova da imortalidade da alma, basta-lhe a constatação do triunfo dos maus e da opressão dos justos neste mundo – o que só pode entrar na ordem com a morte, com a consequente punição dos iníquos e retribuição dos justos, restabelecendo-se assim a desarmonia gerada em vida no Universo.
Rousseau respondeu ao poema de Voltaire sobre o terramoto ocorrido em Lisboa no ano de 1755 – onde este punha em dúvida o governo providencial do mundo –, dizendo: “Voltaire, parecendo crer em Deus, nunca acreditou senão no Diabo, pois pretende que Deus é um ser maléfico que se compraz em fazer dano.”
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Algumas obras:
Discurso sobre as Ciências e as Artes; Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens; Carta a D´Alembert sobre os Espectáculos;
Do Contrato Social – A obra mais conhecida do filósofo e que incide sobre a teoria das instituições;
Emílio – Aqui é exposta a teoria do filósofo acerca da educação, completando a Nova Heloísa (teoria da família) e o Contrato Social;
Cartas Escritas da Montanha – Nesta obra defende a religião natural;
Ensaio sobre a Origem das Línguas; Escritos sobre o Abbé de Saint-Pierre
Rousseau Juiz de Jean-Jacques, Diálogos – O filósofo pretende responder à questão : “Quem sou eu?”
Por vezes, lembra Pascal na análise pessimista que faz do homem. Diz que o homem apesar de ter nascido livre, ainda assim, se encontra acorrentado por toda a parte.
Entende o progresso como um retorno às origens, ou seja, à natureza, já que o conhecimento, o luxo, a arte, em nada contribuíram para a felicidade e virtude da comunidade humana, o mesmo ocorrendo com o aparecimento da propriedade – que gerou o binómio ricos/pobres –, a instituição da magistratura – que determinou a existência de poderosos e de fracos – e do poder arbitrário – com a instituição de patrões e escravos.
Para Rousseau, a existência de Deus é o primeiro dos dogmas da religião natural. Nasce da necessidade de admitir uma causa animadora da matéria, assim como, de decifrar a ordem existente no Universo.
O segundo dogma é a espiritualidade, enquanto liberdade da alma, incorpórea e imortal. Para prova da imortalidade da alma, basta-lhe a constatação do triunfo dos maus e da opressão dos justos neste mundo – o que só pode entrar na ordem com a morte, com a consequente punição dos iníquos e retribuição dos justos, restabelecendo-se assim a desarmonia gerada em vida no Universo.
Rousseau respondeu ao poema de Voltaire sobre o terramoto ocorrido em Lisboa no ano de 1755 – onde este punha em dúvida o governo providencial do mundo –, dizendo: “Voltaire, parecendo crer em Deus, nunca acreditou senão no Diabo, pois pretende que Deus é um ser maléfico que se compraz em fazer dano.”
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VOLTAIRE
François Marie Arouet, que adoptou o nome de Voltaire, nasceu em 1694 e faleceu em 1778.
Foi um dos mais célebres iluministas, cuja divisa era: “Tem coragem para te servires do teu intelecto”.
Algumas obras:
Cartas Filosóficas – Nas primeiras cartas, Voltaire critica o Catolicismo e os seus sacerdotes.
Cândido – Será este o melhor dos mundos? – pergunta-se. Há uma crítica às instituições políticas e religiosas.
Tratado sobre a Tolerância – Voltaire julga a intolerância absurda e horrível.
É um humorista satírico, que não aceita e ironiza, quer a Escolástica quer a religião tradicional. Anticristão, considerava-se deísta – entende-se por deísmo toda a doutrina que admite a existência de um Deus, mas sem a referir a qualquer religião revelada.
O homem se pensar unicamente em si, não está a pensar em nada, diz. E não pensa em nada, porquanto está inelutavelmente ligado ao mundo, por uma condição que coabita quer com o bem quer com o mal, realidades inexplicáveis à luz da razão.
Acreditava que se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo. Porém, toda a natureza proclama e atesta a sua existência.
Deus é o autor da ordem no mundo físico. Limitou-se a colocar os homens e animais na superfície terrestre, devendo estes conduzir-se, segundo a sua natureza, da melhor forma possível.
Relativamente ao terramoto de Lisboa ocorrido em 1755, escreveu um poema, no qual exprimia as suas dúvidas quanto à regência providencial do mundo, o que mereceu uma resposta algo dura de Rousseau.
Não determina os atributos de Deus, e não afirma peremptoriamente que o Ser seja perfeito, não admitindo outrossim, que intervenha nos actos do homem.
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Foi um dos mais célebres iluministas, cuja divisa era: “Tem coragem para te servires do teu intelecto”.
Algumas obras:
Cartas Filosóficas – Nas primeiras cartas, Voltaire critica o Catolicismo e os seus sacerdotes.
Cândido – Será este o melhor dos mundos? – pergunta-se. Há uma crítica às instituições políticas e religiosas.
Tratado sobre a Tolerância – Voltaire julga a intolerância absurda e horrível.
É um humorista satírico, que não aceita e ironiza, quer a Escolástica quer a religião tradicional. Anticristão, considerava-se deísta – entende-se por deísmo toda a doutrina que admite a existência de um Deus, mas sem a referir a qualquer religião revelada.
O homem se pensar unicamente em si, não está a pensar em nada, diz. E não pensa em nada, porquanto está inelutavelmente ligado ao mundo, por uma condição que coabita quer com o bem quer com o mal, realidades inexplicáveis à luz da razão.
Acreditava que se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo. Porém, toda a natureza proclama e atesta a sua existência.
Deus é o autor da ordem no mundo físico. Limitou-se a colocar os homens e animais na superfície terrestre, devendo estes conduzir-se, segundo a sua natureza, da melhor forma possível.
Relativamente ao terramoto de Lisboa ocorrido em 1755, escreveu um poema, no qual exprimia as suas dúvidas quanto à regência providencial do mundo, o que mereceu uma resposta algo dura de Rousseau.
Não determina os atributos de Deus, e não afirma peremptoriamente que o Ser seja perfeito, não admitindo outrossim, que intervenha nos actos do homem.
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KEPLER
Nasceu perto de Estugarda em 27 de Dezembro de 1571 e estudou na Universidade de Tubinga.
Dedicou-se inicialmente ao estudo da geometria euclidiana e da teoria de Copérnico.
Foi assistente de Tycho Brahe e sucedeu-lhe no cargo de astrónomo imperial.
Das próprias observações deste, tirou a mais importante confirmação da doutrina de Copérnico pela descoberta das leis reguladoras do movimento dos planetas.
As duas primeiras leis de Kepler foram publicadas na Astronomia nova de 1609. A terceira surge no escrito Harmonices Mundi de 1619.
Em 1627 publicou as tabelas Rudolfinas, tabelas fundamentais dos planetas que começara a calcular 25 anos antes, quando ainda era assistente de Tycho Brahe.
LEIS DE KEPLER
PRIMEIRA (TAMBÉM CHAMADA LEI DAS ÓRBITAS) – Os planetas movem-se em torno do Sol descrevendo órbitas que são elipses, com o Sol situado num dos focos.
SEGUNDA (LEI DAS ÁREAS) – Diz-nos que uma linha que se estenda do Sol a um planeta, orientada nesse sentido, varre áreas iguais em intervalos de tempo iguais – A linha referida chama-se raio vector.
TERCEIRA (LEI HARMÓNICA) – os quadrados dos períodos da revolução dos planetas em torno do Sol são directamente proporcionais aos cubos das suas distâncias médias ao Sol.
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Dedicou-se inicialmente ao estudo da geometria euclidiana e da teoria de Copérnico.
Foi assistente de Tycho Brahe e sucedeu-lhe no cargo de astrónomo imperial.
Das próprias observações deste, tirou a mais importante confirmação da doutrina de Copérnico pela descoberta das leis reguladoras do movimento dos planetas.
As duas primeiras leis de Kepler foram publicadas na Astronomia nova de 1609. A terceira surge no escrito Harmonices Mundi de 1619.
Em 1627 publicou as tabelas Rudolfinas, tabelas fundamentais dos planetas que começara a calcular 25 anos antes, quando ainda era assistente de Tycho Brahe.
LEIS DE KEPLER
PRIMEIRA (TAMBÉM CHAMADA LEI DAS ÓRBITAS) – Os planetas movem-se em torno do Sol descrevendo órbitas que são elipses, com o Sol situado num dos focos.
SEGUNDA (LEI DAS ÁREAS) – Diz-nos que uma linha que se estenda do Sol a um planeta, orientada nesse sentido, varre áreas iguais em intervalos de tempo iguais – A linha referida chama-se raio vector.
TERCEIRA (LEI HARMÓNICA) – os quadrados dos períodos da revolução dos planetas em torno do Sol são directamente proporcionais aos cubos das suas distâncias médias ao Sol.
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ALBERICO GENTILE
Nasceu no ano de 1552, falecendo em 1611. Foi professor de direito em Oxford.
A única guerra justa é a defensiva.
As guerras religiosas são injustas, porquanto não é pela violência que podemos fazer com que outrem professe a nossa fé.
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ROBERTO BELARMINO
O cardeal Roberto Belarmino nasceu em 1542 e faleceu em 1621. É a figura mais importante da denominada contra-reforma, que teve o seu início no Concílio de Trento – onde ficou estabelecido que as Escrituras, por si, são insuficientes para a salvação; que a sua interpretação é um direito da Igreja e não do homem individual ou colectivamente considerado – e que preconiza o retorno às origens, ao período patrístico.
Belarmino, consultor do Santo Ofício, tomou assento no processo que foi instaurado a Giordano Bruno – que terminou pela sua condenação à morte – e no primeiro que foi instaurado contra Galileu.
Defendeu com eloquência as decisões do Concílio de Trento e a infalibilidade do papa, bem como a sua superioridade à própria Igreja e ao Concílio. Apesar da sua autoridade ser espiritual e não temporal, por via da sua natureza suprema, afirma que o Papa detém o poder máximo na terra, equivalendo à sua capacidade para coroar ou até destronar reis.
A Igreja deveria regressar aos seus princípios mais perfeitos, e estes são os estabelecidos por S. Tomás.
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Belarmino, consultor do Santo Ofício, tomou assento no processo que foi instaurado a Giordano Bruno – que terminou pela sua condenação à morte – e no primeiro que foi instaurado contra Galileu.
Defendeu com eloquência as decisões do Concílio de Trento e a infalibilidade do papa, bem como a sua superioridade à própria Igreja e ao Concílio. Apesar da sua autoridade ser espiritual e não temporal, por via da sua natureza suprema, afirma que o Papa detém o poder máximo na terra, equivalendo à sua capacidade para coroar ou até destronar reis.
A Igreja deveria regressar aos seus princípios mais perfeitos, e estes são os estabelecidos por S. Tomás.
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PIERRE CHARRON
Charron nasceu em Paris em 1541 e faleceu em 1603. Amigo de Montaigne, nele buscou a sua inspiração.
Afirma três verdades substanciais:
- Há um único Deus;
- Há uma só religião verdadeira – a cristã;
- A única Igreja válida e verdadeira é a Católica.
A alma é corpórea, embora invisível e não sujeita à corrupção.
Só Deus pode atingir a verdade, só ele é Verdade. O homem, atentas as suas naturais limitações nunca a atingirá, e caso a atingisse, nunca poderia asseverar tal qualidade, estando assim votado a viver num estado de dúvida permanente – cepticismo.
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Afirma três verdades substanciais:
- Há um único Deus;
- Há uma só religião verdadeira – a cristã;
- A única Igreja válida e verdadeira é a Católica.
A alma é corpórea, embora invisível e não sujeita à corrupção.
Só Deus pode atingir a verdade, só ele é Verdade. O homem, atentas as suas naturais limitações nunca a atingirá, e caso a atingisse, nunca poderia asseverar tal qualidade, estando assim votado a viver num estado de dúvida permanente – cepticismo.
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JOÃO BODIN
Bodin nasceu em 1530, tendo sido jurista em Paris.
Defende que a monarquia é o melhor dos governos, já que o rei cultiva a piedade, a justiça e a fé, contrariamente ao tirano, que não conhece Deus, fé ou lei.
Tal como Thomas More elogia a tolerância religiosa.
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CALVINO
João Calvino nasceu em 1509 e faleceu em 1564.
Com a obra Instituição da Religião Cristã, prática e pedagógica, tem a firme intenção de preparar os fiéis.
Entre outros, dedica-se ao estudo de Deus, do homem, do Decálogo, do Credo, Padre-Nosso, fé, e penitência.
Considera que o livre arbítrio deve ser auxiliado pela graça divina.
Cada um deve carregar a sua cruz, conformando-se com a vocação que Deus lhe transmitiu.
Reformador, entende o retorno às fontes, como dirigido ao Antigo Testamento. Aliás, é de todo impossível compreender o Novo, em especial os Evangelhos, sem que se recorra ao Antigo Testamento.
O homem nada é no confronto com Deus, que é omnipotência e insondabilidade.
Deus decidiu desde sempre que homens haveria de destinar à salvação e os que destinaria à perdição, o que se fica a dever a um juízo imperscrutável e incompreensível, apesar de justo – predestinação – doutrina dos eleitos ou dos santos-vivos.
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Com a obra Instituição da Religião Cristã, prática e pedagógica, tem a firme intenção de preparar os fiéis.
Entre outros, dedica-se ao estudo de Deus, do homem, do Decálogo, do Credo, Padre-Nosso, fé, e penitência.
Considera que o livre arbítrio deve ser auxiliado pela graça divina.
Cada um deve carregar a sua cruz, conformando-se com a vocação que Deus lhe transmitiu.
Reformador, entende o retorno às fontes, como dirigido ao Antigo Testamento. Aliás, é de todo impossível compreender o Novo, em especial os Evangelhos, sem que se recorra ao Antigo Testamento.
O homem nada é no confronto com Deus, que é omnipotência e insondabilidade.
Deus decidiu desde sempre que homens haveria de destinar à salvação e os que destinaria à perdição, o que se fica a dever a um juízo imperscrutável e incompreensível, apesar de justo – predestinação – doutrina dos eleitos ou dos santos-vivos.
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LUTERO
Martinho Lutero nasceu no ano de 1483 e faleceu em 1546. É o mais acérrimo defensor da renovação ou reforma do cristianismo, mediante o regresso às suas fontes, à pureza do cristianismo primitivo.
Baseando-se nos Evangelhos, põe em causa as tradições da Igreja. Só o retorno à palavra de Cristo é válido, e assevera tal como S. Paulo que o justo viverá pela sua fé. Viver pela fé, implica negar a justificação desta pela razão, “que é a mais encarniçada e pestífera inimiga de Deus”.
Pela fé, o homem abandona-se integralmente à vontade divina, renunciando a toda a investigação. Compreende-se deste modo, que o único filósofo que não foi alvo dos seus violentos ataques tenha sido Guilherme de Occam – que a exclui da investigação filosófica por irracionalidade –, e que curiosamente denominou sofistas a todos, desde Aristóteles a S. Tomás de Aquino.
Reduziu os sacramentos a três, por apenas terem estes sido instituídos por Cristo: baptismo, penitência e eucaristia.
Com o De Servo Arbitrio, respondeu ao De Libero Arbitrio de Erasmo, defendendo o contra-senso de ser simultaneamente admitida a liberdade divina e a humana. Tudo o que acontece é porque Deus assim o quer, fruto da sua presciência e predeterminação. Quer o bem quer o mal, a salvação e a condenação, têm a sua origem em Deus. É pois, Deus, omnipotente e omnisciente que tudo ordena, tudo sendo produzido pela sua vontade, o que não deixa obviamente campo de acção ao livre arbítrio.
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Baseando-se nos Evangelhos, põe em causa as tradições da Igreja. Só o retorno à palavra de Cristo é válido, e assevera tal como S. Paulo que o justo viverá pela sua fé. Viver pela fé, implica negar a justificação desta pela razão, “que é a mais encarniçada e pestífera inimiga de Deus”.
Pela fé, o homem abandona-se integralmente à vontade divina, renunciando a toda a investigação. Compreende-se deste modo, que o único filósofo que não foi alvo dos seus violentos ataques tenha sido Guilherme de Occam – que a exclui da investigação filosófica por irracionalidade –, e que curiosamente denominou sofistas a todos, desde Aristóteles a S. Tomás de Aquino.
Reduziu os sacramentos a três, por apenas terem estes sido instituídos por Cristo: baptismo, penitência e eucaristia.
Com o De Servo Arbitrio, respondeu ao De Libero Arbitrio de Erasmo, defendendo o contra-senso de ser simultaneamente admitida a liberdade divina e a humana. Tudo o que acontece é porque Deus assim o quer, fruto da sua presciência e predeterminação. Quer o bem quer o mal, a salvação e a condenação, têm a sua origem em Deus. É pois, Deus, omnipotente e omnisciente que tudo ordena, tudo sendo produzido pela sua vontade, o que não deixa obviamente campo de acção ao livre arbítrio.
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FRANCISCO GUICIARDINI
Nasceu em 1482 e faleceu em 1540.
Na sua perspectiva é despicienda a excessiva preocupação de teólogos e filósofos com as coisas sobrenaturais. Estas não se vêem, são indemonstráveis, e sobre elas apenas se escrevem disparates que outra utilidade não têm para além de servir o lúgubre intento de cultivar o engenho, nada adiantando no caminho da verdade.
A sorte é a causa primordial dos acontecimentos e não a providência divina, que a existir, não nos é descortinável.
Os homens evitam pensar na morte, não obstante esta seja uma realidade que nos acompanha quotidianamente, de molde a que a vida não se transforme em algo insustentável.
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Na sua perspectiva é despicienda a excessiva preocupação de teólogos e filósofos com as coisas sobrenaturais. Estas não se vêem, são indemonstráveis, e sobre elas apenas se escrevem disparates que outra utilidade não têm para além de servir o lúgubre intento de cultivar o engenho, nada adiantando no caminho da verdade.
A sorte é a causa primordial dos acontecimentos e não a providência divina, que a existir, não nos é descortinável.
Os homens evitam pensar na morte, não obstante esta seja uma realidade que nos acompanha quotidianamente, de molde a que a vida não se transforme em algo insustentável.
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THOMAS MORE
Nasceu na cidade de Londres em 1480 e foi condenado à morte por decapitação, tendo sido executado no ano de 1535.
A sua obra Utopia, foi publicada em 1516 e é uma incitação à reforma da ordem social vigente em Inglaterra. Foram Platão e Tácito, respectivamente com A República e com A Germânia, quem mais influenciou More.
O conhecimento obtido pela razão, deve ser completado pela religião, já que aquela é de todo insuficiente para conduzir o homem na direcção da felicidade.
Há um Deus que criou o Universo, e que por todos é reconhecido, e venerado segundo as crenças de cada um. Para além do cristianismo, qualquer outra fé é admitida de bom grado, apenas sendo condenável a intolerância religiosa – cada homem pode crer no que bem entender, desde que não negue as doutrinas atinentes à imortalidade da alma e da providência divina.
A alma é imortal e Deus destinou-a à eterna felicidade, como prémio do comportamento nesta vida – está também sujeita ao castigo.
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A sua obra Utopia, foi publicada em 1516 e é uma incitação à reforma da ordem social vigente em Inglaterra. Foram Platão e Tácito, respectivamente com A República e com A Germânia, quem mais influenciou More.
O conhecimento obtido pela razão, deve ser completado pela religião, já que aquela é de todo insuficiente para conduzir o homem na direcção da felicidade.
Há um Deus que criou o Universo, e que por todos é reconhecido, e venerado segundo as crenças de cada um. Para além do cristianismo, qualquer outra fé é admitida de bom grado, apenas sendo condenável a intolerância religiosa – cada homem pode crer no que bem entender, desde que não negue as doutrinas atinentes à imortalidade da alma e da providência divina.
A alma é imortal e Deus destinou-a à eterna felicidade, como prémio do comportamento nesta vida – está também sujeita ao castigo.
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JOSÉ MARIA ALVES
MAQUIAVEL
Maquiavel nasceu em 1469 e faleceu em 1527.
Autor do Príncipe e da Arte da Guerra, foi a primeira obra que mais o celebrizou. Escreveu ainda os Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio.
Preconiza em política o regresso às origens. O mesmo no que à religião respeita. Julga que religião cristã estaria votada ao seu completo desaparecimento caso não se tivesse operado o regresso às origens, quer pela doutrinação e exemplo de S. Francisco de Assis quer pela de S. Domingos – fundadores das ordens mendicantes –, que pela efectiva imitação de Cristo lhe imprimiram uma energia que se havia dissipado como nefasta consequência de maus costumes e vergonhosa opulência.
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Autor do Príncipe e da Arte da Guerra, foi a primeira obra que mais o celebrizou. Escreveu ainda os Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio.
Preconiza em política o regresso às origens. O mesmo no que à religião respeita. Julga que religião cristã estaria votada ao seu completo desaparecimento caso não se tivesse operado o regresso às origens, quer pela doutrinação e exemplo de S. Francisco de Assis quer pela de S. Domingos – fundadores das ordens mendicantes –, que pela efectiva imitação de Cristo lhe imprimiram uma energia que se havia dissipado como nefasta consequência de maus costumes e vergonhosa opulência.
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ERASMO
Erasmo nasceu em Roterdão no ano de 1466. Em 1492 foi ordenado padre. Senhor de um espírito extraordinariamente livre, não aceitou durante toda a sua vida quaisquer cargos, nem apoiou Lutero quando a Reforma foi desencadeada – mas também a não condenou.
O Elogio da Loucura é a sua obra mais conhecida. Com ela, critica de modo algo divertido, as indulgências, a devoção exterior ou formal, sem correspondência real e interior. A Loucura, diz que Cristo prometeu a herança do Pai, não a frades, a rezas, à abstinência, mas aos que praticam a caridade e que desconhece os que se vangloriam das suas obras, considerando-as tão meritórias que querem parecer mais santos do que ele mesmo.
A verdadeira religiosidade é a fé e a caridade. As suas críticas e condenações atingem não só a Igreja quanto o próprio papa. Afirma que das cerimónias nascem as dissensões e da caridade a paz.
Preconiza a renovação do cristianismo, mediante o regresso às suas fontes, à pureza do cristianismo primitivo.
A sua doutrina é a da Reforma. No entanto, no que respeita ao livre arbítrio, não se conformou com a tese de Lutero – que afirmava estar a vontade humana intimamente dependente de Deus – publicando como resposta o De Libero Arbitrio.
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PICO DELA MIRÂNDOLA
João Pico pertencia à família dos condes de Mirândola, tendo nascido no ano de 1463. Estudou em diversas universidades italianas. Em 1484 instala-se em Florença. Frequentou com Lourenço de Médicis a academia de Ficino. Na sequência da publicação das suas teses, em 1846, é perseguido pela Cúria. Foge para Paris onde acaba por ser preso no ano de 1488. Ordenado terciário dominicano, em 1493, morre envenenado por um familiar no ano seguinte.
É de realçar a obra Novecentas Conclusões, cuja doutrina foi na quase totalidade declarada herética. As conclusões foram essencialmente extraídas dos pensadores que o antecederam, nomeadamente, gregos, latinos e árabes.
A sua especulação é dominada pelo interesse religioso. Considera que a teologia é a arma capaz de dar ao homem a paz santíssima, a paz celeste anunciada pelo cristianismo.
Pelo regresso a si mesmo, o ser humano obtém a beatitude terrena, enquanto que regressando a Deus, obterá a felicidade, a vida eterna e a paz suprema.
Condenou com veemência e com fortes argumentos a astrologia – atente-se que, ao mesmo tempo que Aristóteles, no mesmo lugar, nasceram muitos outros homens, que não possuíam quer a sua capacidade quer a sua propensão para a investigação filosófica.
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É de realçar a obra Novecentas Conclusões, cuja doutrina foi na quase totalidade declarada herética. As conclusões foram essencialmente extraídas dos pensadores que o antecederam, nomeadamente, gregos, latinos e árabes.
A sua especulação é dominada pelo interesse religioso. Considera que a teologia é a arma capaz de dar ao homem a paz santíssima, a paz celeste anunciada pelo cristianismo.
Pelo regresso a si mesmo, o ser humano obtém a beatitude terrena, enquanto que regressando a Deus, obterá a felicidade, a vida eterna e a paz suprema.
Condenou com veemência e com fortes argumentos a astrologia – atente-se que, ao mesmo tempo que Aristóteles, no mesmo lugar, nasceram muitos outros homens, que não possuíam quer a sua capacidade quer a sua propensão para a investigação filosófica.
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POMPONAZZI
Fundador da Escola dos Alexandristas, nasceu em Mântua no ano de 1462.
Ficou célebre o seu Tratado da Imortalidade da Alma. É uma obra polémica discutida durante dois séculos, já que punha em causa a imortalidade da alma, senão, numa visão cristã, ou seja, segundo a fé, ou pelo menos segundo a razão.
No seu entender, a alma humana não pode existir sem o corpo. A negação da sua imortalidade não conduz à abolição da vida moral – por inexistirem prémio ou castigo na outra vida, em função do mérito ou demérito das acções humanas –, porquanto quer a virtude quer o vício ou pecado têm o prémio ou castigo em si mesmos. Assim, não há virtude que não seja premiada, nem pecado que não sofra castigo.
Tem consciência de que muito poucos são os homens que agem como consequência de uma pura exigência moral, sem que tenham em mira um prémio de conduta. Por esse motivo, os fundadores das religiões criaram as ilusórias figuras do Céu ou Paraíso e do Inferno.
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Ficou célebre o seu Tratado da Imortalidade da Alma. É uma obra polémica discutida durante dois séculos, já que punha em causa a imortalidade da alma, senão, numa visão cristã, ou seja, segundo a fé, ou pelo menos segundo a razão.
No seu entender, a alma humana não pode existir sem o corpo. A negação da sua imortalidade não conduz à abolição da vida moral – por inexistirem prémio ou castigo na outra vida, em função do mérito ou demérito das acções humanas –, porquanto quer a virtude quer o vício ou pecado têm o prémio ou castigo em si mesmos. Assim, não há virtude que não seja premiada, nem pecado que não sofra castigo.
Tem consciência de que muito poucos são os homens que agem como consequência de uma pura exigência moral, sem que tenham em mira um prémio de conduta. Por esse motivo, os fundadores das religiões criaram as ilusórias figuras do Céu ou Paraíso e do Inferno.
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FICINO
Ficino nasceu no ano de 1433. Foi acometido por grave doença, buscando na filosofia o alívio dos seus males. No entanto, curou-se depois de ter feito uma promessa à Virgem Maria. A partir daí, a sua filosofia passou a estar ao serviço da religião. Assim, procurou exaustivamente conciliar e promover a união da filosofia com a religião.
No ano de 1462 fundou em Florença uma academia onde se traduziam e comentavam os textos platónicos. Um dos seus mais prestigiados ouvintes é Lourenço de Médicis. Foi ordenado no ano de 1473.
Mencionamos duas obras:
Da Religião Cristã – Acredita numa religião natural, existindo um Deus universal, que é venerado por todos, seja qual for a sua crença.
Teologia Platónica – Ficino julga que a filosofia verdadeira é a de Platão e não a de Aristóteles. Com ligeiras mudanças, os platónicos seriam cristãos.
Afirma a imortalidade da alma, sem separar filosofia e religião.
Entende com Nicolau de Cusa, que o homem deve ser apenas aquilo que é.
Na realidade, encontra cinco essências:
- o corpo;
- a qualidade;
- a alma;
- o anjo; e
- Deus.
Deus ama o mundo. O homem seria incapaz de amar Deus, se este o não amasse.
A alma, indestrutível, imortal, como essência mediana ou desce de Deus para o corpo ou ascende deste para Deus.
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No ano de 1462 fundou em Florença uma academia onde se traduziam e comentavam os textos platónicos. Um dos seus mais prestigiados ouvintes é Lourenço de Médicis. Foi ordenado no ano de 1473.
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Da Religião Cristã – Acredita numa religião natural, existindo um Deus universal, que é venerado por todos, seja qual for a sua crença.
Teologia Platónica – Ficino julga que a filosofia verdadeira é a de Platão e não a de Aristóteles. Com ligeiras mudanças, os platónicos seriam cristãos.
Afirma a imortalidade da alma, sem separar filosofia e religião.
Entende com Nicolau de Cusa, que o homem deve ser apenas aquilo que é.
Na realidade, encontra cinco essências:
- o corpo;
- a qualidade;
- a alma;
- o anjo; e
- Deus.
Deus ama o mundo. O homem seria incapaz de amar Deus, se este o não amasse.
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LOURENÇO VALLA
Nasceu na cidade de Roma no ano de 1407 e faleceu na mesma cidade em 1457.
O homem deve encarar a religião com a liberdade possível, perseguindo Deus sem os obstáculos decorrentes das limitações impostas pelo comunitarismo excessivamente rígido e regulamentado da vida monacal.
Coloca o prazer acima de tudo; ele é a finalidade da vida, e a virtude a escolha do que nos é agradável. Nesta sede, podemos orientar-nos pelos prazeres materiais ou divinos, por estes optando o cristão, mesmo com o risco dos terrenos o não assistirem. Aí, o verdadeiro cristão, não se deve insurgir contra Deus, com o falacioso argumento de que os justos são bastas vezes muito mais infelizes do que os iníquos, mas antes, em função da sua renúncia aos bens do mundo, aceitar com humildade e espírito de sacrifício a sua condição.
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O homem deve encarar a religião com a liberdade possível, perseguindo Deus sem os obstáculos decorrentes das limitações impostas pelo comunitarismo excessivamente rígido e regulamentado da vida monacal.
Coloca o prazer acima de tudo; ele é a finalidade da vida, e a virtude a escolha do que nos é agradável. Nesta sede, podemos orientar-nos pelos prazeres materiais ou divinos, por estes optando o cristão, mesmo com o risco dos terrenos o não assistirem. Aí, o verdadeiro cristão, não se deve insurgir contra Deus, com o falacioso argumento de que os justos são bastas vezes muito mais infelizes do que os iníquos, mas antes, em função da sua renúncia aos bens do mundo, aceitar com humildade e espírito de sacrifício a sua condição.
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LEONARDO BRUNI
Discípulo de Salutati, nasceu em 1374 e faleceu em 1444.
Julga que os filósofos da antiguidade mais não ensinaram que os filósofos da cristandade. Chegou mesmo, a identificar a doutrinação de Paulo – apóstolo por vocação – com a de Platão.
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COLUCCIO SALUTATI
Coluccio nasceu no ano de 1331 e faleceu em 1406.
Caso o homem se dedique única e exclusivamente à contemplação de Deus, deixará de ser verdadeiramente um homem, mais se parecendo com um ser inanimado, porquanto viverá ausente de compaixão. A vida activa, é assim, melhor opção do que a contemplativa.
A morte é uma mal natural, de nada valendo as consolações dos filósofos a tal respeito. E é um mal para quem morre, bem como para o círculo de familiares e amigos do falecido.
Não há mal maior do que aquele que conduz à perda do ser.
Se a alma sobreviver à morte, fica destruída a unidade do homem – corpo e alma –; tal facto, fazendo com que esta desapareça na sua integralidade, é um mal maior, agravado pela circunstância de impotência perante tal contingência.
O único remédio para a inevitabilidade da morte é a fé, que nos é concedida por Deus, e nos auxilia a enfrentá-la com a serenidade possível.
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A morte é uma mal natural, de nada valendo as consolações dos filósofos a tal respeito. E é um mal para quem morre, bem como para o círculo de familiares e amigos do falecido.
Não há mal maior do que aquele que conduz à perda do ser.
Se a alma sobreviver à morte, fica destruída a unidade do homem – corpo e alma –; tal facto, fazendo com que esta desapareça na sua integralidade, é um mal maior, agravado pela circunstância de impotência perante tal contingência.
O único remédio para a inevitabilidade da morte é a fé, que nos é concedida por Deus, e nos auxilia a enfrentá-la com a serenidade possível.
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PETRARCA
Petrarca nasceu no ano de 1304 e faleceu em 1374, dando voz ao humanismo renascentista.
A obra De Contemptu Mundi, é um diálogo entre Petrarca e Santo Agostinho. Para este, num verdadeiro processo de autoconhecimento, inexiste problema que não seja o seu próprio problema e além do mais, doutrina que não decorra de uma inquietação pessoal. O problema Agostinho, nesta perspectiva, é também o problema Petrarca.
Também seu, é o processo autobiográfico de Agostinho – foi sobremaneira influenciado pelas Confissões.
Afirma-se dividido pelas coisas do mundo e pelas da alma ou divinas. Desta inquietude nasceu algum pessimismo.
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A obra De Contemptu Mundi, é um diálogo entre Petrarca e Santo Agostinho. Para este, num verdadeiro processo de autoconhecimento, inexiste problema que não seja o seu próprio problema e além do mais, doutrina que não decorra de uma inquietação pessoal. O problema Agostinho, nesta perspectiva, é também o problema Petrarca.
Também seu, é o processo autobiográfico de Agostinho – foi sobremaneira influenciado pelas Confissões.
Afirma-se dividido pelas coisas do mundo e pelas da alma ou divinas. Desta inquietude nasceu algum pessimismo.
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DANTE ALIGHIERI
Dante anuncia o Renascimento, não obstante possamos configurar ainda a sua ligação à Idade Média.
A Divina Comédia é indubitavelmente uma obra de referência. Obra dividida em três partes, Inferno, Purgatório e Paraíso. A primeira é a que maior celebridade atingiu. A Divina Comédia constitui-se quase como uma enciclopédia, sintetizando num estilo excelente os conhecimentos da época.
Entende que a Igreja necessita de profunda remodelação, com o regresso à doutrinação de S. Domingos e de S. Francisco de Assis.
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A Divina Comédia é indubitavelmente uma obra de referência. Obra dividida em três partes, Inferno, Purgatório e Paraíso. A primeira é a que maior celebridade atingiu. A Divina Comédia constitui-se quase como uma enciclopédia, sintetizando num estilo excelente os conhecimentos da época.
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MESTRE ECKHART
Nascido em 1260 é o fundador da mística alemã – investigação da possibilidade de ascese do homem em direcção a Deus.
Dominicano, tentou justificar a fé em si mesma, por contraposição aos últimos escolásticos.
O Livro da Consolação Divina é a obra principal e mais conhecida do Mestre, que instiga o homem no intuito de o libertar de todo o sofrimento e a voltar-se única e exclusivamente para Deus, lembrando-nos Santa Teresa de Ávila:
Dominicano, tentou justificar a fé em si mesma, por contraposição aos últimos escolásticos.
O Livro da Consolação Divina é a obra principal e mais conhecida do Mestre, que instiga o homem no intuito de o libertar de todo o sofrimento e a voltar-se única e exclusivamente para Deus, lembrando-nos Santa Teresa de Ávila:
Nada te inquiete,
nada te assuste;
pois tudo passa,
Deus nunca muda.
A paciência alcança tudo.
Quem Deus possui
nada lhe falta.
Só Deus nos basta.
Deus é o Ser, o inominável, que nasce no homem pela fé, tornando-se este por tal via, seu filho. A visão de Deus é atingida quando nos vemos a nós próprios e a todas as coisas como nada, quando morremos para nós e para o mundo. Dessa “negação”, nasce Deus no ser humano.
O mundo é eterno e foi criado por Deus, ao mesmo tempo que o Verbo.
Existe uma identidade indiscritível entre o homem que atinge a santidade e Deus.
As criaturas são um puro nada, porque não têm ser, já que este depende da presença do divino nelas.
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nada te assuste;
pois tudo passa,
Deus nunca muda.
A paciência alcança tudo.
Quem Deus possui
nada lhe falta.
Só Deus nos basta.
Deus é o Ser, o inominável, que nasce no homem pela fé, tornando-se este por tal via, seu filho. A visão de Deus é atingida quando nos vemos a nós próprios e a todas as coisas como nada, quando morremos para nós e para o mundo. Dessa “negação”, nasce Deus no ser humano.
O mundo é eterno e foi criado por Deus, ao mesmo tempo que o Verbo.
Existe uma identidade indiscritível entre o homem que atinge a santidade e Deus.
As criaturas são um puro nada, porque não têm ser, já que este depende da presença do divino nelas.
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NICOLAU DE ORESME
Bispo de Lisieux, faleceu em 1382.
Na obra Tratado do Céu e do Mundo expôs a sua doutrina cosmológica. Foi indubitavelmente um dos percursores de Nicolau Copérnico ao negar a existência do centro fixo do Universo.
Julga que não se pode afirmar o movimento diurno dos céus em detrimento do da Terra, mas antes pelo contrário.
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Na obra Tratado do Céu e do Mundo expôs a sua doutrina cosmológica. Foi indubitavelmente um dos percursores de Nicolau Copérnico ao negar a existência do centro fixo do Universo.
Julga que não se pode afirmar o movimento diurno dos céus em detrimento do da Terra, mas antes pelo contrário.
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JOÃO BURIDAN
Foi Reitor da Universidade de Paris.
Afrontou a física aristotélica – v.g. movimento dos projécteis, teoria do impetus –, chegando a afirmar que o movimento dos astros poderia ser causa de um ímpeto provocado por Deus; esse movimento não cessaria ou diminuiria como consequência de forças opostas.
A figura de Buridan está intimamente conexionada ao exemplo do burro, que colocado entre dois fardos de feno, não se decide, quer por um quer pelo outro, acabando por morrer de fome.
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Afrontou a física aristotélica – v.g. movimento dos projécteis, teoria do impetus –, chegando a afirmar que o movimento dos astros poderia ser causa de um ímpeto provocado por Deus; esse movimento não cessaria ou diminuiria como consequência de forças opostas.
A figura de Buridan está intimamente conexionada ao exemplo do burro, que colocado entre dois fardos de feno, não se decide, quer por um quer pelo outro, acabando por morrer de fome.
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JOÃO DE MIRECOURT
Para João, é Deus a causa directa do pecado. O homem peca voluntariamente com o Seu assentimento.
A alma pode salvar-se, mesmo que o ser humano não tenha enveredado por uma vida caritativa, e a tenha inclusivamente pautado por sentimentos negativos e pecaminosos, tal como o ódio.
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A alma pode salvar-se, mesmo que o ser humano não tenha enveredado por uma vida caritativa, e a tenha inclusivamente pautado por sentimentos negativos e pecaminosos, tal como o ódio.
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ROGÉRIO BACON
A Bacon chamaram o “Doctor mirabilis”. Frade franciscano, teólogo, alquimista e místico, pode ser considerado um percursor da ciência moderna, não obstante tenha vivido no século XIII. Tinha a paixão das ciências. Julgou a lógica inútil e considerou ser a matemática a única fonte de certeza não revelada.
A obra Opus Tertium dá continuidade à Opus Majus e à Opus Minus, incidindo sobre as ciências naturais e a ética.
Será interessante anotar que Bacon preconiza a aplicação dos resultados obtidos pelo experimentalismo às Sagradas Escrituras.
Julga que é pela experiência que o conhecimento pode atingir o possível. E esta, tanto pode incidir sobre as coisas externas, como ser de natureza interna. A primeira estrutura-se nos sentidos, enquanto que a segunda deriva da iluminação divina, derivando respectivamente de uma e de outra, a verdade natural e a sobrenatural.
A sua investigação – tendo em vista a experiência externa – incidiu sobre a astronomia, a matemática, a história natural, a óptica e a gramática.
A investigação interna corresponde à via do misticismo, que engloba sete graus:
- o da iluminação científica;
- o das virtudes;
- o dos dons do Espírito Santo;
- o das bem-aventuranças;
- o dos sentidos espirituais;
- o da paz de Deus; e
- o do êxtase.
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A obra Opus Tertium dá continuidade à Opus Majus e à Opus Minus, incidindo sobre as ciências naturais e a ética.
Será interessante anotar que Bacon preconiza a aplicação dos resultados obtidos pelo experimentalismo às Sagradas Escrituras.
Julga que é pela experiência que o conhecimento pode atingir o possível. E esta, tanto pode incidir sobre as coisas externas, como ser de natureza interna. A primeira estrutura-se nos sentidos, enquanto que a segunda deriva da iluminação divina, derivando respectivamente de uma e de outra, a verdade natural e a sobrenatural.
A sua investigação – tendo em vista a experiência externa – incidiu sobre a astronomia, a matemática, a história natural, a óptica e a gramática.
A investigação interna corresponde à via do misticismo, que engloba sete graus:
- o da iluminação científica;
- o das virtudes;
- o dos dons do Espírito Santo;
- o das bem-aventuranças;
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S. BOAVENTURA
Da ordem franciscana, nasceu em 1221 e faleceu em 1274. Foi um místico. Foi influenciado por Santo Anselmo, tendo feito “renascer” o argumento ontológico demonstrativo da existência de Deus.
Num regresso a Santo Agostinho, não tem por Aristóteles a admiração de muitos outros filósofos desta época, que o consideravam o filósofo por excelência ou o detentor da verdade possível.
Para S. Boaventura, a fé é superior à ciência. Pela fé atinge-se a verdade, enquanto que a ciência se limita a aniquilar a dúvida.
A alma que se conhece a si mesma, conhece Deus, sem que haja auxílio ou intervenção dos sentidos.
Deus é a origem de tudo, realizando a criação a partir do nada.
O mundo foi criado e como tal não é eterno – não pode ser eterno o que é, depois de não ter sido.
Se o mundo fosse eterno, as almas humanas seriam infinitas, o que repugna à razão.
A alma, criação de Deus, entidade que anima o corpo – doutrina platónica –, é substância espiritual distinta deste, e como tal não está sujeita à corrupção e é imortal, tendo por fim último alcançar a beatitude no seio do Ser supremo.
O êxtase é a união do homem com o seu criador, estado em que participa da sua essência.
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Num regresso a Santo Agostinho, não tem por Aristóteles a admiração de muitos outros filósofos desta época, que o consideravam o filósofo por excelência ou o detentor da verdade possível.
Para S. Boaventura, a fé é superior à ciência. Pela fé atinge-se a verdade, enquanto que a ciência se limita a aniquilar a dúvida.
A alma que se conhece a si mesma, conhece Deus, sem que haja auxílio ou intervenção dos sentidos.
Deus é a origem de tudo, realizando a criação a partir do nada.
O mundo foi criado e como tal não é eterno – não pode ser eterno o que é, depois de não ter sido.
Se o mundo fosse eterno, as almas humanas seriam infinitas, o que repugna à razão.
A alma, criação de Deus, entidade que anima o corpo – doutrina platónica –, é substância espiritual distinta deste, e como tal não está sujeita à corrupção e é imortal, tendo por fim último alcançar a beatitude no seio do Ser supremo.
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PEDRO LOMBARDO
Nasceu em Lumello, perto de Novara. Foi bispo de Paris (1140) e terá falecido em 1160.
É célebre por via das suas Sentenças. Constituídas por quatro livros, foram durante a Idade Média – até à sua substituição pela Suma Teológica de S. Tomás de Aquino – obra obrigatória de estudo, que teve inúmeros comentários, alguns, de filósofos famosos – v.g. do próprio S. Tomás.
Entre outros, trata da criação, do mistério da Trindade, dos sacramentos.
O homem conhece Deus a partir da Sua criação.
O que é impermanente tem de ter a sua causa no que é permanente.
Deus é omnipotente, podendo assim ter criado um mundo melhor do que o criado.
A alma é colocada directamente por Deus no ser humano.
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É célebre por via das suas Sentenças. Constituídas por quatro livros, foram durante a Idade Média – até à sua substituição pela Suma Teológica de S. Tomás de Aquino – obra obrigatória de estudo, que teve inúmeros comentários, alguns, de filósofos famosos – v.g. do próprio S. Tomás.
Entre outros, trata da criação, do mistério da Trindade, dos sacramentos.
O homem conhece Deus a partir da Sua criação.
O que é impermanente tem de ter a sua causa no que é permanente.
Deus é omnipotente, podendo assim ter criado um mundo melhor do que o criado.
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