Com lírios nas mãos de neve,
Subi ao último andar.
A haver farda, era tão leve
Que fui subindo a cantar!
E fui subindo, subindo...
Só parei no patamar.
Abri portas e janelas
Para poder respirar.
Tudo o que se via delas
Tinha a cor do meu olhar.
Da varanda me inclinei,
Para medir-lhe o tamanho.
Ai! dos vassalos de El-Rei
Aos quais El-Rei fica estranho!
Lá do alto, cá em baixo, o rio
Transformara-se em regato.
Reparei que, debruçadas,
Sobre o seu leito vazio,
Faias, apontando espadas,
Lhe exigiam um retrato.
Soprou, de súbito, o vento!
Varreu a noite a direito,
Rindo... Que risada fria!
Entanto o solar, ao vento,
Erecto, fazendo peito,
Resistia, resistia...
Mas, das brechas do telhado,
Água, sôfrega, escorrera.
E o torreão do solar
- Ameias de pedra ou cera?
Era um pássaro assustado
Sem asas para voar!
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