Era um revolucionista
Limpava candeeiros a gás;
Marchava que enchia a vista
C’os companheiros, o rapaz!
Diz: «Vou revolucionar!»
E de boné revoltoso
P’ra banda esquerda a tombar,
Até se julga perigoso.
Mas a revoltosa gente
Mete pela rua de trás,
Onde ele, pacatamente,
Limpava os candeeiros a gás.
Às lanternas deitam mão,
No pavimento enterradas;
Querem arrancá-las do chão
P’ra construir barricadas.
E o nosso revolucionista
Grita: «Eu sou o lavador
Desta luz que é nossa vista
Não ma tirem, por favor!
Se lhe cortarem o gás,
Não vê nada o bom burguês.
Por favor, voltem atrás! –
senão, não vou com vocês!»
Mas os revoluças riram,
E o lavador foi-se embora;
Os candeeiros a gás caíram –
Ele, desespera e chora.
Ficou em casa a escrever
Um livro em que diz como é
Que se revolve a valer
Deixando os candeeiros de pé.
Tradução de João Barrento
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